Blefaroplastia em alta: entenda o procedimento na área dos olhos
Procedimento mudou muito nos últimos anos e deve ser personalizado às necessidades do paciente
A blefaroplastia é o procedimento cirúrgico mais realizado no Brasil e nos EUA, visando rejuvenescer a área periorbital, remover o excesso de pele e bolsas de gordura nas pálpebras.
A comunicação não é somente oral: as expressões também informam muita coisa. E nesse contexto, para o bem ou para o mal, os olhos comunicam muito sem que haja necessidade de dizer uma palavra. Eles nos ajudam a desenvolver relacionamentos significativos, revelando nossas verdadeiras emoções e sentimentos. Por outro lado, porém, eles também podem revelar nosso nível de estresse e quão bem (ou mal) dormimos na noite anterior. Pode ser por isso que a blefaroplastia, também conhecida como lifting de pálpebras, é o procedimento cirúrgico mais realizado no Brasil e nos EUA, segundo a Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética (ISAPS). Em 2022, foram 201.396 procedimentos realizados no Brasil, 104.214 nos EUA e um total de 1.409.103 no mundo, à frente da abdominoplastia e rinoplastia, por exemplo.
“Indicada para fins estéticos e também funcionais, visto que a flacidez excessiva das pálpebras pode atrapalhar a visão de algumas pessoas, a cirurgia de blefaroplastia tem como objetivo rejuvenescer a área periorbital através da retirada do excesso de pele e bolsas de gordura presentes nas pálpebras superiores e inferiores, com a possibilidade do reposicionamento dessas estruturas ou preenchimento de sulcos na região quando o médico julgar necessário”, explica Paolo Rubez, cirurgião plástico formado pela Unifesp e membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica.
A cirurgiã plástica Beatriz Lassance, membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, ressalta que muitos pacientes dizem que seus olhos os fazem parecer cansados ou envelhecidos.
“Com a idade, a composição da pele se altera. O colágeno e fibras elásticas mudam de qualidade e quantidade, a pele fica mais fina e menos elástica, como um elástico que estica, mas não volta ao seu estado inicial. Isso ocorre com a pele de modo geral. A pele das pálpebras é extremamente fina e perdendo a espessura e elasticidade fica com aspecto de sobra da pele. Sob a pele, existem outras estruturas, músculos muito finos, e um depósito de gordura que serve para acomodar o globo ocular. Essa gordura é contida por uma membrana que também perde sua qualidade e acaba herniando, saindo um pouco do lugar, são as bolsas palpebrais. A pálpebra superior além da alteração da pele, da protrusão das bolsas, pode ser piorada pela queda do supercílio. Erro muito comum em blefaroplastia é retirar o excesso de pele sem levar em consideração a posição das sobrancelhas. O ar de triste e cansado que a sobra de pele gera não melhora se a causa for a queda da sobrancelha”, explica a médica cirurgiã plástica.
Dessa forma, uma blefaroplastia de qualidade pode realizar muito mais do que simplesmente levantar os olhos. Ela também pode remover o excesso de pele, reduzir a aparência de inchaço sob os olhos e, em alguns casos, até mesmo melhorar a visão anteriormente prejudicada.
Beatriz explica que a blefaroplastia mudou muito nos últimos anos. “A simples retirada de pele e gordura se mostrou ao longo dos anos ser responsável por olhos encovados e arredondados. Hoje em dia temos uma conduta mais conservadora, ao invés de retirar volume, reposicionamos os tecidos. O diagnóstico é muito importante. O aspecto cansado e triste pode ser devido à queda do supercílio associado à protrusão de bolsas palpebrais e sobra de pele. Se todas essas estruturas não forem tratadas em conjunto, não ficará bom. Em pacientes jovens, uma retirada de pele simples pode ser suficiente. Nas pálpebras inferiores, pode haver flacidez dos ligamentos e músculos além da protrusão das bolsas. Novamente, todas as estruturas devem ser tratadas em conjunto”, explica a médica.
Como toda a cirurgia, deve ser feita em ambiente de centro cirúrgico bem equipado e com segurança para o paciente. “Feita sob anestesia local com sedação ou geral, a cirurgia, que dura entre uma e duas horas, também pode ser realizada em conjunto ao lifting do terço superior da face, quando o excesso de tecido nas pálpebras é causado também pela queda dos supercílios”, explica Paolo Rubez.
Normalmente, o paciente sai do hospital no mesmo dia. De acordo com Paolo, a recuperação do procedimento é tranquila e indolor, sendo que nos primeiros dias após a cirurgia o paciente pode apresentar inchaço e hematomas no local, sintomas que se resolvem dentro de algumas semanas e podem ser aliviados com a ajuda de repouso e compressas frias sobre os olhos.
Porém, Paolo Rubez ressalta que a cirurgia de blefaroplastia não deve ser confundida com a cirurgia de ptose palpebral, uma condição pouco conhecida e subdiagnosticada, que confere à abertura dos olhos um tamanho abaixo do ideal, que é de cerca de 9 milímetros. E a maioria das pessoas imagina erroneamente que a cirurgia para a correção da ptose é a blefaroplastia.
“Enquanto a blefaroplastia tem como objetivo remover o excesso de pele e gordura palpebral que surge devido ao processo de envelhecimento, a cirurgia de correção de ptose palpebral serve para tratar a condição caracterizada pelo mau posicionamento das pálpebras superiores, o que resulta na diminuição da abertura dos olhos”, diz o médico.
As cirurgias até podem ser realizadas de forma conjunta, mas apenas quando o paciente, além de ptose palpebral, também sofre com excesso de pele nas pálpebras e excesso de bolsas de gordura. “Porém, é importante ressaltar que, antes de optar por qualquer um dos procedimentos citados acima, é fundamental que você converse com um médico, pois, para o olhar leigo, é muito fácil confundir a flacidez com o mau posicionamento das pálpebras e apenas o profissional especializado poderá dar o diagnóstico correto e indicar o melhor tratamento para o seu caso”, finaliza o cirurgião plástico.
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