A implantação é dolorida?
Algumas pacientes minhas dizem que dói menos que menstruar. É um implante semestral. Algumas colocam implantes de reposição hormonal.

A que você atribui o fato de essa conduta não ter se popularizado?
A pílula levou 40 anos para ser aceita. Se ela fosse colocada como a gente defende, para tomar direto, ia ser muito mais difícil a aceitação. Tudo que está ligado à sexualidade é mítico. Não existe sexualidade sem tabu. Quando eu não defendo uma medida que vai impedir que a mulher tenha enxaqueca, não tenha TPM; eu não estou a favor da mulher.

Eu sou um médico de mulher e quero que a minha paciente fique bem. Quero que mulher fique com a sexualidade mais intensa, fique mais disposta para tudo.

A ginecologia e a medicina sempre foram um pouco machistas. Mas o elemento mais machista da sociedade é a própria mulher. Ela é que tem atitudes machistas, valores machistas, de um modo geral. Muitas vezes é uma cultura de culto ao sofrimento. Então, como é que eu vou aceitar uma coisa moderna que acaba com minha cólica, com a TPM, que me deixa sem as instabilidades do ciclo? Como eu vou pagar meu sentimento de culpa?

Aquelas poucas que conseguem se livrar disso são muito mais felizes em matéria de saúde. Não tem TPM, não tem dor, não tem cólica menstrual.

O implante tem efeitos colaterais?
Pode dar um pouco de oleosidade na pele e, em algumas pessoas, pode diminuir a libido. Mas isso é exceção. A maioria das mulheres não tem efeito colateral nenhum. Em algumas pessoas o implante tem efeitos estéticos positivos, como diminuição das celulites, perda de peso.

Ana Hickmann e Suzy Rêgo, que são minhas pacientes, são exemplos de pessoas que não conseguiam trabalhar no período menstrual. Elas fizeram implantes e se adaptaram totalmente.

Tereza Melo Sousa/Especial para o Terra