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Cidadãos se rebelam contra níveis insalubres de barulho na Tailândia

7 ago 2013 - 10h07
(atualizado às 10h29)
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Um grupo de cidadãos denominados de Quiet Bangcoc (Bangcoc Silencioso) não mede esforços para reduzir os insalubres níveis de ruído ambiental na Tailândia, apesar do desinteresse ou incapacidade das autoridades para diminuí-lo.

Nos principais pontos turísticos e comerciais da capital tailandesa, os transeuntes sofrem com a cacofonia procedente do trânsito, dos vendedores ambulantes e das ruidosas telas que cintilam nas fachadas dos arranha-céus.

"Na praça junto ao centro comercial de Siyam Paragon o chão até vibra pelo barulho da gigante tela ali instalada. São níveis que podem ser considerados perigosos", explicou Oraya Sutabutr, ativista de Quiet Bangcoc, à Agência Efe.

Segundo a Organização Mundial de Saúde, em geral se deve evitar os ambientes com ruídos superiores aos 70 decibéis (dB), pelo perigo de estresse, hipertensão ou aumento da agressividade, enquanto uma exposição prolongada a níveis superiores aos 85 dB pode causar danos permanentes no ouvido.

O barulho em Bangcoc alcança os 94 dB em áreas de estacionamento inundadas pelos apitos, os 84 dB nos eventuais shows realizados em Siyam Square e os 82,4 dB pela tela gigante no Central World, de acordo com as medições do coletivo tailandês.

"O principal problema é para as pessoas que trabalham lá. No Quiet Bangcoc somos 100 pessoas, mas apenas 10 são ativas. É difícil convencer as autoridades e os empresários para que diminuam o barulho ou até para conscientizem os cidadãos", afirmou Oraya.

Segundo a ativista, nas zonas rurais, o barulho das festas locais, muitas vezes realizadas nos templos, é uma tortura em algumas aldeias onde as prefeituras rivalizam para ter os maiores alto-falantes e para que a música seja escutada o mais longe possível.

Na Tailândia existem leis estritas contra o excesso de barulho e inclusive recentemente foram cancelados os planos de realizar a etapa do Campeonato Mundial de Fórmula 1 por causa do barulho que provocaria. No entanto, em outros casos prevalece a falta de rigor na aplicação das leis; por exemplo, em karaokês públicos e privados que se transformam no pesadelo dos impotentes vizinhos.

Em um dos episódios mais funestos, um homem assassinou em 2008 oito pessoas com uma escopeta depois de perder a calma devido à cacofonia das festas com karaokê que organizavam seus moradores na província de Songkla, no sul do país.

"Avisei-lhes sobre suas festas com o ruidoso karaokê. Disse que se continuassem iria disparar", disse Weenus Chumkamnerd depois de cometer o massacre.

Por sorte, a maioria dos casos não termina em tragédia, embora também não sejam resolvidos, já que muitos cidadãos preferem não se queixar.

Em 2006, quando os membros do Quiet Bangcoc se dirigiram à empresa responsável pelo trem elevado da capital devido ao volume excessivo da publicidade nas plataformas das estações e nos vagões, a direção alegou que nenhum passageiro tinha apresentado queixa.

Nos últimos anos, o grupo também aprendeu a alcançar seus objetivos por meio da persuasão ao invés da denúncia ou do protesto.

"Tentamos ser positivos. Ir com propostas. O importante é educar os cidadãos, sobretudo os adolescentes que abusam dos fones e depois vão a discotecas com o volume a mais de 90 decibéis", disse Suchitra Prasansuk, prestigiada otorrinolaringologista do Bangcoc Hospital da capital.

Segundo a doutora Suchitra, os pacientes que atende em sua consulta são cada vez mais jovens, que apresentam perdas auditivas similares às de uma pessoa idosa.

"O barulho é um problema em muitas partes do mundo. O risco ocorre com uma exposição contínua. No estacionamento do centro comercial MBK (Bangcoc), até 50% dos guardas sofrem de perdas auditivas", acrescentou a especialista.

Apesar dos motoristas tailandeses serem conhecidos por sua paciência e recusa a utilizar a buzina, onipresente nas ruas indianas, o trânsito continua sendo o principal fator do barulho em Bangcoc.

"Há barulho em demasia. Às vezes não conseguimos nos concentrar quando estudamos nos cafés da zona de Siyam. A culpa é dos carros, a grande quantidade de gente e o trem elevado. Há muito barulho e é um incômodo muito grande", se queixou Sophida Ruangsong, uma estudante universitária.

EFE   
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