Dragão Fashion: veja em 6 passos a moda no Nordeste
Semana de moda autoral apresentou estilistas com trabalhos artesanais impecáveis e amplo espaço de convivência com música e culinária
Enquanto o São Paulo Fashion Week e o Minas Trend são as semanas de moda mais comerciais e conhecidas no cenário nacional, Fortaleza, no Ceará, recebe há mais de 10 anos o maior encontro de moda autoral do País: o Dragão Fashion Brasil.
A 16º edição do evento – que aconteceu entre os dias 7 e 10 de maio - deu mais um passo rumo a vários de seus objetivos: ser mais que uma semana de moda e unir arte, entretenimento, culinária, palestras e concursos de novos talentos em um mesmo espaço. E, tudo isso, aberto ao público e gratuito. “É uma mistura, um mosaico cultural, é mais que moda, é um espaço de convivência”, explica ao Terra Cláudio Silveira, criador e diretor do evento.
E, talvez, seja justamente a união de tantas frentes e a tentativa de popularização da moda que torne possível o crescimento do projeto em épocas de crise como esta, quando o Fashion Rio, por exemplo, cancelou as duas últimas edições.
1 – Com vista para o mar
Nos últimos anos, a semana de moda aconteceu em uma praça no centro da cidade com estruturas em formato de tenda, mas nesta edição, ganhou um upgrade ao ser responsável por inaugurar o Terminal Marítimo de Passageiros do Porto de Fortaleza. A construção moderna e de frente para o Oceano Atlântico aproximou a beleza das praias da cidade do Dragão Fashion. O clima, com certeza, ficou melhor durante os quatro dias de desfile com uma vista daquelas!
2 – Muito mais que moda
Claro que os desfiles são o carro-chefe e a razão de ser do evento, mas uma boa parcela das mais de quatro mil pessoas – inclusive crianças - que passaram por lá diariamente tinham também outras distrações. A enorme área cheia de mesas e sofás se transformava em um animado ponto de encontro regado a champanhe no início da noite.
Entre as atrações, estavam exposições de trabalhos de faculdades, lojas de artesãos e grifes locais, vários food trucks com um variado cardápio de comidas e sobremesas, espaço com DJ, café, balada no rooftop e palco com apresentações de banda. Em um canto do local, tinha ainda um espaço fitness com aulas de ioga, spinning e apresentações de tecido acrobático.
3 – Desfiles
Ao todo, 40 modelos femininos e masculinos se revezaram em 32 desfiles apresentados em duas salas com capacidade para mil pessoas cada uma e que estavam quase sempre lotadas. O line-up trouxe estilistas estreantes e veteranos das passarelas cearenses vindos a maioria da região Nordeste, mas também do Rio Grande do Sul e Minas Gerais, por exemplo.
Por ser uma oportunidade de exibir a moda autoral feita por nomes nem tão conhecidos no cenário fashion, o Dragão não tem uma sazonalidade, por isso são apresentados num mesmo momento coleções de verão e inverno.
4 – Estilistas
Nem todos os desfiles são aplaudidos de pé pela plateia, nem encantam os olhos e não dão vontade de levar uma ou várias roupas para casa e muito por causa dos problemas com os acabamentos das peças. Mas alguns com certeza valem, e muito, a atenção.
São eles o trabalho de renda artesanal feito pela cearense Almerinda Maria; a coleção de biquínis com design criativo apresentado pela Bikiny Society, design criado na Suíça e com tendências europeias, mas confeccionado no Ceará com materiais locais; a coleção de moda festa toda em preto riquíssima em bordados com cristais, renda, crochê e tule criada por Ivanildo Nunes; o desfile irreverente do cearense Lindebergue Fernandes; a moda masculina do cearense que tem endereço no Canadá João Paulo Guedes e a coleção detalhista do mineiro Ronaldo Silvestre. Dois grandes nomes do Dragão são ainda os cearenses Lino Villaventura e Vitorino Campos.
5 – Muitas mãos envolvidas
Além da moda autoral como guia, a maioria dos desfiles tinha outro detalhe em comum: a valorização do handmade. Rendas, crochê e todo tipo de artesanato local apareceram na maioria das coleções e foram em vários momentos os protagonistas da semana de moda. Algumas marcas são feitas por estilistas locais que vivem, trabalham e vendem suas criações fora do País – principalmente na Europa - mas vêm buscar mão de obra e matéria-prima no estado. Dados do Anuário da Moda do Ceará de 2014 mostram que o setor oferece quase 65 mil empregos formais divididos em mais de 1,7 mil empresas.
Muito bem feito, este trabalho exclusivo e delicado de artesãoes merece ser mais valorizado e, nos bastidores, é isso que alguns estilistas tentam fazer. Ivanildo Nunes, por exemplo, entrou na passarela no momento dos agradecimentos ao lado de mais de 10 rendeiras da região e Ronaldo Silvestre apresentou na passarela o trabalho feito por comunidades e ex-presidiários. “A gente fala tanto em crise, mas essas comunidades sempre estão e estiveram em crise e este tipo de trabalho é o que dá ânimo para eles”, disse o estilista.
6 - Novos talentos
O concurso dos novos talentos movimenta desfiles de coleções de várias universidades do País. São oito participantes que saíram de São Paulo, Pará, Paraná e outros lugares pelo prêmio de R$ 8mil, que foi vencido pela Universidade Estadual de Londrina (UEL).