Ganância x Minimalismo: Quem tudo quer, tudo perde
Salve, salve!!! Salve-se quem puder. Dessa vez escreverei algumas linhas tortas sobre cascalho, bufunfa, money, dindin e sua relação com a felicidade de cada um.
Ganância é quando você deseja mais do que precisa. Não contente com o suficiente, quer mais sem ter necessidade. Na maioria das vezes isso ocorre ao olhar para o lado e ver a grama verdinha do vizinho.
A mente quase sempre compara. E isso é uma estupidez já que cada um tem seus próprios sonhos, objetivos, desejos, origens e metas de Vida.
Viver sem olhar para os lados, cagando e andando para os outros, deveria ser o mantra de todos nós. Fácil dizer, difícil fazer.
A definição de Ganância ou Avareza é:
A ganância é a ambição excessiva e exaltada de dinheiro, bens ou outras riquezas. É um vício que leva alguém a querer acumular mais do que precisa. Esse desejo de acumular riqueza se traduz em várias ações contrárias aos preceitos da moralidade e do comportamento ético, pois podem ter consequências negativas para outras pessoas ou mesmo para a sociedade em geral.
Você mora confortavelmente num apartamento de 100 m2 com sua esposa e dois filhos e cada um tem seu quarto. A sala é ampla, a cozinha é conectada e funcional. Toda manha sua máquina de café tritura grãos diversos transformando-os no precioso líquido negro ao leve toque de um botão. Sua geladeira e despensa estão abastecidas.
Na varanda, sua pequena churrasqueira a gás, compacta e eficiente, faz miséria de causar inveja na vizinhança. Os banheiros são ótimos e bem iluminados. Os chuveiros despejam água potente, quente e fria no seu lombo ao leve girar da torneira prateada. Espelhos limpos refletem sua face de homem feliz e realizado. Nos armários tudo cabe e mais um pouco.
Ao apertar suavemente o botão, chega o elevador. Nele você entra e desce até a garagem. Após abrir três sólidas portas, alcança o carro. Na saída, basta aguardar o rápido reconhecimento via câmera da placa do veículo para que o portão se abra automaticamente e mais um dia se inicie.
Você ganha a rua e o mundo sem se dar conta de que é um privilegiado e já tem mais do que o suficiente. Muito mais do que a imensa maioria dos habitantes do planeta.
Precisa ter mais? Claro que não, na verdade, precisar ter menos. Deveria eliminar tudo que não é usado e ficar só com o que tem utilidade.
Minimalismo. Viver levemente para se mover rápido, adaptando-se de acordo com as circunstâncias, objetivos e principalmente fases da vida.
A mente que compara
Eis que aparece aquele famigerado “amigo” te contando sobre sua churrasqueira nova, movida à gás e a carvão. Ele provavelmente não vai saber usar e não tem ideia de como fazer um churrasco, mas o importante é TER a coisa e arrotar para deus e o mundo sobre isso.
Com carros a história se repete. Quanto maiores, mais caros e chamativos, melhor. É assim na cabeça das pessoas de alma pequena e espírito minúsculo, sem citar outras partes do corpo. Os símbolos de status e poder só servem para acobertar inseguranças, traumas de infância e uma necessidade vital de ser aceito, respeitado e pertencer a alguma malta.
É o olho maior que a barriga. Se entupir de comer pra depois se arrepender e já pensar na corrida ou academia do dia seguinte. Isso não deixa de ser uma forma de ganância. De querer devorar tudo como se o mundo fosse acabar naquele minuto. De não deixar nada passar.
A troco de quê? Da sua saúde e paz interior. Do seu Tempo e principalmente recursos financeiros. Quanta gente vive de aparência pra mostrar aos outros que é bem sucedido e rico? Gasta muito mais do que ganha só para manter essa imagem. Vivem para os outros e não pra si mesmos. Não tem objetivos, sonhos ou mesmo um norte na vida. Querem parecer ser o que não são. E jamais serão!
Ultimamente tento diminuir a quantidade de coisas e usar tudo que tenho. Sem utilidade não há serventia e deve ser eliminado. Abrir espaço para coisas novas é essencial e faz bem ao planeta.
Vale também para empregos, relacionamentos, amizades etc.
Felicidade não se compra. No máximo se aluga, mas as parcelas mensais são bem salgadas.
Para ver e ler
Filme: As Mulheres do Sexto Andar (Philippe Le Guay, 2010). A enfadonha, monótona e ostensiva vida dos ricos franceses é alterada pelo início da convivência com as empregadas domésticas espanholas que vivem no sexto andar.
Na Paris dos anos 60, Jean-Louis Joubert (Fabrice Luchini) é um corretor da bolsa que leva uma vida burguesa ao lado da esposa Suzanne. Quando sua atual empregada doméstica, vinte anos com eles, resolve partir, sua pacata rotina é transformada pela chegada de Maria (Natalia Verbeke), uma empregada espanhola que mora com a tia e as conterrâneas nos pequenos alojamentos para empregados do sexto andar do prédio.
Ao conviver com as espanholas, Jean-Louis se abre para um novo mundo, longe da necessidade de viver para os outros, de se mostrar e ser, no fundo, um infeliz.
Este pequeno grande filme nos mostra que a simplicidade é a chave da felicidade e querer mais do que o necessário te leva a uma existência infeliz e sem sentido.
Livro: Psicologia Financeira de Morgan Housel. Todo mundo deveria ler esse livro. Independente se você é investidor, tem muito ou pouco dinheiro. São lições atemporais sobre como lidar com seu ganha pão, como investir melhor, o que fazer e principalmente o que não fazer com seu rico dinheirinho. E também sobre conceitos importantes como fortuna, riqueza e ganância.
Ao fim e ao cabo, fazer o que quiser, com quem e quando quiser é o maior dividendo que o dinheiro pode te pagar já que o Tempo é seu maior investimento.
(*) Pedro Silva é engenheiro mecânico pela PUC/MG, PhD em Materiais pelo Max Planck Institut de Düsseldorf, vive em Viena na Áustria, abomina os gananciosos e escreve semanalmente a newsletter Alea Iacta Est.