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Projeto voltado a jovens busca melhorar comportamentos por meio da saúde

Programa Adolescente Saudável foca em comunidades vulneráveis, já realizou atividades no Maranhão e está em curso na cidade de São Paulo

6 dez 2019 - 12h14
(atualizado às 12h17)
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Pesquisadores estimam que 70% das mortes prematuras em adultos são causadas, em grande parte, por comportamentos iniciados na adolescência. Doenças crônicas não transmissíveis, como diabete, câncer, problemas respiratórios e cardíacos, predominam nesse cenário. Diante disso, o Programa Adolescente Saudável (PAS), que visa crianças e jovens de 10 a 24 anos de idade, busca melhorar comportamentos e eliminar aqueles de risco por meio do conhecimento sobre saúde.

O projeto foca em comunidades que apresentam alta vulnerabilidade social. No Brasil desde 2010, já passou por cinco municípios no Estado do Maranhão e desde o ano passado está em curso na cidade de São Paulo. Na capital, as atividades são desenvolvidas no Grajaú e no Capão Redondo.

"A essência do programa é treinar jovens educadores sobre assuntos de saúde e depois tê-los falando a outros jovens, porque eles são mais convincentes, mais próximos, é mais fácil para eles transmitir as mensagens a seus pares", diz Marc Dunoyer, diretor financeiro da AstraZeneca, farmacêutica responsável pela idealização do projeto.

Por meio de rodas de conversas, atividades educativas e produção de uma websérie, por exemplo, os participantes do projeto discutem assuntos que envolvem uso de drogas e álcool, tabagismo, gravidez na adolescência, alimentação saudável e igualdade de gênero. Presente em mais de 25 países, o programa é adaptado de acordo com a realidade de cada região.

Assista abaixo ao primeiro vídeo da série Saúde no Rolê, produzida pelos jovens multiplicadores do Capão Redondo e Grajaú.

Em território brasileiro, a execução fica por conta da parceria com a Plan International Brasil, ONG que defende os direitos das crianças, adolescentes e jovens com foco na promoção de igualdade de gênero. Na semana passada, em entrevista exclusiva ao E+, Dunoyer compartilhou duas novidades do projeto. A primeira é que a AstraZeneca firmou uma parceria com o governo do Estado de São Paulo a fim de levar a metodologia para o maior número possível de municípios.

O acordo é a junção de duas forças, porque enquanto a empresa detém o 'como fazer', o setor público é capaz de expandir a proposta, que encontra semelhança no Prospera, iniciativa da Secretaria de Desenvolvimento Social do Estado que apoia jovens entre o 9º ano do Ensino Fundamental ao 3º ano do Ensino Médio da rede pública estadual.

"Isso é exatamente o que, há muitos anos, nós pensamos que pudesse acontecer. A condição foi que precisávamos fazer funcionar primeiro, para mostrar às pessoas e depois continuar. Nós queríamos mostrar que poderia ser bem sucedido em muitos países diferentes, de muitos jeitos diferentes, e sustentar o sucesso por muitos anos", afirma o diretor financeiro.

A segunda novidade é que foi aprovada uma extensão do projeto, globalmente, por mais cinco anos, até 2025. Com isso, a meta da farmacêutica é alcançar cinco milhões de jovens, um número ambicioso porque, em quase dez anos, o PAS impactou pouco mais de três milhões.

Dunoyer assume o posto de diretor executivo do PAS não tanto pela questão técnica, mas por uma identificação pessoal com o projeto. Ele conta que se sentiu atraído pela inteligência social com a qual o programa foi concebido.

"Porém, mais importante que isso, eu tive uma vida privilegiada e senti que essa seria uma boa oportunidade para eu fazer um pouco mais do que o normal e retribuir à sociedade com esse programa. Então, quando perguntaram quem queria tomar conta dele, eu levantei minha mão e tenho trabalhado nele há seis anos."

Programa Adolescente Saudável pelo mundo

O projeto já alcançou milhares de pessoas, direta ou indiretamente, em mais de 25 países nos seis continentes. Em sete nações, a Plan International é parceira para entrar em contato com o jovens, uma vez que a ONG tem uma melhor compreensão também das diferentes comunidades.

Em cada cidade, o programa é desenhado para atender às necessidades locais. Na Índia, por exemplo, a desigualdade de gênero é uma questão mais problemática do que na Indonésia, onde o vício em tabaco é mais expressivo. Os temas fazem parte das abordagens do PAS e, para cada local, os assuntos recebem maior destaque do que outras abordagens.

As atividades são desenvolvidas sem atrapalhar a rotina dos jovens. "[Tentamos] encontrar o melhor momento e lugar sem interferir muito na vida dos adolescentes e isso se torna parte de suas interações, está no ambiente deles, pode ser uma atividade escolar... Há muitas formas de comunicar o que queremos sem interferir muito na vida normal deles", diz Dunoyer.

O diretor conta que, no Brasil, as vulnerabilidades são sentidas mais fortemente do que em muitos outros países. Na cidade de São Paulo, ele ressalta a alta de homicídios entre a população jovem. "Falar de hábitos deteriorantes está reduzindo a taxa de homicídios? Talvez não diretamente, mas com certeza o fato de você recomendar contra o uso de drogas pode ajudar", afirma.

Para ele, combater a evasão escolar por meio da ação dos multiplicadores do PAS é outra alternativa nesse cenário. "Tem, claramente, uma relação entre sair do sistema escolar e estar envolvido em tráfico de drogas ou algo assim. Nós não podemos resolver todos os problemas, mas nós tentamos indiretamente", afirma o diretor.

Resultados além da saúde

Ao falar de saúde e prevenção, o objetivo também é que os jovens possam tomar melhores decisões em outras áreas da vida. O treinamento pelo qual passam permite o desenvolvimento de habilidades que vão colaborar nesse sentido. Confiança e segurança para falar em público são competências que servirão, por exemplo, na hora de buscar um emprego ou mesmo nos relacionamentos sociais.

Dunoyer diz que os jovens são extremamente comunicadores, quase como um dom. Embora haja o treinamento, eles mesmos são ativos, desenvolvem os próprios meios de levar a mensagem adiante e adaptam a comunicação para falar com seus pares.

Em alguns casos, os adolescentes se envolvem no tema muito além do PAS e buscam atuar profissionalmente com atividades semelhantes. Com isso, também servem de inspiração para aqueles que os escutam.

Futuro do PAS

Com a extensão do projeto até 2025, o porta-voz do programa vê a possibilidade de criar mais parcerias com governos e organizações que compartilham a mesma filosofia da iniciativa. "Uma das grandes intenções desse programa é ajudar com prevenção, e ajudar com prevenção é o alvo de todos os governos ao redor do mundo", diz o diretor financeiro.

"A expectativa é continuar fazendo um bom trabalho em mais países. Depois de dez anos de existência com relativo sucesso, nós podemos agora, com mais confiança, falar sobre isso lá fora e nós temos essa oportunidade aqui em são Paulo, com o governo de São Paulo", resume Dunoyer.

Estadão
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