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Uso excessivo de telas piora saúde mental de usuário, diz estudo

Educadores sugerem a determinação do tempo de tela de acordo com a idade

8 mar 2024 - 06h00
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Aula na Escola Lourenço Castanho
Aula na Escola Lourenço Castanho
Foto: Divulgação

O uso excessivo de telas está relacionado a uma piora da saúde mental de seus usuários, independentemente da idade, constatou tese defendida no Programa de Pós-graduação em Medicina Molecular da Faculdade de Medicina da UFMG. A utilização dos dispositivos como distração para as crianças, enquanto os pais buscam realizar suas tarefas, contribui para o aumento nas horas de uso, também constatou a pesquisa. 

Educadores sugerem a determinação do tempo de tela de acordo com a idade e a busca por atividades que propiciem mais possibilidades de socialização. Para a pedagoga Karla Lacerda, diretora do Colégio Progresso Bilíngue Santos, a tecnologia não deve ser vista como a “vilã” do uso excessivo de telas pelas crianças (celulares, tablets e TVs), mas como uma ferramenta de aprendizado. 

“É sempre importante entendermos que a tecnologia faz parte do nosso cotidiano e não é a vilã da história. Precisamos aprender a lidar com ela e utilizá-la da melhor forma possível para o nosso desenvolvimento individual e social e dos nossos filhos”, defende ela.

As crianças também usam as telas para se comunicar com os colegas, pesquisar e aprender outros conhecimentos. Seja qual for o objetivo, os pais devem acompanhar esse uso, acrescenta Karla. 

“Elas acabam se comunicando com colegas no presencial e através dos jogos e redes sociais. Mas, para além da quantidade, a qualidade dessa exposição é bastante importante que os pais olhem também.”

Tudo tem limite

Quando o limite é ultrapassado, Karla reconhece que o desenvolvimento socioemocional e físico das crianças é prejudicado. 

“Há aspectos cognitivos que podem ser afetados pela excessividade do uso das telas. Estamos falando de distúrbios de aprendizagem, aumento da impulsividade e diminuição de habilidades físicas, quando a criança fica muito tempo parada na mesma posição. E o traquejo social delas também vai ficando reduzido, porque não existe troca de experiência com outras crianças”, assinala.

Para evitar que as crianças usem demais os dispositivos móveis, a educadora parental Stella Azulay, fundadora da Juntos Educação, defende a construção de vínculos emocionais desde cedo. 

“Conectar-se com o filho é a única forma de os pais realmente estabelecerem bom diálogo e influência positiva. Essa conexão transforma a relação da família numa relação saudável, baseada em comunicação efetiva”, diz. 

Como alternativa às telas, as atividades físicas são importantes. Esportes, caminhada e jogos de tabuleiro são alternativas lúdicas para as crianças. Uma delas é onde um dos pais organiza uma ‘caça ao tesouro’, escondendo uma relíquia familiar (álbum de fotos ou algum item que pertenceu aos antepassados). Quando ela é encontrada, os pais contam a história desse objeto. 

“A grande estratégia para tirar as crianças das telas é algo que envolva a família toda, para que se construam novas relações”, afirma.

Nesse sentido, o livro caixinha “Conte sua história para seu filho”, de Stella, traz 100 cartas com cada uma contendo uma pergunta sobre uma passagem da vida dos pais na infância, adolescência e juventude, que pode ser usado pelos pais para reforçar os laços com os filhos. 

“Dividir histórias pessoais tem um grande impacto nas mensagens de vida para as crianças”, disse a autora. 

Os pais precisam dar o exemplo

Para que as crianças fiquem menos tempo nas telas, Karla reforça que os pais precisam dar o exemplo. 

“Se os pais voltam cansados do trabalho e têm meia ou uma hora para ficar com os filhos, que ela seja com total atenção. Não adianta pedir para o filho sair das redes sociais se um dos pais também não se desliga delas. Eles também precisam se libertar da rotina de uso do celular”, diz ela. 

Na sala de aula

A diretora pedagógica da Escola Lourenço Castanho e doutora e mestre em pedagogia do Movimento pela Universidade de São Paulo – USP, Fabia Antunes, afirma que os dispositivos tecnológicos são um excelente recurso para otimizar momentos de ensino-aprendizagem, desde que haja planejamento pedagógico. Ela explica, porém, que o uso individual do celular na sala de aula é proibido na Lourenço Castanho.

“Entendemos que esses equipamentos realmente potencializam, em alguns momentos, a aprendizagem. Mas ensinamos e mostramos às crianças e aos adolescentes como fazer o uso adequado”, afirma Fábia. 

Ela lembra que a escola trabalha com os estudantes o conceito de cidadania digital. 

“Nessas aulas planejadas pelos professores e orientadores, falamos inclusive sobre a importância do que os alunos compartilham e sobre os impactos do uso excessivo das telas".

(*) HOMEWORK inspira transformação no mundo do trabalho, nos negócios, na sociedade. É criação da Compasso, agência de conteúdo e conexão.

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