Caso Juliana Marins: médica revela quantos dias o ser humano sobrevive sem água e comida
Especialista explica que politraumas exigem muito mais do corpo
A morte de Juliana Marins, publicitária brasileira, de 26 anos, que sofreu um acidente durante uma trilha pelo Parque Nacional que abriga o Monte Rinjani, na Indonésia, em uma região remota e de difícil acesso próximo a um vulcão, levanta questões urgentes sobre os limites da sobrevivência humana diante de condições extremas — e, sobretudo, sobre o papel crítico da rapidez no resgate quando há risco de vida envolvido.
A Dra. Patrícia Almeida, médica do Hospital Albert Einstein, explica quanto tempo o ser humano pode sobreviver sem água ou comida e destaca que, no caso de Juliana, foi ainda mais grave, pois provavelmente ela estava com o corpo potencialmente politraumatizado pela queda, exposto, sem nenhum tipo de suporte básico ou avançado de vida, em um ambiente hostil.
"Em condições ideais — repouso, ambiente ameno, sem estresse fisiológico — um adulto saudável pode resistir até cerca de 3 a 5 dias sem água e até 30 a 40 dias sem comida. Mas essas estimativas não se aplicam a uma pessoa ferida, com possíveis fraturas, sangramentos ou inflamações internas, como pode ter sido o caso de Juliana", explica.
A especialista diz que o trauma físico gera uma intensa resposta inflamatória no organismo, que aumenta significativamente o gasto energético e hídrico. "Em outras palavras: o corpo precisa de muito mais para sobreviver quando está tentando reagir a lesões. Sem hidratação, sem acesso a fluidos intravenosos, sem controle da dor, sem estabilização de fraturas ou contenção de sangramentos, essa sobrevida se encurta para horas ou, no máximo, poucos dias".
O ponto central: ausência de suporte à vida
Dra Paula destaca que Juliana não ficou apenas sem alimento ou água. "Ela estava completamente desassistida. Não havia qualquer tipo de suporte vital: sem oxigênio, sem soro, sem analgesia, sem contenção de possíveis hemorragias, sem abrigo adequado, sem medidas de reanimação ou aquecimento. Nada. Em uma situação de politrauma — como uma queda em terreno irregular pode causar — essa ausência de assistência faz com que cada minuto conte", diz.
A médica conta ainda que mesmo que ela tenha estado consciente em algum momento, como foi sugerido por vídeos gravados por drones, isso não exclui a possibilidade de lesões internas importantes. "Como fraturas com sangramento retroperitoneal, trauma torácico, lesões abdominais ou mesmo comprometimento da perfusão de órgãos vitais. Todos esses quadros exigem avaliação médica e, muitas vezes, intervenção imediata", completa.