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Empresa lança 'ovo' vegano para substituir alimento em receitas

Mercado de proteínas alternativas, à base de plantas, é uma tendência, diz especialista

4 abr 2019 - 07h13
(atualizado às 09h16)
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Uma caixa com 132 gramas do 'ovo' vegano equivale a 12 ovos de galinha.
Uma caixa com 132 gramas do 'ovo' vegano equivale a 12 ovos de galinha.
Foto: Granja Mantiqueira/Divulgação / Estadão

Ser vegano ou vegetariano é um estilo de vida, não apenas seguir uma dieta que visa ao emagrecimento ou à simples mudança de hábitos alimentares - embora esses fatores possam ser consequências. Fato é que o público que opta por uma alimentação livre de componentes animais está aumentando, e as empresas estão de olho nessa demanda.

Uma pesquisa do Ibope, feita a pedido da Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB), mostrou que 14% dos brasileiros se declaram vegetarianos. Nas regiões metropolitanas de São Paulo, Curitiba, Recife e Rio de Janeiro, essa taxa sobe para 16%, o dobro em relação a 2012.

Os dados apontaram, ainda, que há um crescimento rápido no interesse por produtos veganos. Mais da metade dos entrevistados (55%) declara que consumiria mais produtos veganos se estivessem melhor indicados na embalagem ou se tivessem o mesmo preço de produtos que estão acostumados a consumir (60%).

A fim de atender a esse público, o Grupo Mantiqueira, que responde pela maior produção de ovos da América do Sul, lança o N.Ovo, uma espécie de 'ovo' vegano feito à base de ervilha e em pó. O produto funciona como um substituto ao alimento em receitas de pães e bolos, por exemplo. A empresa já tem feito testes para desenvolver uma alternativa ao ovo convencional, que poderá ser usado no preparo de omeletes e ovos mexidos.

Essa é mais uma entre outras opções de substitutos ao ovo em receitas. Pode-se usar também chia, linhaça, farinha de grão-de-bico e extrato de soja, por exemplo. A ideia é misturar esses itens com água ou outros poucos ingredientes para formar uma textura parecida com a do ovo.

Amanda Pinto, gestora de novos projetos da empresa, destaca que o novo produto não é um ovo em pó, mas um substituto em receitas à base de plantas. "Misturado à água, ele substitui o papel de um ovo que, com ingredientes estrategicamente combinados, dá crescimento e ação emulsificante para receitas de panificação", explica. Segundo ela, é possível conseguir uma massa que tem 'liga', fofa e que não se desmorona.

Junto com o produto em pó, os consumidores receberão um medidor para adaptarem as receitas. Cada embalagem vem com 132 gramas, o que equivale a uma caixa com 12 ovos. A equação funciona da seguinte maneira: um ovo de 50 gramas é igual a 11 gramas do N.ovo mais 39 mililitros de água. A previsão é que o 'ovo' vegano esteja disponível em grandes redes de supermercados, empórios e lojas de produtos naturais dentro de dois meses. O preço deve ficar na faixa de R$ 15 a R$ 20.

A escolha da ervilha se deu após dois anos de pesquisas e testes a fim de encontrar um ingrediente que a empresa julgou ser a melhor opção, tanto pela funcionalidade quanto pelo aspecto de uma alimentação saudável. Assim como o ovo de galinha, a ervilha é uma fonte rica em proteínas e, assim, o N.Ovo pode ser usado por pessoas com intolerância ou alergia à proteína presente no ovo.

O produto também poderá ser consumido de forma complementar por quem não pertence a esses grupos com alimentação restrita. Segundo a nutricionista Alessandra Luglio, coordenadora do departamento de saúde e nutrição da SVB, as agências de análise de consumo apontam para a crescente substituição de produtos animais por vegetais, estimulando grandes empresas a olharem para esse mercado.

"Isso é positivo tanto para os consumidores, que terão mais produtos disponíveis e acessíveis para praticarem o consumo consciente, como também para aqueles que, na ponta, são o foco de toda essa nova rota de consumo: o planeta e os animais", afirma.

Tendência de mercado

Alessandra diz que o mercado de proteínas alternativas nunca esteve tão aquecido no mundo - e no Brasil não é diferente. "O consumidor atual está mais consciente e criterioso com suas escolhas e cada vez mais está interessado em saber a origem e impactos gerados por aquilo que consome", afirma.

Ela cita um relatório da Euromonitor International, deste ano, com as dez tendências globais de consumo. Segundo o material, 2019 é o ano do consumidor consciente, que busca tomar decisões positivas e minimizar seus impactos negativos.

"É sabido que a produção de alimentos de origem animal exerce grande impacto negativo ao meio ambiente, uma vez que utiliza uma quantidade comparativamente mais alta de recursos naturais do que a produção de vegetais. Além disso, informações relacionadas ao uso e abuso de animais de forma cruel e violenta pela pecuária intensiva chegam, por conta da mídia e redes sociais, a mais e mais pessoas todos os dias", aponta a especialista.

Além da preservação animal, a Mantiqueira se preocupou com a embalagem do produto. "A Mantiqueira adotou embalagens repaginadas e sustentáveis (em polpa de papel), além da presença do selo EU RECICLO, que certifica que a companhia é comprometida com a logística reversa de suas embalagens", diz Amanda.

Outro motivo apontado por Alessandra que explica essa tendência de produtos substitutos é a ciência. "Estudos robustos vêm comprovando os benefícios para a saúde humana de se consumir menos proteínas animais e o quão benéfica é a inclusão no cardápio das leguminosas, principais fontes de proteínas vegetais, e vegetais diversificados", diz.

Porém, muito mais ainda pode ser feito. "Uma questão de extrema importância é a implementação de alternativas a testes de segurança de produtos alimentícios. Já temos tecnologia e conhecimento suficientes para não mais utilizar animais em testes. Empresas conscientes estão implementando essas alternativas e estampando em suas embalagens os selos de produtos veganos e cruelty free, ou seja, livres de crueldade. O consumidor é o protagonista dessa grande mudança", afirma a nutricionista da SVB.

Estadão
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