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'Não preciso de redes sociais para pagar minhas contas', diz Raquel Motta, do meme '3 reais'

Em entrevista para o 'E+', a artesã desabafou sobre os processos que está movendo contra cem empresas

20 fev 2020 - 16h16
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A participação de Raquel Motta no programa 'É de Casa' deu origem a um meme com a frase '3 reais'
A participação de Raquel Motta no programa 'É de Casa' deu origem a um meme com a frase '3 reais'
Foto: Rede Globo / Reprodução / Estadão

A artesã Raquel Motta, que protagonizou um meme com a frase "3 reais", anunciou que irá processar cem empresas que teriam usado sua imagem sem a autorização. Os valores de indenização chegam a R$ 8.900.000.

O meme surgiu em janeiro de 2019 quando Raquel apareceu no programa É de Casa, da Rede Globo, no qual falou sobre carteiras artesanais. Quando a apresentadora Ana Furtado perguntou quanto havia sido gasto para produzir os produtos, a resposta, "3 reais", foi repetida diversas vezes pelas duas, gerando piadas na internet.

Raquel ficou famosa em pouco tempo, e passou a aparecer em diversos anúncios publicitários. O problema, segundo ela, é que empresas começaram a usar a imagem dela no Instagram, junto com o novo bordão, sem fazer nenhum acordo ou pedir autorização. "Eu estava muito assustada, pois cada dia chegavam mais empresas, um dia eu vi minha imagem ligada a um motel", diz ela em entrevista para o E+.

Ela destaca que, além, das cenas do programa, as empresas passaram também a usar imagens do seu perfil pessoal, fazendo montagens com elas, tudo sem autorização da artesã.

Para Raquel, o valor das indenizações é o menos importante: "minha preocupação maior é tirar essas imagens, principalmente ligadas a empresas em que eu não queria estar".

Essa é a notinha(que não existe de verdade) mais é famosa no Brasil, posso dizer assim, pois em todo canto ela é conhecida e as pessoas lembram logo do meme dos R$ 3,00, representa um número tão simples, singelo chama a atenção de pessoas e Marcas faz 1ano. : Ela tem marcado a minha vida de maneira positiva e abusiva também. : Frases e insinuações como: "quem é você na fila do pão, vai receber quando a Marca quiser e não como consta no Contrato; não temos proposta de Acordo; estão usando a imagem da Raquel à torto e à direita na internet e vocês não fazem nada e então eu usei pra minha Marca também" : Heim? Como? : Até onde vai o limite da ética pra se ganhar dinheiro, sobretudo na internet? : O que está acontecendo comigo, penso eu, é o reflexo da falta de união entre os produtores de conteúdos digitais. : Algumas Marcas tratam, quem se submete, com falta de respeito pois entendem que ser Influenciador digital não é profissão, não existe um sindicato ou uma associação que de fato lute e proteja os direitos dessa classe, até onde eu sei, e muitos acham que é só glamour .....mas são 8, 12 horas gravando cansativamente para sair um vídeo publicitário de 30 segundos. É trabalho e deveria ter Registro sim! : Pra quem achava que eu sou uma pobre artesã corrija-se e RESPEITE as artesãs pq nós sustentamos famílias com a nossa criatividade. : Além de artesã, com muito orgulho, , eu sou pedagoga, produtora cultural e consultora de projetos culturais e sociais e conheço os meus Direitos. : Então esse #tbt de hoje é só mais uma desabafo pois uma batalhão de gente está me enviando novas provas contra mais Marcas desse tamanho abuso que vem sendo praticado comigo. : Que isso sirva de exemplo para que as pessoas estudem, entendam seus direitos e se profissionalizem para não serem tratadas como "carne barata" nesse cruel mercado comercial brasileiro. : Parabéns e obrigada à todas as Marcas que fizeram e fazem Parceria e assinaram contrato comigo. Empresas que dialogaram, tiveram empatia e chegamos à formatos justos para todos os lados. : #naovaiterinjustica #justica #revoltada #3reais

Uma publicação compartilhada por Raquel Motta "3REAIX" Oficial (@raquelmotta3reaix) em

Ao entrar em contato com uma marca, ela chegou a ouvir que "várias marcas estão usando a minha imagem sem autorização, isso ocorria há meses e a pessoa disse se sentir no direito de usar também". Foi após essa interação que ela decidiu entrar com os processos.

"Por que uma pessoa pode pegar minha imagem no Instagram e usar forçosamente na rede social para divulgar? É muito absurdo. Eu estou me sentindo muito mal, tem empresas que tão me mandando mensagens horrorosas, tem pessoas mandando mensagens dizendo coisas absurdas", relata Raquel, destacando que tem sofrido preconceitos de classe social, de raça, de gênero.

"Há um uso descontrolado de imagens dos outros, sem autorização, em especial de memes. Isso tem que ser regularizado, está uma bagunça", observa Raquel, "o problema é a falta de diálogo, de respeito, de empatia".

"Muita gente está me chamando de oportunista, dizendo que quero aparecer. Elas não fazem ideia do que estão falando, eu não preciso de redes sociais para pagar minhas contas, eu tenho meu trabalho. Imagina alguém da sua família passando por essa situação, se coloca no meu lugar", lamenta ela.

Atualmente, já foram movidos 58 processos, e nas próximas semanas as outras 42 empresas devem ser processadas também. "Não subestimem a capacidade de defesa de uma mulher", conclui Raquel.

*Estagiário sob supervisão de Charlise Morais

Estadão
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