Dia Nacional da Prevenção da Obesidade: doença deve aumentar em 46,2% entre as mulheres no Brasil até 2030
Estudos indicam aumento expressivo da obesidade no país, e especialista alerta para o impacto do estilo de vida moderno e o perigo da automedicação sem acompanhamento
A obesidade é um alerta de um problema que avança de forma silenciosa no país e no mundo. Segundo dados do Atlas Mundial da Obesidade 2025, realizado pela Federação Mundial da Obesidade, quase 31% dos adultos brasileiros vivem com obesidade neste ano. As projeções indicam que, até 2030, a doença aumentará 46,2% entre as mulheres e 33,4% entre os homens.
Primeiramente, para a Dra. Elaine Dias JK, PhD em Endocrinologia pela USP e metabologista, a obesidade é uma das maiores preocupações globais em congressos médicos. "Ela deixou de ser um problema estético há muito tempo. Estamos falando de uma doença crônica, multifatorial e complexa, que precisa ser tratada com responsabilidade e acompanhamento profissional. Não há receitas milagrosas, e sim estratégias baseadas em ciência", explica a médica.
Cuidado com o uso indiscriminado de medicamentos
A especialista ainda reforça a preocupação com o uso indiscriminado de medicamentos para emagrecimento, especialmente as versões sem regulamentação da Anvisa. "Há produtos sendo vendidos com promessas rápidas, sem estudos ou controle de qualidade. Isso pode causar sérios danos ao metabolismo e à saúde. Automedicação não é tratamento", adverte.
De acordo com o Vigitel 2023, levantamento mais recente do Ministério da Saúde, 21,9% dos adultos nas capitais brasileiras vivem com obesidade e 60,9% estão acima do peso. Porém, o impacto não é apenas clínico: o excesso de peso já representa um custo estimado de R$ 22 bilhões por ano ao sistema público de saúde, segundo dados do Instituto de Estudos para Políticas de Saúde (IEPS).
Obesidade entre jovens
Além disso, o problema também cresce entre jovens. Relatório do Unicef, publicado em setembro de 2025, aponta que a obesidade entre crianças e adolescentes em idade escolar mais do que triplicou nas últimas duas décadas, passando de 3% para 9,4% desde o ano 2000. Pela primeira vez, o índice supera o da desnutrição global. "Genética, ansiedade e compulsão alimentar estão entre os principais gatilhos para o acúmulo de gordura. Por isso, o foco deve ser na saúde integral, e não apenas no peso da balança", ressalta a dra. Elaine.
A médica explica que a obesidade está ligada a uma série de doenças crônicas, como diabetes tipo 2, hipertensão, doenças cardiovasculares e até alguns tipos de câncer. Dessa forma, para identificar o tipo e o grau da obesidade, a médica recomenda avaliações mais completas, que vão além do cálculo do IMC. "É importante incluir a medição da circunferência abdominal, a densitometria corporal e a bioimpedância. São exames que permitem entender melhor a composição corporal e o risco real do paciente", diz.
Saiba como prevenir a obesidade
Ademais, a médica especialista em emagrecimento saudável aponta que alguns hábitos são fundamentais para melhorar a saúde de modo geral e, consequentemente, prevenir a obesidade.
"Uma dica para saber se os alimentos que estão sendo ingeridos são ideais ou não é ter em mente a importância do descascar mais e desembalar menos. Comer o máximo possível de opções não industrializadas, preferir as que sejam frescas e naturais, evitando, principalmente, as ultraprocessadas e ricas em gorduras trans. Esses alimentos levam à inflamação do nosso corpo, piorando o hormônio do estresse, que é um dos principais impulsionadores da compulsão que leva ao sobrepeso e à obesidade, impactando em todo o metabolismo. Isso, em pessoas que possuem comorbidades, como diabetes, hipertensão, entre outras, provoca agravamento e eleva os riscos de consequências muito sérias", ressalta a Dra. Elaine.
Por fim, ela reforça que algumas práticas precisam ser entrar no dia a dia, independentemente da idade, da atividade profissional e de ter alguma patologia. Três dicas infalíveis, são:
- Criar um ambiente saudável em casa e no trabalho: evitar o que é chamado de ambiente obesogênico. Assim, caso haja algum episódio de compulsão, se a pessoa tiver acesso somente a alimentos magros, automaticamente irá comê-los no lugar de opções prejudiciais à saúde;
- Alimentação rica em fibras: elas são grandes aliadas na sensação de saciedade, além de ajudarem a diminuir os níveis de açúcar no organismo;
- Básico bem-feito: água para hidratação do corpo, arroz com feijão, ovo, frutas, verduras e legumes são essenciais e acessíveis a todos.
*Texto de Gabrielle Cosendei, da Infato Comunicação