Medicamento em fase de teste pode reduzir colesterol ruim em até 60%
O remédio, combinado a outras intervenções, promete controlar o colesterol LDL em pacientes que não respondem aos tratamentos tradicionais
O controle do colesterol LDL, considerado o ruim, é uma das principais formas de prevenir doenças cardiovasculares, que causam cerca de 30% dos óbitos no Brasil. Em alguns casos, contudo, os tratamentos tradicionais, como as estatinas, não são suficientes para reduzir essa gordura. Mas um novo remédio, ainda em fase de testes, pode ajudar a proteger a saúde desses pacientes.
Intervenção experimental promete combater o colesterol
Divulgado durante as Sessões Científicas da Associação Americana do Coração, o medicamento utiliza anticorpos para inibir a ação do PCSK9. Dessa forma, estimula a eliminação do colesterol diretamente da corrente sanguínea. Os remédios habituais, por outro lado, bloqueiam uma enzima no fígado, induzindo o órgão a expulsar a gordura.
De acordo os pesquisadores da Escola de Medicina da Universidade Duke, o novo método se destaca por, além de proporcionar uma alterativa para muitos pacientes, elevar a eficácia dos tratamentos ao combiná-los. Essa possibilidade foi descoberta após testes com 2.912 adultos, com idade média de 63 anos. Os voluntários, que já enfrentaram doenças cardíacas, apresentavam níveis elevados de LDL mesmo depois de consumirem estatinas por 30 dias.
Eles passaram a recorrer, então, a uma pílula diária de enlicitide. Após 24 semanas, os pacientes apresentaram uma redução de até 60% no colesterol ruim. Além disso, o tratamento diminuiu em 50% a ApoB, uma proteína que auxilia no transporte de gordura. Esses efeitos, conforme apontou o estudo, se mantiveram ao longo de 52 semanas.
Por isso, os estudiosos acreditam que nova intervenção, quando disponível para uso clínico, pode evitar diagnósticos como acidente vascular cerebral (AVC), ataque cardíaco e derrames. A MSD, farmacêutica responsável pelo remédio, planeja conseguir a aprovação da Food and Drug Administration (FDA), a agência reguladora dos Estados Unidos, já no próximo ano.
"Este medicamento oral tem tudo para ser mais um poderoso complemento aos tratamentos que temos atualmente para reduzir o colesterol LDL e, com sorte, prevenir eventos cardiovasculares", disse a autora principal do estudo, Dra. Ann Marie Navar, em comunicado.