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Canabidiol não é panaceia, diz ministro da Saúde

Anvisa encerrou na semana passada consulta pública sobre regulamentação do plantio da maconha para uso medicinal

29 ago 2019 - 20h59
(atualizado às 23h35)
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BRASÍLIA - O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, afirmou nesta quinta-feira, 29, que o canabidiol - substância derivada da maconha - deve ser considerado como medicamento e o registro do produto, indicado apenas para situações específicas. "Vamos dar uma panaceia? Para ser usado para tudo?", completou. Ele também se mostrou contrário ao uso de THC (componente da Cannabis, planta da maconha) em medicamentos, embora já exista no País registro de um remédio traz o princípio ativo na fórmula.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) encerrou semana passada uma consulta pública sobre a regulamentação do plantio da maconha voltada à produção de medicamentos e a pesquisas. O Ministério da Saúde encaminhou parecer para a agência contrário ao plantio para essas duas situações.

Mandetta afirmou ter consultado integrantes do Conselho Federal de Farmácia, o Conselho Federal de Medicina, Sociedade Brasileira de Neurologia Infantil e a Sociedade Brasileira de Psiquiatria. Os relatos reunidos, contou, indicam que medicamentos produzidos a partir dos canabinoides são úteis para pacientes que apresentam crises convulsivas constantes, que não podem ser tratados com medicamentos hoje disponíveis no mercado.

Semana passada, o ministro já havia afirmado ser contrário ao plantio. Ele argumenta que, como o universo de pacientes que fariam uso do produto é muito limitado, o medicamento poderia ter um preço muito elevado. O cultivo para a pesquisa também seria desnecessário. Grupos interessados em estudar o canabidiol podem continuar a importar o produto, avaliou.

Mandetta defendeu que, para consumo no País, bastaria importar o canabidiol - o extrato da planta ou sintético. Defesa semelhante já havia sido pelo ministro da Cidadania, Osmar Terra. Mandetta ressaltou, no entanto, que a Anvisa tem autonomia para fazer a resolução . "A Anvisa é um órgão independente. A gente está aguardando uma equidistância. A posição do Ministério da Saúde é científica".

Para o ministro, o uso do termo "medicinal" poderia induzir pessoas a acharem que derivados da maconha fazem bem. E emendou ser contrário à liberação da maconha, do ponto de vista da saúde."Porque seria mais uma droga psicoativa, mais um componente de saúde mental", completou.

Terra fez ao longo do último mês declarações incisivas contra a proposta da Anvisa com regras para o plantio da maconha para uso medicinal e para pesquisas. Em julho, chegou a dizer que, se isso fosse concretizado, o melhor seria "fechar" a agência e que seria o primeiro passo para a legalização da maconha.

Estadão
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