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Muito além do porpoising: o desafio de acertar o F1 em Mônaco.

Os atuais F1 estão sofrendo com os solavancos de Mônaco, mas não é somente porpoising. Entenda.

28 mai 2022 - 08h00
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Fernando Alonso e sua Alpine nas curvas de Monaco: o desafio de achar o acerto correto
Fernando Alonso e sua Alpine nas curvas de Monaco: o desafio de achar o acerto correto
Foto: Pirelli / Divulgação

Quem acompanhou os rádios dos treinos de Mônaco percebeu que foi quase uma reclamação unanime dos pilotos sobre o comportamento dos carros. Em um recorte da transmissão, considerando que as gravações são selecionadas a dedo, notou-se que a Mercedes foi uma que mais teve reclamações.

Logo de pensou que o porpoising (a quicada) seria o grande problema. Só que temos que lembrar que, embora seja um circuito que exija muito apoio aerodinâmico, não se atinge altas velocidades. Temos dois pontos principais: a saída do túnel e o final da reta de largada.

Nestes locais, o porpoising até aparece, mas sua incidência é muito menor do que em outras pistas. Os grandes problemas em Monaco acabam sendo outros...

- A concepção do carro pelo novo regulamento fez a linha de cintura mais baixa do que a anterior. Além disso, o peso aumentou bastante de um ano para outro. Isso fez o centro de gravidade do carro ficar mais baixo, o que ajuda a deixar mais próximo ao chão;

- Para o efeito solo funcionar, o centro de gravidade mais baixo ajuda. Para poder gerar o apoio aerodinâmico, o objetivo é deixar o carro mais baixo possível para que os túneis de efeito Venturi possam funcionar;

- Para que possa atue à perfeição, o ideal é que a suspensão oscile o menos possível. Afinal, quanto mais o carro esteja estável em relação ao piso, mais apoio o piso gera.

Só que estamos falando de Monaco, um circuito urbano, cheio de calombos no piso, a despeito de todo o trabalho feito. Para encarar as ruas do Principado, as equipes seguem uma receitinha básica: amolecem a suspensão, mexem na direção para poder contornar melhor as curvas, aumentam a altura e botam o máximo de inclinação de asa possível.

Para o um carro com efeito solo, esta é uma equação complicada: o carro mais alto gera menos apoio por parte do piso; a suspensão este ano foi bem mais simplificada em relação aos anos anteriores; os pneus de 18” tem um perfil mais baixo do que seus antecessores de 13”; e os carros têm mais peso a deslocar.

Este coquetel faz os carros vibrarem muito, pois a suspensão não pode ser muito amolecida para o carro não oscilar tanto e tem que ser macia para ajudar nas curvas. O perfil mais baixo dos pneus transfere mais a vibração para os carros. Junte com a baixa eficiência do efeito gerado pelo piso...é uma vibração e falta de aderência para todos. Sem contar a falta de conforto para os pilotos.

Por isso nós vimos tantos carros andando no limite durante dos treinos. Um exemplo disso foram as quase batidas de Lewis Hamilton e Sebastian Vettel. A própria colisão de Daniel Ricciardo nos Esses da Piscina foi decorrente da dificuldade de manter o carro na linha. Sem contar as diversas escapadas na Saint Devote.

Monaco sempre teve seus desafios, mas o novo regulamento ajudou a colocar mais esta situação para os pilotos e equipes e pode ajudar nas diversas nuances que as curvas do Principado trazem....

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