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Enchentes na Líbia devastam cidade de Derna e cerca de 10.000 estão desaparecidos

Tempestade mediterrânea Daniel causou estragos e deixou metade da cidade debaixo d'água. Autoridades acreditam que número possa ser maior.

12 set 2023 - 11h50
(atualizado às 12h39)
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Pessoas ficaram presas em uma estrada após forte tempestade atingir a cidade de Shahhat, na Líbia.
Pessoas ficaram presas em uma estrada após forte tempestade atingir a cidade de Shahhat, na Líbia.
Foto: Reprodução/REUTERS / Reprodução/REUTERS

Pelo menos 10 mil pessoas foram consideradas desaparecidas na Líbia nesta terça-feira, 12, devido às enchentes causadas por uma enorme tempestade que rompeu represas, varreu edifícios e destruiu até um quarto da cidade de Derna, no leste do país.

Mais de mil corpos já foram recuperados em Derna, no leste do país. As autoridades preveem que o número de mortos seja muito maior, após a tempestade Daniel atravessou o Mediterrâneo e atingiu um país dividido e em ruínas após mais de uma década de conflito.

Um jornalista da Reuters que estava a caminho de Derna, uma cidade costeira com cerca de 125.000 habitantes, viu veículos tombados nas margens das estradas, árvores derrubadas e casas abandonadas e inundadas.

Vídeos mostraram uma grande torrente atravessando o centro da cidade após o rompimento de represas, destruindo prédios que ficavam em ambos os lados.

"Os corpos estão espalhados por toda parte - no mar, nos vales, sob os prédios", disse Hichem Abu Chkiouat, ministro da aviação civil na administração que controla o leste, à Reuters, por telefone, pouco depois de visitar Derna.

Líbia pede ajuda internacional após tempestade causar enchentes e devastar cidades no país:

"O número de corpos recuperados em Derna é superior a 1.000", afirmou ele. "Não estou exagerando quando digo que 25% da cidade desapareceu. Muitos, muitos edifícios desabaram."

Mais tarde, Abu Chkiouat disse à Al Jazeera que acredita que o número total de mortos em todo o país chegue a mais de 2.500, já que o número de pessoas desaparecidas estava aumentando.

Outras cidades do leste, incluindo a segunda maior cidade da Líbia, Benghazi, também foram atingidas pela tempestade, e Tamer Ramadan, chefe de uma delegação da Federação Internacional das Sociedades da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho, disse que o número de mortos seria "enorme".

"Podemos confirmar, com base em nossas fontes independentes de informação, que o número de pessoas desaparecidas está chegando a 10.000 até o momento", declarou ele aos repórteres por meio de um link de vídeo.

O chefe de ajuda das Nações Unidas, Martin Griffiths, disse em um post no X, anteriormente conhecido como Twitter, que as equipes de emergência estavam sendo mobilizadas para ajudar no local.

Enquanto a Turquia e outros países enviavam ajuda para a Líbia, incluindo veículos de busca e resgate, barcos de resgate, geradores e alimentos, os cidadãos de Derna, perturbados, corriam para casa em busca de seus entes queridos.

No aeroporto de Trípoli, no noroeste da Líbia, uma mulher começou a chorar alto ao receber uma ligação dizendo que a maior parte de sua família estava morta ou desaparecida. Seu cunhado, Walid Abdulati, disse que "não estamos falando de uma ou duas pessoas mortas, mas de até 10 membros de cada família mortos".

Karim al-Obaidi, um passageiro de um avião que partiu de Trípoli para o leste, afirmou: "Nunca me senti tão assustado como agora... Perdi contato com toda a minha família, amigos e vizinhos".

Um porta-voz do Ministério do Interior disse à Al Jazeera que as equipes navais estavam procurando as "muitas famílias que foram arrastadas para o mar na cidade de Derna".

O papa Francisco estava entre os líderes mundiais que disseram estar profundamente tristes com as mortes e a destruição na Líbia.

A Líbia está politicamente dividida entre o leste e o oeste, e os serviços públicos estão em colapso desde a revolta popular apoiada pela Otan em 2011 que provocou anos de conflito entre facções.

Vista da cidade de Derna após desastre, na Líbia
Vista da cidade de Derna após desastre, na Líbia
Foto: Reprodução/REUTERS / Reprodução/REUTERS
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