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Cirurgia bariátrica: saiba os tipos, riscos e como fazer pelo SUS

Especialista explica que o tratamento para obesidade também ajuda em doenças como hipertensão, diabete e hérnias de disco.

25 nov 2020 - 13h05
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Dados da última Pesquisa Nacional de Saúde mostram que a obesidade em adultos brasileiros mais que dobrou nos últimos anos. O estudo, feito em 2019 e divulgado em outubro deste ano, revelou que 26,8% da população com mais de 20 anos é considerada obesa, enquanto o percentual era de 12,2%, há 16 anos.

"A obesidade acomete também doenças como hipertensão arterial, diabete tipo 2, apneia do sono, dislipidemia, doença coronariana, doenças cardiovasculares, hérnias de disco e esteatose hepática", explica o cirurgião, membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica, Alcides José Branco Filho.

O aumento da prevalência da obesidade no Brasil evidencia a urgência de se falar sobre a doença e, principalmente, a acessibilidade ao tratamento, que também pode ser garantido pelo SUS. Confira tudo que você precisa saber sobre cirurgia bariátrica:

O que é cirurgia bariátrica?

A cirurgia bariátrica é o tratamento para a obesidade, que reúne um conjunto de técnicas de diminuição do estômago, destinada a redução de peso, quando as atividades físicas não causam mais efeito, necessitando de uma intervenção médica.

Além da perda de peso, o procedimento, que é reconhecido pelo Conselho Federal de Medicina, também apresenta remissão das doenças associadas, que foram listadas acima.

Pré-operatório da cirurgia bariátrica

Alcides afirma que a obesidade precisa ser constatada por um médico endocrinologista e explica quais são os cuidados antes da cirurgia. "É necessário realizar uma série de exames, incluindo endoscopia digestiva, ultrassom abdominal, exames laboratoriais e ser avaliado pelo cirurgião, cardiologista, psicólogo e nutricionista", diz ele.

Quais são os tipos de cirurgia bariátrica?

Existem duas técnicas: o bypass gástrico e a gastrectomia vertical, conhecida também como sleeve. O critério de qual tipo de cirurgia deve ser realizada ocorre após avaliação médica.

"Ambas as técnicas podem ser feitas de forma minimamente invasiva, em que o procedimento é feito por pequenas incisões, por onde passam as cânulas e a câmera de vídeo. O principal benefício da videolaparoscopia é a melhor recuperação do paciente", explica o cirurgião.

Confira abaixo como funciona a cirurgia bariátrica:

  • Bypass gástrico:

Neste tipo, o cirurgião grampeia parte do estômago, que reduz o espaço para o alimento, e cria um desvio no intestino inicial, o que provoca o aumento de hormônios responsáveis pela saciedade. "A técnica representa cerca de 75% de todas as cirurgias bariátricas do mundo", afirma Alcides.

  • Sleeve

Também chamado gastrectomia vertical, o estômago é transformado em um tubo com capacidade de 80 a 100 ml. Diferente do bypass, não há desvio intestinal.

Quem pode fazer a cirurgia bariátrica?

"Estão aptas para a cirurgia pessoas com Índice de Massa Corporal (IMC) acima de 40 kg/m², independente da presença de comorbidades; pessoas com IMC entre 35 e 40 kg/m² com comorbidades; e indivíduos com IMC entre 30 e 35 kg/m² na presença de comorbidades que tenham obrigatoriamente a classificação grave atestada por um médico", diz o cirurgião.

Quanto a idade, o procedimento é indicado para pessoas entre 18 e 65 anos. Entre 16 e 18 anos, apenas quando houver indicação e consenso entre a família, equipe multidisciplinar e o paciente.

Acima de 65 anos os casos são avaliados de forma individual, considerando o risco cirúrgico, a presença de comorbidades, expectativa de vida e os benefícios do emagrecimento.

Contraindicação

As situações que o paciente não deve realizar o procedimento cirúrgico são:

  • Deficiência intelectual significativa

  • Sem suporte familiar adequado

  • Quadro de transtorno psiquiátrico não controlado, incluindo uso contínuo de álcool ou drogas ilícitas

  • Doenças genéticas

Riscos

Segundo Alcides, a cirurgia bariátrica apresenta cerca de 1% de índice de risco. "Via de regra, as complicações são relacionadas à quantidade e gravidade das doenças associadas e, por isso, o cirurgião solicita uma série de exames, como endoscopia digestiva, ultrassom abdominal e exames laboratoriais ao paciente no pré-operatório", afirma.

Quais são as principais vantagens?

  • Perda de peso
  • Melhora do diabete
  • Melhora do colesterol
  • Melhora da insuficiência cardíaca
  • Reduz o risco de mortalidade e morbidade
  • Melhora da autoestima

Qual é o valor de uma cirurgia bariátrica?

Para quem tem convênio médico, existem planos que fazem a cobertura integral do preço da cirurgia, que pode chegar a aproximadamente R$ 40 mil, e outros cobram uma porcentagem do valor gasto.

Cirurgia Bariátrica pelo SUS

"Pacientes que pretendem recorrer ao SUS devem procurar o Posto de Saúde e ter esgotado as possibilidades de tratamento clínico da obesidade (com medicamentos e alterações comportamentais) e cumprir com os requisitos impostos pelo Ministério da Saúde", explica o médico. Os critérios são:

  • Idade mínima de 16 anos
  • IMC maior ou igual a 40
  • IMC 35 e comorbidades comprovadas por laudo médico

Depois disso, a pessoa será encaminhada para o preparo pré-operatório, que inclui acompanhamento psicológico, nutricional e avaliação médica com especialistas. Em média, o tempo de espera para a cirurgia é de 6 meses a 4 anos, podendo aumentar de acordo com o sua cidade e estado.

Pós-operatório da cirurgia bariátrica

O tempo de recuperação, no caso da cirurgia minimamente invasiva, costuma ser de quinze dias. Cirurgias abertas requerem maior tempo de recuperação. É fundamental que o indivíduo siga todas as instruções da equipe e do seu nutricionista, que, no início, indicará uma dieta líquida, evoluindo gradualmente para a pastosa, com alimentos cremosos e depois sólida,com comidas mais consistentes.

"Pacientes bariátricos possuem uma dieta própria que foca prioritariamente no consumo de fontes de proteína (animal ou vegetal); na suplementação de vitaminas e minerais; e carboidratos simples e complexos. A atividade física regular também é parte fundamental do sucesso do tratamento no pós-operatório", explica o cirurgião.

*Estagiária sob supervisão de Charlise Morais

Estadão
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