Na COP-30, áreas de raio X ganham mais seguranças e portas quebradas são substituídas
É perceptível o aumento do número de agentes de seguranças nas áreas de triagem dos participantes; portas quebradas foram substituídas
No dia seguinte à tentativa de invasão de povos indígenas à área de negociações da Cúpula do Clima das Nações Unidas (COP-30) - a chamada Blue Zone -, a percepção é de que a segurança no local da cúpula foi pouco alterada. Há apenas mais homens na área em que os participantes passam pelo raio X nesta quarta-feira, 12.
Na noite de terça-feira, 11, manifestantes tentaram acessar a área restrita a credenciados. Eles conseguiram ultrapassar o sistema de raio x, mas foram parados por um bloqueio de segurança antes de acessarem o local. Portas da entrada foram quebradas. Na manhã desta quarta, elas já haviam sido substituídas.
"Lamento muito que esse incidente tenha acontecido. A gente estava aqui organizando esse momento de abertura (da Aldeia COP) com a presença de várias ministras e ministros, então nem fiquei sabendo o motivo desse acontecimento. Lamento muito porque essa COP já está registrada com a maior e melhor participação em protagonismo indígena", disse a ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, na noite de terça-feira à GloboNews.
A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, também lamentou a invasão. "As pessoas responsáveis pela segurança estão fazendo avaliações e relatórios. Obviamente que a COP é sempre um ambiente democrático, de escuta, mas a escuta pressupõe o cumprimento de determinadas regras de democracia", disse à GloboNews.
A Blue Zone é uma espécie de grande tenda. É uma estrutura temporária, tipicamente usada em feiras e congressos, ou seja, frágil.
O acesso para chegar ao local é fechado para carros, com policiamento militar nas ruas desde o primeiro dia da cúpula dos líderes. É preciso caminhar cerca de 10 minutos até a entrada.
Também nesta manhã, o movimento diante da Blue Zone era tranquilo e similar ao de dias anteriores. Além de carros da Polícia Militar, veículos do Corpo de Bombeiros estavam estacionados. Havia menos de dez ativistas segurando cartazes em apoio ao veganismo. Próximo a eles, alguns indígenas vendiam artesanato.
Para entrar na área de negociações, é preciso mostrar a credencial e, em seguida, passar pelo Raio-X. Garrafas de água abertas são proibidas e os computadores precisam ser retirados das mochilas, como ocorre em aeroportos. Após passar pelo monitoramento, o código de barras da credencial é lido por computadores e os participantes têm acesso aos pavilhões dos países (onde ocorrem painéis sobre questões relacionadas à clima).
Os escritórios dos países e as salas de negociações ficam após essa área dos pavilhões. É preciso caminhar cerca de cinco minutos dentro da Blue Zone para chegar a eles.
Na noite de terça-feira, após a tentativa de invasão, a Blue Zone foi fechada. Ela foi reaberta apenas às 7h desta quarta-feira. Profissionais do Estadão que haviam saído do local para cobrir a manifestação do lado de fora foram impedidas de retornar para pegar seus pertences por três horas e meia. A segurança do local é responsabilidade da ONU.
Em nota divulgada na noite de terça-feira, a ONU disse investigar o episódio e informou que dois seguranças ficaram feridos. "As equipes de segurança brasileiras e da ONU tomaram medidas de proteção para garantir a segurança do local, seguindo todos os protocolos de segurança estabelecidos", diz. "O local está totalmente seguro, e as negociações da COP continuam normalmente", acrescenta.