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Quer conhecer dois ajustes simples para deixar seu filho menos ansioso?

20 out 2023 - 11h41
(atualizado às 11h46)
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Cada vez mais pais ao redor do mundo se queixam da saúde mental dos seus filhos e do nível de ansiedade experimentado por eles. Não é incomum que muitas crianças precisem de acompanhamento psicológico precocemente. O que pode explicar essa situação e que tipo de intervenção poderia ser feitas?

Ansiedade em crianças, como lidar?
Ansiedade em crianças, como lidar?
Foto: iStock

Pais que levam e trazem seus filhos o tempo todo para qualquer lugar, vigilância “permanente” por meio de celulares e outros recursos digitais, preenchimento da rotina diária com atividades em que os jovens passam o tempo todo sob a supervisão de um adulto (escola, esporte, inglês, música) e até monitoramento por câmeras dentro de casa são alguns dos recursos utilizados por adultos para tentar deixar a vida dos filhos mais segura.

A intenção original, em cidades cada vez mais violentas, apesar de às vezes beirar o exagero, é até justificável. Mas, como consequência, as crianças de hoje experimentam menos liberdade de movimento e de decisões, e um nível de autonomia e independência muito mais baixo do que as gerações anteriores.

Em um artigo recente do jornal The New York Times, o psicólogo Camilo Ortiz , professor da Long Island University e a escritora Lenore Skenazy, presidente da ONG “Let Grow” (Deixa Crescer) e autora do livro “Free-Range Kids” (Crianças Criadas Livres) discutem esse tema.

Menos tempo gerido pelos adultos

Em resumo, eles defendem que as crianças hoje saem muito menos sozinhas e passam cada vez mais tempo dentro de casa, na frente das telas. As escolas exigem mais tarefas domiciliares, os celulares oferecem conteúdos mais atraentes, e o nível de competividade do mundo atual faz com que os pais queiram “gerir” melhor o tempo investido na formação dos pequenos. Assim, há menos espaço para as crianças fazerem suas escolhas.

O preço pago por essa “proteção cuidadosa, mas excessiva” tem sido crianças mais ansiosas, inseguras, com mais medo do mundo lá fora e com maior dificuldade de tomar suas próprias decisões. A proposta dos autores é simples: que tal deixar os jovens experimentarem mais e fazerem mais coisas por conta própria?

Ao invés de tantas atividades estruturadas e supervisionadas, mais tempo para brincar, para lidar com o imprevisto, para decidir que caminho seguir. Ao longo da formação e da evolução da nossa espécie, e mesmo atualmente em grupos remanescentes de populações de caçadores-coletores, as crianças aprendem observando os pais e as pessoas mais experientes, mas com alto grau de autonomia para experimentar, errar e corrigir. Será que os nossos filhos estão tendo essa chance?

Aprendizado autônomo

Sob intervenção e supervisão constantes, há menos espaço para o aprendizado autônomo, que pode mais trazer autoconfiança, resiliência e empoderamento para os pequenos. E essa tríade é um importante antidoto contra a ansiedade.

Um jeito simples de colocar essa autonomia em prática é perguntar para as crianças o que ela gostaria de fazer por conta própria, e deixar que elas possam testar suas hipóteses. Mesmo para os pequenos que já estão ansiosos e inseguros, essa experiência pode ter um impacto muito positivo.

Além da maior liberdade proposta pelo artigo, sugiro aqui mais uma medida que pode parecer difícil de ser implementada, mas que trabalhada desde cedo, faz todo o sentido nas eternas negociações e discussão de limites entre pais e filhos: menos tempo na frente das telas.

Sim, as mesmas telas que nos ajudam a entreter e distrair os pequenos desde muito cedo, podem ser altamente aditivas, e diminuir sua vontade de sair, de encontrar seus pares e de experimentar o mundo. Cada vez que eles se desconectam e ficam fora de casa acaba sendo uma situação geradora de insatisfação, intolerância, angústia e ansiedade.

Em resumo, dar mais autonomia e liberdade para as crianças fazerem suas escolhas e garantir que desgrudem mais vezes das telas são duas ideias simples e rápidas para garantir mais saúde mental para elas. Pode até dar um trabalho no inicio, mas vale muito a pena. Mãos à obra?

*Jairo Bouer é médico psiquiatra e comunicador e escreve às sextas-feiras no Terra Você.

Fonte: Jairo Bouer
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