Caneta emagrecedora substitui bariátrica? Médica responde
A nova geração de medicamentos injetáveis como a caneta emagrecedora realmente oferece os mesmos resultados da cirurgia?
Avanço importante no tratamento da obesidade, as canetas emagrecedoras têm ajudado muitos pacientes a perder peso — e em alguns casos até evitar — a cirurgia bariátrica . Mas, de acordo com a cirurgiã bariátrica Dra. Stephanie Giulianne Silva Morelli, (@cirurgiabariatrica_stephanie) seus limites ainda são claros: enquanto os análogos de GLP-1 oferecem perdas significativas, eles não substituem o impacto metabólico, a durabilidade dos resultados e a eficácia da cirurgia em pacientes com obesidade grave ou comorbidades avançadas.
A seguir, a Dra. Stephanie responde a algumas dúvidas sobre o tema:
1. Em quais casos a caneta emagrecedoras pode evitar a necessidade de uma cirurgia bariátrica?
As canetas emagrecedoras representam um avanço no tratamento da obesidade e em alguns casos elas podem sim, evitar a cirurgia; principalmente em pacientes com obesidade leve e sem comorbidades graves associadas.
Também são uma ótima alternativa para quem já conseguiu realizar mudanças de estilo de vida, mas precisa de um reforço para manter o resultado.
Anteriormente nós utilizávamos os medicamentos em casos de pacientes superobesos que precisavam de uma perda de peso antes da cirurgia bariátrica para diminuir os seus riscos intra-operatórios, hoje em dia, os análagos de GLP1 pode controlar a doença obesidade e até adiar a necessidade de um procedimento.
2. Quais são os limites dos medicamentos injetáveis em comparação à perda de peso da bariátrica?
Apesar de muito eficazes, os medicamentos têm limites bem definidos. Os medicamentos mais modernos conseguem uma perda média de 15% a 22% do peso corporal total, enquanto as cirurgias bariátricas, como bypass e sleeve podem ultrapassar a 35% do peso corporal total.
Outro ponto importante é que o medicamento funciona enquanto está sendo utilizado. Ao suspender, muitos pacientes recuperam parte do peso. Já a cirurgia promove alterações anatômicas e hormonais permanentes, o que aumenta a durabilidade dos resultados.
Também existem os chamados 'não respondedores', pessoas que mesmo com doses máximas não atingem a perda esperada.
Por isso, apesar de seguras e potentes, as medicações ainda não conseguem reproduzir totalmente o impacto metabólico da bariátrica.
3. Pacientes com obesidade grave podem confiar apenas nas canetas?
Para quem tem obesidade grave (IMC acima de 40), a cirurgia ainda é o tratamento mais eficaz e com maior impacto na remissão de doenças como diabetes, hipertensão e apneia do sono.
As canetas podem ajudar, inclusive antes da cirurgia, para reduzir riscos operatórios — mas, na maioria dos casos, não substituem o procedimento.
Pacientes com obesidade grave precisam de uma perda de peso maior do que o medicamento consegue proporcionar e geralmente apresentam doenças metabólicas avançadas, que respondem melhor às mudanças promovidas pela bariátrica."
4. Quais os riscos de atrasar a cirurgia apostando só nos medicamentos?
Quando existe indicação cirúrgica clara, insistir apenas nos medicamentos pode trazer alguns riscos.
A obesidade pode progredir, tornando a cirurgia futura mais complexa. As comorbidades, como o diabetes e a apneia, também podem se agravar, impactando diretamente a qualidade de vida e a expectativa de vida.
Outro problema é o efeito sanfona, comum quando o medicamento é interrompido. Além disso, o uso contínuo das canetas tem um custo elevado, o que pode não ser sustentável a longo prazo.
Há também o aspecto emocional: muitos pacientes se frustram quando não alcançam a perda necessária somente com o remédio e acabam ganhando mais peso que o anterior ao uso da caneta, devido ao comer emocional. Por isso, quando há indicação formal, adiar a bariátrica pode comprometer o resultado final do tratamento.
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Revista Malu
