Hoje é Pessach, data judaica com pratos muito diferentes
Hoje os judeus celebram Pessach, que em hebraico significa "passagem". A data é comemorada para lembrar a passagem dos judeus da escravidão para a liberdade. O antigo povo hebreu era escravo no Egito e, liderado por Moisés, fugiu e seguiu pelo deserto em direção à terra prometida. A certa altura Moisés percebeu que a escravidão não estava apenas nas correntes e no trabalho forçado, mas sim na alma. Então Moisés decidiu que ficaria andando em círculos pelo deserto até que a geração inteira morresse e nascesse uma nova, de alma livre. O Pessach é a celebração simbólica desta passagem de libertação da alma.
» Chrein de raiz-forte com beterraba
» Bolo de maçã do último dia do Pessach
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De acordo com Cecilia Ben David, coordenadora pedagógica do Centro da Cultura Judaica de São Paulo, o Pessach deste ano começa na noite do dia 29 de março e termina no dia 6 de abril. Nas duas primeiras noites, a família se reúne no jantar chamado Sêder. A cerimônia se baseia na leitura do Hagadá, que conta a história da fuga do Egito e cita os passos que devem ser seguidos na refeição.
Os judeus não se alimentam de nada fermentado e deixam de lado alguns grãos durante o Pessach. "Quando os hebreus saíram do Egito, não tiveram tempo de deixar o pão fermentar. Misturaram farinha e água e colocaram para secar ao sol. Comemos matzá (feito de farinha e água) para lembrar a saída do Egito", disse. "Os cinco grãos que não se devem comer são trigo, cevada, espelta, centeio e aveia, porque têm levedo. O livro de leis judaicas diz que a levedura representa o impulso maldoso do coração", diz Ben David.
Em um momento do Sêder, todos lembram as dez pragas lançadas aos egípcios por não libertarem os hebreus. A cada praga mencionada, molha-se o dedo mindinho no vinho e pinga-se o líquido no prato. Vale dizer que até mesmo essa bebida não é fermentada como tradicionalmente, mas cozida. Na mesa, os judeus colocam uma bandeja, a keará, com seis alimentos, repletos de significados. Entenda o motivo de cada um deles:
1) Ovo: Deve ser cozido até ficar duro. Representa o sacrifício do animal levado ao templo;
2) Pescoço de frango: Representa a passagem de quando Deus mandou sacrificar um animal e passar o seu sangue nas portas das casas de judeus para que o anjo da morte não matasse seus primogênitos (uma das pragas lançadas aos egípcios);
3) Raiz-forte: Lembra a amargura da escravidão ao qual o povo judeu foi submetido por tempos, até a libertação liderada por Moisés;
4) Batata cozida molhada em água e sal: Faz referência à comida pobre que os hebreus tinham no Egito e, a água com sal, às lágrimas da escravidão;
5) Alface romana: Reforça a ideia de vida amarga;
6) Pasta de nozes com maçã, amêndoas e vinho: A mistura fica com cor semelhante à de barro, que era utilizado pelos hebreus para fazer os tijolos das pirâmides.