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Câncer de próstata que não é fatal deve mudar de nome?

4 fev 2025 - 06h45
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Resumo
O câncer de próstata de Grau Grupo 1 é comum, geralmente não letal e requer vigilância ativa.
Câncer de próstata que não é fatal deve mudar de nome?:

O câncer de próstata é razoavelmente comum em homens, sendo que aproximadamente um em cada seis será diagnosticado com a doença em algum momento da vida. Mas esses cânceres geralmente não são fatais. 

“A maioria dos homens recém-diagnosticados tem câncer de próstata de Grau Grupo 1 (GG1), que pode permanecer por anos sem causar danos significativos. O câncer de próstata é categorizado de acordo com o quão longe ele se espalhou e quão agressivo ele parece sob o microscópio. O câncer de próstata GG1 puro é a forma menos arriscada da doença. Ele ocorre frequentemente com a idade, não metastatiza para outras partes do corpo e não requer nenhum tratamento imediato. Quando tratado, suas taxas de cura são de 99%”, explica Ramon Andrade de Mello, oncologista de São Paulo, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Cancerologia, Pós-Doutor clínico no Royal Marsden NHS Foundation Trust (Inglaterra) e pesquisador honorário da Universidade de Oxford (Inglaterra). 

Por ser mais ‘brando’, há um debate na comunidade médica de que o certo seria mudar o nome da doença, ao invés de chamar de ‘câncer’. Mas isso realmente faz sentido? Segundo o vice-presidente da Sociedade Brasileira de Cancerologia, não. 

“Eu concordo que aqueles tumores de próstata de baixo risco normalmente não ameaçam a vida dos pacientes. No entanto, você dizer que não deveria ser chamado de câncer é um pouco complicado. Eles também precisam ser acompanhados bem de perto e com cuidado. Além disso, se delimitarmos que apenas o tumor de alto risco deva ser chamado de câncer, aumentamos ainda mais o estigma sobre essa palavra”, explica o médico.

Muitos médicos defendem mudar a nomenclatura por conta do estigma da palavra ‘câncer’ que leva muitos homens a quadros de ansiedade. 

“O câncer GG1 é tipicamente revelado pelo rastreamento de PSA. O objetivo do rastreamento é encontrar um câncer de próstata mais agressivo enquanto ele ainda é curável, mas esses esforços frequentemente detectam o câncer GG1 incidentalmente”, diz o médico. 

“O debate não gira em torno de abandonar a doença, mas de tratá-la com vigilância ativa. Com essa prática padrão, os médicos monitoram a doença com exames periódicos de PSA, biópsias e exames de imagem, e tratam a doença somente se ela mostrar sinais de progressão”, explica o especialista. 

“Mas mesmo enquanto grupos médicos trabalham para promover vigilância ativa, muitos homens com câncer de próstata de baixo risco são tratados imediatamente por insistência dos pacientes, que sofrem um impacto emocional muito forte com o diagnóstico de câncer”, pontua o oncologista de São Paulo.

O médico explica que uma consequência é o tratamento excessivo generalizado, com dezenas de milhares de homens sofrendo desnecessariamente efeitos colaterais de cirurgia ou radiação todos os anos. “No entanto, é fundamental que o médico eduque o paciente da necessidade ou não do tratamento. Isso é mais prudente”, explica o oncologista.

Médicos, principalmente dos Estados Unidos, propuseram que esse câncer fosse chamado de neoplasia acinar, que é um crescimento anormal, mas não letal, no tecido. “Mas isso pode ter um efeito ruim, pois pode fazer com que os pacientes abandonem a vigilância ativa se não forem informados de que têm câncer”, comenta o especialista. 

“E monitorar a condição com vigilância ativa é crucial. Além disso, homens com um forte histórico familiar de câncer, ou mutações genéticas como BRCA1 e BRCA2 que os colocam em maior risco de doença agressiva, devem ser acompanhados mais de perto”, finaliza Ramon Andrade de Mello.

(*) Homework inspira transformação no mundo do trabalho, nos negócios, na sociedade. É criação da Compasso, agência de conteúdo e conexão.

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