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Cientistas acham DNA "lixo" que determina evolução do câncer

30 out 2015 - 16h54
(atualizado em 31/10/2015 às 16h17)
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Considerados até pouco tempo atrás como DNA "lixo" por não ter uma função concreta, 98% do material genético humano determina a aparição e a evolução de um câncer, explicaram nesta sexta-feira cientistas reunidos em Barcelona para analisar o papel desempenhado pela epigenética nos casos de câncer.

O responsável pelo laboratório de câncer do Centro de Regulação Genômica (CRG) de Barcelona, Luciano Di Croce, explicou em entrevista coletiva que esta descoberta é "só o princípio de uma revolução" que afetará os tratamentos personalizados de câncer.

Embora não codifique proteínas, este material pode incidir na regulação dos genes próximos e também absorver as mudanças no genoma, por isso será mais fácil saber de qual tratamento as pessoas com câncer precisam de acordo com suas características, segundo Di Croce.

O pesquisador lembrou que, até agora, o tratamento a ser seguido por um paciente era escolhido levando em conta os 2% do genoma considerados úteis porque codificam proteínas, e isso "levou a muitos fracassos". Ele afirmou que se forem considerados os 98% restantes, a análise dos casos pode ser "muito mais exata", e o tratamento mais eficaz. Além disso, será possível "reduzir o impacto psicológico" e os "efeitos colaterais" sobre o corpo por receber um tratamento que não se ajusta exatamente a suas características.

Di Croce afirmou que os médicos estão no começo do processo de "levar esta descoberta à prática" e lembrou que está sendo feito um "esforço global" por parte de laboratórios de todo o mundo para avançar nesta questão; "é preciso estudar esses 98%, não se pode ignorá-los", reiterou.

O biólogo, que investiga os mecanismos epigenéticos envolvidos na diferenciação das células-tronco e no câncer, disse que a utilidade de 98% do genoma ficou à margem das pesquisas durante tanto tempo por culpa da visão tradicional e "dogmática" da expressão dos genes.

O cientista considera fundamental estudar a epigenética, não só para avançar no conhecimento do câncer, mas também em outras patologias, desde a esquizofrenia até a Síndrome de Rett.

EFE   
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