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1 em cada 6 adolescentes já sofreu cyberbullying

Estudo da OMS na Europa mostra aumento preocupante nas agressões online

28 mar 2024 - 18h02
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O cyberbullying traz desafios únicos para os adolescentes, estendendo-se além dos portões da escola
O cyberbullying traz desafios únicos para os adolescentes, estendendo-se além dos portões da escola
Foto: iStock / Jairo Bouer

A Organização Mundial da Saúde (OMS) Regional para a Europa lançou esta semana o segundo volume do estudo Comportamento em Saúde de Crianças em Idade Escolar, que se concentra nos padrões de bullying e violência entre pares.

A pesquisa monitora os comportamentos de saúde e os ambientes sociais de quase 280 mil meninos e meninas com idades entre 11, 13 e 15 anos de 44 países da Europa e Ásia Central.

Aumento do cyberbullying

Embora as tendências gerais de bullying escolar tenham permanecido estáveis desde 2018, o cyberbullying aumentou, amplificado pela crescente digitalização das interações dos jovens, com impactos potencialmente profundos nas vidas dos jovens.

Veja as principais descobertas do estudo:

- Bullying: uma média de 6% dos adolescentes se envolve em bullying na escola. Esse comportamento é mais prevalente entre os meninos (8%) em comparação com as meninas (5%).

- Sofrer bullying: cerca de 11% dos adolescentes foram vítimas de bullying na escola, sem diferença significativa entre meninos e meninas.

- Cyberbullying: cerca de 12%, ou 1 em cada 8 adolescentes, relatam praticar cyberbullying. Os meninos (14%) têm mais probabilidade de relatar cyberbullying do que as meninas (9%). O dado reflete um aumento desde 2018, com os meninos passando de 11% e as meninas, de 7%.

- Sofrer cyberbullying: 15% dos adolescentes (cerca de 1 em cada 6) já sofreram cyberbullying, com as taxas próximas entre meninos (15%) e meninas (16%). Isso representa um aumento desde 2018, de 12% para 15% para meninos e de 13% para 16% para meninas.

- Agressões físicas: um em cada dez adolescentes já se envolveu em brigas, com uma diferença de gênero perceptível: 14% dos meninos versus 6% das meninas.

Diferenças de gênero

Os resultados revelam diferenças de gênero no comportamento de bullying. Os meninos exibem uma maior tendência à agressão e ao envolvimento em brigas físicas, destacando a necessidade urgente de intervenções focadas na regulação emocional e interações sociais positivas.

Por outro lado, o aumento do bullying entre as meninas, especialmente através do cyberbullying, pede soluções direcionadas sensíveis ao gênero que promovam segurança digital, empatia e culturas escolares inclusivas.

O cyberbullying traz desafios únicos para os adolescentes, estendendo-se além dos portões da escola para a segurança percebida de seus lares e vidas pessoais.

Os dados mais recentes de 2018 a 2022 mostram um aumento preocupante no cyberbullying. Com os adolescentes passando cada vez mais tempo online, esses números destacam a necessidade urgente de intervenções envolvendo educadores, pais, líderes comunitários e formuladores de políticas para promover a literacia digital e a segurança.

Saúde e direitos humanos

A pesquisadora Jo Inchley, Coordenadora Internacional do estudo HBSC, enfatiza: "O mundo digital, embora ofereça oportunidades incríveis de aprendizado e conexão, também amplifica desafios como o cyberbullying. Isso exige estratégias abrangentes para proteger o bem-estar mental e emocional de nossos jovens. É crucial que governos, escolas e famílias colaborem na abordagem dos riscos online, garantindo que os adolescentes tenham ambientes seguros e de apoio para prosperar."

"Este relatório é um alerta para todos nós denunciarmos o bullying e a violência, sempre e onde quer que aconteçam", afirmou Hans Henri Kluge, Diretor Regional da OMS para a Europa. "Com os jovens passando até seis horas online todos os dias, até mesmo pequenas mudanças nas taxas de bullying e violência podem ter implicações profundas para a saúde e o bem-estar de milhares de pessoas. Desde autoagressão até suicídio, vimos como o cyberbullying em todas as suas formas pode devastar as vidas de jovens e suas famílias. Isso é tanto uma questão de saúde quanto de direitos humanos, e devemos intensificar esforços para proteger nossas crianças da violência e dos danos, tanto offline quanto online."

A OMS/Europa publicou recentemente seu primeiro "posicionamento" sobre a proteção de crianças contra danos online. Isso apoiará os governos na formulação de solicitações consistentes às empresas online e de tecnologia, com o objetivo geral de garantir ambientes online mais saudáveis nos quais as crianças possam prosperar.

Jairo Bouer
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