Verba para florestas, torneira sem água, príncipe molhado e ônibus da discórdia: a largada da COP-30
Dia da Cúpula dos Líderes da Conferência do Clima em Belém foi marcado pelos esforços do governo Lula para obter investimento estrangeiro para fundo de proteção florestal
ENVIADOS ESPECIAIS A BELÉM - A estrutura da Conferência do Clima das Nações Unidas (COP-30) nem estava completamente montada (ainda havia torneiras e internet sem funcionar), mas a maratona de negociações começou nesta quinta-feira, 6. A largada foi com as reuniões dos chefes de Estado em Belém, que precedem a cúpula da ONU contra o aquecimento global.
O encontro foi marcado por ausências - nada de Donald Trump (EUA), Xi Jinping (China) ou Narendra Modi (Índia), por exemplo -, mas o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) conseguiu dos colegas presentes algumas promessas de verba para o fundo de proteção de florestas. Arrecadar dinheiro para essa iniciativa é a principal aposta do governo para evitar um fiasco na cúpula do Pará.
Lula também cobrou mais prioridade para a pauta verde, em especial a transição energética. O governo, porém, tem sido cobrado para fazer sua própria lição de casa, se até o combustível usado pelos ônibus da COP ajuda a poluir a atmosfera.
Veja destaques do dia:
Fundo de florestas supera US$ 5 bi
Noruega, Indonésia e França se juntaram ao Brasil e fizeram os maiores investimentos no fundo de proteção de florestas: US$ 3 bilhões (R$ 16 bilhões), US$ 1 bilhão (R$ 5,35 bi) e € 500 milhões (R$ 3,1 bi), respectivamente. A ideia da iniciativa é remunerar os países que protegem florestas, a exemplo do Congo, da Colômbia e do próprio Brasil.
O governo Lula já havia feito aporte de US$ 1 bilhão, ao lançar o programa, o que fez o fundo de florestas atingir metade da meta do governo para a COP (US$ 10 bi).
Holanda e Portugal fizeram promessas de montantes menores, mas Reino Unido (que atraiu grande parte dos holofotes com a participação do príncipe William) e Finlândia fecharam os cofres para o fundo, que se chama TFFF. O Brasil promete uma mobilização corpo a corpo para conseguir mais verba e espera anúncio da Alemanha para esta sexta-feira, 7. LEIA MAIS AQUI.
E, para saber mais sobre as outras cinco propostas que Lula quer levar para os outros chefes de Estado até esta sexta, LEIA AQUI.
Sem água e sem conexão
Obras inacabadas, banheiros sem água e falhas na conexão de internet. Esses são alguns dos problemas de infraestrutura observados no primeiro dia da Cúpula dos Líderes. Na chamada Zona Azul, onde ocorrerão as negociações: também chamam a atenção os preços altos de bebidas e comidas (tem água a R$ 25).
Secretário da COP-30, Valter Correia disse que as obras ainda em andamento na Zona Azul da COP-30, já usada pela cúpula de líderes, "não são estruturais" e que os ajustes eram "previstos".
Segundo ele, faltam apenas detalhes, como pinturas. Ele disse que elas devem terminar ao longo do fim de semana - a cúpula climática começa oficialmente na segunda-feira, 10. LEIA MAIS AQUI.
Diesel de ônibus sob críticas
Com tanto discurso sobre transição energética, o uso do diesel coprocessado da Petrobras em geradores de energia e frotas de ônibus da COP-30 não pegou bem. A Frente Parlamentar Mista do Biodiesel criticou a escolha do combustível para ser vitrine de transição energética no evento: "circo ilusório pintado de verde".
O diesel S10 que a Petrobras usará na COP é produzido a partir do petróleo e tem 10% de conteúdo renovável inserido por meio de coprocessamento. Procurada, a Petrobras não falou. LEIA MAIS AQUI
Príncipe se molha - mas ganha perfume
O príncipe de Gales, William, não trouxe dinheiro para o fundo de florestas, mas foi alvo de holofotes. A cena foi quase britânica, exceto pelo local. Protegido por guarda-chuva preto, ao lado do premiê Keir Starmer, herdeiro do trono se molhou com a chuva - não a londrina, mas uma pancada d´água tropical.
No fim do evento no Museu Emílio Goeldi, um dos cartões-postais de Belém, ele teve até um encontro com uma fã e ganhou um perfume de ervas de presente.
E para conhecer mais sobre a re.green, empresa de recuperação ambiental que ganhou o Earthshot Prize, prêmio para iniciativas sustentáveis do príncipe, LEIA AQUI.
/CARLA MENEZES, FELIPE FRAZÃO, IANDER PORCELLA, JÚLIA PEREIRA, KARLA SPOTORNO, LUCIANA DYNIEWICZ, MATEUS MAIA, PAULA FERREIRA, RENAN MONTEIRO e WILTON JUNIOR