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Projeto usa créditos de carbono e ecoturismo para ajudar comunidades a preservar Pantanal

Serra do Amolar, em Mato Grosso do Sul, é habitat natural da onça-pintada; ecoturismo gera renda para moradores

31 ago 2022 - 10h11
(atualizado às 11h47)
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Tradição comunitária, mamíferos de topo de cadeia e, ainda por cima, um cenário ímpar, de encher os olhos, na divisa do Brasil com a Bolívia, perto da cidade de Corumbá, em Mato Grosso do Sul. A Serra do Amolar, no Pantanal, se consolida como uma região onde o tripé da sustentabilidade, - proteção do clima, desenvolvimento socioambiental e preservação da biodiversidade -, está cada vez mais presente.

Onça-pintada na Serra do Amolar
Onça-pintada na Serra do Amolar
Foto: Programa Conexão Jaguar/Divulgação / Estadão

A região é um dos palcos naturais onde vive a onça-pintada, presente em outros 17 países da América. Em 100 anos, mostram levantamentos científicos, a população desses felinos foi reduzida pela metade.

É na serra onde vive a onça-pintada e vários outros mamíferos e aves importantes para a biodiversidade pantaneira que pequenas comunidades tradicionais, cujos antepassados chegaram há mais de um século, resistem. São centenas de famílias que preservam as tradições pantaneiras. Ou seja, indígenas e ribeirinhos que se adaptaram ao ciclo natural das águas para tentar viver em harmonia com a natureza, apesar das dificuldades socioeconômicas da região.

"Um dos objetivos do nosso projeto, portanto, envolve a geração de renda para os moradores, por meio do ecoturismo. A ideia é fazer com que os turistas conheçam a vida das comunidades. São os moradores que serão os protagonistas, por meio de valorização da cultura acumulada que eles têm", afirma a bióloga Letícia Larcher, coordenadora de um projeto ambiental montado na Serra do Amolar em parceria com a ISA CTEEP, empresa do setor de energia.

Serra do Amolar, em Corumbá: cenário ímpar na divisa do Brasil com a Bolívia. Foto: Programa Conexão Jaguar/Divulgação

No linguajar ambiental, o que os técnicos fizeram foi colocar em pé um projeto de REDD+ na região. Ou seja, ao evitar que a mata nativa seja desmatada de forma não planejada, por ações antrópicas como o desmatamento e o fogo, gera-se créditos de carbono (porque o gás poluente, que turbina o aquecimento global, ficará retido no solo). Créditos esses que, hoje, no mercado de carbono, acabam gerando recursos econômicos para os responsáveis pelo projeto. "Nesse caso, eles vão financiar a proteção ambiental e ajudar as famílias que vivem na região", explica Letícia.

A biodiversidade também agradece. Apesar de ter relação direta com o core business da ISA CTEEP (o logo da empresa é uma cauda de onça-pintada estilizada), a empresa do setor de energia está totalmente imbuída de colaborar com a preservação da onça e de vários outros animais. O que significa também a preservação dos ecossistemas onde vivem. "Por isso, desenvolvemos o Programa Conexão Jaguar. Estamos totalmente envolvidos com essa questão da biodiversidade. E além do projeto na região da Serra do Amolar, outros provavelmente virão aqui no Brasil", afirma Rui Chammas, CEO da empresa.

Corredores naturais

O grande objetivo do programa é proteger os corredores naturais usados pela onça-pintada desde o México até o sul da América do Sul, no Chile e na Argentina. Muitas dessas áreas também abrigam operações do grupo de energia. São aproximadamente 7 milhões de quilômetros quadrados. A onça-pintada, espécie que consta da lista internacional de espécies ameaçadas, já desapareceu dos hábitats que ela frequentava em países como El Salvador e Uruguai.

No caso específico do braço brasileiro da iniciativa, na Serra do Amolar, são 135 mil hectares que estão sendo protegidos com o lançamento do projeto. "A nossa missão é preservar o Pantanal, em todos os sentidos, e fazer com que a coexistência entre comunidades e animais ajudem na preservação", afirma Letícia.

E não é apenas a onça-pintada (Panthera onca) que está entre as espécies-alvo da lista de proteção. A ideia é que a ariranha (Pteronura brasiliensis), o tamanduá-bandeira (Myrmecophaga tridactyla), o tatu-canastra (Priodontes maximus) e a anta (Tapirus terrestris) também tenham na Serra do Amolar um refúgio natural para chamar de seu.

"Vamos evitar o desmatamento não planejado e aumentar a funcionalidade do ecossistema, permitindo a regeneração das matas, reduzindo assim a fragmentação do ecossistema", explica a bióloga. Segundo Letícia, outro aspecto fundamental, que não pode ser esquecido, é que os recursos obtidos com os créditos de carbono serão usados para reforçar a governança local e a gestão de áreas protegidas regionais, quase todas em terras privadas.

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Estadão
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