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Queijo artesanal premiado mudou história de casal que trocou indústria por fazenda em MG

A Queijaria Velho Pitta, em Itamonte (MG), transformou o sonho de uma vida tranquila no campo em produtos premiados em Minas e exterior

1 nov 2025 - 04h59
(atualizado às 07h16)
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Resumo
Um casal mineiro transformou sua vida ao abandonar a indústria para produzir queijos artesanais na fazenda Velho Pitta, em Itamonte (MG), conquistando reconhecimento com mais de 30 prêmios nacionais e internacionais por seus produtos de alta qualidade.
Bianca Lamenha e o marido, Gustavo Pitta, são os donos da queijaria em Itamonte (MG)
Bianca Lamenha e o marido, Gustavo Pitta, são os donos da queijaria em Itamonte (MG)
Foto: Marcela Ferreira/Terra

No curral da fazenda Velho Pitta, em Itamonte, no sul de Minas Gerais, as vacas se alinham calmamente, cada uma em seu lugar, como se soubessem de cor a rotina. “Elas saem, cada uma vai para o seu coxo certinho. Elas já estão acostumadas”, conta Bianca Lamenha, dona da queijaria.

Mais do que números, cada vaca ali tem um nome. “Nosso gado é certificado pelo IMA, livre de tuberculose e brucelose. Com isso, a gente tem que ter o brinco com o número delas. E, como eu não gosto de chamar as vacas pelo número, o IMA briga comigo. Fala assim: ‘Bianca, não pode dar nome’. Eu falei: ‘Não, mas aqui tudo tem nome'’’, ela diz, rindo.

A queijaria Velho Pitta nasceu de um desejo antigo do pai de Gustavo Pitta, que dá nome ao local
A queijaria Velho Pitta nasceu de um desejo antigo do pai de Gustavo Pitta, que dá nome ao local
Foto: Marcela Ferreira/Terra

A rotina começa cedo, às cinco da manhã, com a primeira ordenha. À tarde, o trabalho recomeça. São 46 animais, sendo 27 vacas leiteiras que produzem, em média, de 25 a 28 litros de leite por dia. "Hoje a gente está com 370 litros; só que, no tanque para a queijaria, vão 320, porque a gente alimenta os bezerros com leite até quatro meses de idade”, explica Bianca.

A produção é totalmente artesanal, feita com leite cru e seguindo as normas do Selo Queijo Artesanal (SQA), concedido pelo Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA). “Uma das exigências para obter o Selo Queijo Artesanal é que a propriedade seja livre de tuberculose e brucelose. Isso permite você vender para todo o território nacional.”

As vacas recebem tratamentos especiais na hora da ordenha, que acontece duas vezes por dia
As vacas recebem tratamentos especiais na hora da ordenha, que acontece duas vezes por dia
Foto: Marcela Ferreira/Terra

Bianca explica que o Queijo Mantiqueira de Minas --denominação que surgiu em 2019 após estudos da Epamig, Emater e IMA-- é resultado do solo, da água e da altitude da região: “Esse estudo foi feito por meio de solo, água, análises técnicas, e foi constatado que esses 11 municípios da Mantiqueira de Minas poderiam produzir esse tipo de queijo. Aqui são 1.600 metros de altitude, então isso também já diferencia.”

A junção dessas características é chamada por especialistas de ‘terroir’, termo francês que significa ‘território’ e descreve o conjunto único de fatores naturais e humanos que influenciam as características de um produto, como vinhos, carnes e, claro, queijos.

Queijos artesanais da Mantiqueira de Minas são produzidos em pequena escala
Queijos artesanais da Mantiqueira de Minas são produzidos em pequena escala
Foto: Marcela Ferreira/Terra

O queijo da Velho Pitta é conhecido pelo sabor mais suave e adocicado. “O nosso queijo não é ácido, ele é adocicado até. É um queijo de massa firme, massa cozida, bem parecido com o modo de fazer do parmesão”, detalha. A diferença é sentida também na maturação: “Quanto mais você matura, ele muda o sabor. Se você pegar o meu queijo fresco e o meu queijo mais maturado, eu fiz do mesmo jeito. Só que um maturou e o outro não. Você vai ver que são queijos completamente diferentes.”

Casal deixou indústria para fazer queijos

Mas a história da fazenda vai além da técnica. Bianca e o marido, Gustavo Pitta, deixaram o trabalho em Furnas Centrais Elétricas para recomeçar a vida no campo. O nome da propriedade é uma homenagem ao pai de Gustavo, veterinário do Exército que sonhava em viver longe da cidade. “Quando o Gustavo se aposentou, ele falou: ‘Vou realizar o sonho do meu pai’. E comprou a propriedade e deu o nome Velho Pitta. Porque era como ele chamava o pai”, conta Bianca.

A frase de Bianca Lamenha decora o local onde os queijos são produzidos
A frase de Bianca Lamenha decora o local onde os queijos são produzidos
Foto: Marcela Ferreira/Terra

A trajetória até os queijos foi marcada por tentativas e recomeços. “Ele tentou fruta, mas ficou na mão do atravessador e acabou desistindo. Depois fomos para o carneiro, só que um dia a gente chegou do Rio e os carneiros estavam saindo para abate. Eu chorava e ele também, porque o carneiro chorava. Aí a gente falou: não é isso que a gente quer”, lembra. 

Foi quando decidiram mudar o rumo. “No dia seguinte, vendemos todos os carneiros. Aí, eu falei: ‘Vamos para o leite, porque leite a gente não vai matar’. A gente não queria nem porco nem galinha, porque não temos coragem de matar nenhum animal."

Queijos premiados

Queijos da queijaria Velho Pitta são maturados em sala especial
Queijos da queijaria Velho Pitta são maturados em sala especial
Foto: Marcela Ferreira/Terra

A escolha deu certo. Hoje, o queijo Velho Pitta soma mais de 30 prêmios nacionais e internacionais. “Recebemos dois prêmios em Cunha, dois no Chile e um Super Ouro no Peru. E ganhamos o estadual de Minas Gerais com o queijo Ametista em primeiro lugar”, conta, orgulhosa.

Apesar do sucesso, a produção ainda é pequena e familiar. Bianca faz questão de manter o controle de perto --e até leva pessoalmente os queijos para clientes no Rio de Janeiro. “Eu levo em média por mês quase 200 quilos de queijo só para particular”, diz.

A fazenda Velho Pitta ainda recebe visitantes para um brunch com queijos e vinhos, e em breve oferecerá um luau com direito a fogueira ao ar livre.

Queijos têm nomes de pedras preciosas e já foram premiados no Brasil e no exterior
Queijos têm nomes de pedras preciosas e já foram premiados no Brasil e no exterior
Foto: Marcela Ferreira/Terra

A dedicação é o segredo da casa. “Eu acho que é fazer com amor e com qualidade. Se preocupando com o consumidor, com os nossos colaboradores”, resume Bianca, que hoje se divide entre a queijaria, os cuidados com o rebanho e o sonho de fortalecer a tradição do Queijo Artesanal Mantiqueira de Minas.

*A repórter viajou para Itamonte e São Tomé das Letras a convite da Secretaria de Cultura e Turismo (Secult) do Governo do Estado de Minas Gerais.

Fonte: Portal Terra
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