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Vettel pilotará Williams de 1992 com combustível sustentável

Sebastian Vettel dará algumas voltas em Silverstone com o icônico Williams FW14B utilizando combustível neutro em carbono

30 jun 2022 - 20h07
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Vettel irá pilotar seu próprio Williams FW14B antes do GP da Inglaterra
Vettel irá pilotar seu próprio Williams FW14B antes do GP da Inglaterra
Foto: F1 / Divulgação

Não faz nem uma semana que falamos sobre o Williams FW14B aqui no Parabólica. O lendário modelo da equipe britânica foi pilotado por Nigel Mansell em Goodwood, Inglaterra, no último domingo (25), como parte das celebrações dos 30 anos de seu título mundial. Exatamente uma semana depois, um FW14B poderá ser visto em ação novamente.

A honra caberá a Sebastian Vettel, piloto da Aston Martin, que dará algumas voltas em Silverstone com o carro momentos antes do início do GP da Inglaterra. Mas engana-se quem pensa que se trata do mesmo carro. O FW14B utilizado por Mansell é uma unidade pertencente à Williams, cedida para uso de seu ex-piloto durante o evento. O que será pilotado por Vettel é de propriedade dele próprio.

Vettel adquiriu o FW14B de chassi 08 em 2019, também em Goodwood. Na ocasião, o alemão pagou nada menos que 2,7 milhões de libras pelo clássico. Em valores atuais, equivalente à bagatela de mais de 17 milhões de reais. O carro de Vettel rodará com uma diferença em relação ao original: o combustível. O motor será alimentado por um combustível sustentável que o fará neutro em emissão de carbono.

Ecologicamente correto

A modificação feita no carro se justifica: engajado em causas ambientais, Vettel chegou ao ponto de chamar a si mesmo de hipócrita por defender o tema ao mesmo tempo em que atua em um esporte que deixa uma expressiva pegada de carbono – principalmente na parte logística. Utilizar um combustível não poluente na demonstração com o FW14B é uma ação simbólica importante para a justíssima causa defendida pelo alemão. Segundo ele próprio, encontrar o combustível foi trabalhoso, mas o escolhido não afeta em nada o funcionamento do motor Renault V10 nem a experiência de pilotar, ver e ouvir o carro.

Mansell pilotou outra unidade do FW14B no último fim de semana
Mansell pilotou outra unidade do FW14B no último fim de semana
Foto: Williams Racing / Twitter

“Foi um certo esforço encontrar o combustível, mas, uma vez que encontramos, foi bem fácil acertar o carro, bastou um shakedown para entender tudo”, afirmou. "Vocês vão ver no domingo, não há diferença para o carro de 30 anos atrás. O som é exatamente o mesmo, anda do mesmo jeito.”

O piloto entende que utilizar combustíveis não poluentes é o caminho tanto para o futuro do automobilismo, quanto uma forma de manter parte da história e do legado do esporte vivos. E esse evento pode ser uma demonstração disso. “Acho que vai ser divertido e acho que ótimo que possamos mostrar isso às pessoas. Automobilismo é toda a nossa paixão, é como crescemos. Acho que os carros que eu sonhava quando criança eram diferentes de alguns de outros pilotos, mas o importante é encontrar uma forma de que possamos fazer isso de forma responsável no futuro, assim como manter esses carros e a história vivos.”

“No fim das contas, você pode expressar cultura de várias formas, música, artes, mas o nosso jeito de nos expressarmos é dirigindo carros, carros de corrida, e seria uma pena se isso tudo desaparecesse”, continuou. “Acho que é uma forma de manter tudo isso vivo e olhar para a frente. A Fórmula 1 está indo nessa direção em 2026. Poderia ser antes, mas é o que é por vários motivos. E acho que é ótimo que possamos juntar tudo isso e nos divertir.”

Vettel se refere aos novos motores da Fórmula 1, que serão introduzidos em 2026. Segundo a própria categoria, tais motores serão alimentados por combustíveis sintéticos de desenvolvimento 100% sustentável, com redução substancial de emissões e com possibilidade de uso em motores já existentes.

Vettel ao lado do FW14B: número 5 tem história
Vettel ao lado do FW14B: número 5 tem história
Foto: @JMD_helmets / Twitter

O FW14B chassi número 08

O FW14B de Vettel ostenta o famoso número 5 vermelho estampado no bico, que se tornou uma marca registrada de Mansell na Williams. Coincidentemente, o próprio Vettel venceu seu primeiro título, em 2010, correndo com o número 5 (vermelho) no Red Bull RB6 – que também era empurrado por um motor Renault. Vettel usou o 5 ainda no kart, e o usa como seu número fixo na Fórmula 1.

Vettel, que é um entusiasta da história da F1, se recorda de assistir o (agora) seu FW14B em ação quando ainda era criança: “Acho que o começo dos anos 1990 são as primeiras memórias que eu tenho da Fórmula 1. Esse carro e os anos depois. [O evento] foi minha ideia, minha iniciativa, e pensei que que fazer isso exatamente 30 anos depois que ele venceu o campeonato e venceu o GP da Inglaterra seria uma ótima ideia.”

A unidade específica que pertence a Vettel, de chassi 08, foi usada por Mansell no começo da temporada de 1992. Com esse mesmo chassi, o bigodudo fez a pole e venceu nada menos que cinco GPs consecutivos: África do Sul, México, Brasil, Espanha e São Marino. Cada uma dessas conquistas está representada por um adesivo no cockpit.

O carro voltou a ser usado na segunda metade da temporada por Riccardo Patrese, que conquistou dois pódios em seis corridas (Inglaterra e Bélgica). O carro foi aposentado após o GP de Portugal, quando Patrese decolou e capotou depois de bater na traseira de Gerhard Berger. Apesar da plasticidade da batida, o chassi pôde ser recuperado pela Williams sem maiores problemas.

Vettel a bordo do carro que já foi pilotado por Nigel Mansell
Vettel a bordo do carro que já foi pilotado por Nigel Mansell
Foto: @sebvettelnews / Twitter

Vettel, apesar de ser o dono do carro há três anos, nunca o pilotou: “Estou muito ansioso para pilotar esse carro pela primeira vez e para ouvir o carro. Acho que muita gente vai compartilhar dessa alegria comigo.”

E, para alegria de quem for comparecer a Silverstone, Vettel sugeriu que pode acelerar o carro sem se preocupar com o que o dono vai pensar: “Eu não vou tentar, nessas poucas voltas, levar o carro ao limite absoluto, mas vou tentar aproveitar. Isso significa ir o mais rápido que eu me sentir confortável, tendo em mente que é o meu carro, o que talvez seja um pouco diferente de um carro que é emprestado.”

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