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Hamilton? Schumacher? Senna? Ninguém chega aos pés de Fangio

Existe mesmo o “melhor piloto de todos os tempos”? Se existir, esse “maior dos maiores” não é Hamilton nem Schumacher nem Senna. É Fangio!

28 out 2020 - 08h05
(atualizado em 29/10/2020 às 11h43)
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Vettel e Hamilton: muitas vitórias na última década.
Vettel e Hamilton: muitas vitórias na última década.
Foto: Divulgação

Desde o último domingo (25) não existem mais dúvidas sobre quem é o maior vencedor da Fórmula 1: ao vencer o Grande Prêmio de Portugal, no espetacular circuito de Portimão, Lewis Hamilton chegou ao 92º triunfo, um a mais do que Michael Schumacher, e se apoderou do cobiçado cetro.

Mas esse seu feito não amenizou as discussões que vêm-se arrastando, inconclusivas, desde que o hexacampeão inglês começou a se aproximar do recorde. Argumenta-se e contesta-se a favor de um ou de outro. E a disputa prossegue sem que se anteveja um fim ao tema.

O fato é que não há métrica que satisfaça as dúvidas. O que se pode aceitar como mais próximo é o percentual que representam as vitórias de um piloto ao longo de sua carreira – mas ele também traz distorções. Um caso claro é o de Michael Schumacher. Ele venceu 91 das 306 corridas que disputou, ou seja, venceu 29,74% dessas provas.

Michael Schumacher: números só da fase Ferrari são melhores que os de Hamilton.
Michael Schumacher: números só da fase Ferrari são melhores que os de Hamilton.
Foto: Divulgação

Mas a carreira de Schumacher se dividiu em duas fases. Na primeira, onde conquistou todas suas vitórias, se encerrou em 2006. Ele só retornou à Fórmula 1 em 2010, para ajudar a consolidar a equipe Mercedes. Considerando-se só este período, seu total de participações cai para 250, e seu percentual de vitórias sobe para 36,4%, superior aos 35,11% de Hamilton, que venceu 92 das suas 262 corridas. 

Essa seria a fórmula mais justa? Afinal, ele é comparado a Lewis Hamilton, que em todas suas temporadas teve em mãos carros capazes de vencer – o que não aconteceu nos três anos de Schumacher na Mercedes. 

Juan Manuel Fangio: ninguém conseguiu números iguais aos dele.
Juan Manuel Fangio: ninguém conseguiu números iguais aos dele.
Foto: Divulgação

Mas se a discussão se ampliar e incluir outros campeões, nenhum dos dois aparece no topo da tabela. O vencedor absoluto e inconteste é Juan Manuel Fangio, que venceu 24 das 51 corridas de que participou de 1950 a 57, período em que colecionou nada menos de cinco campeonatos de Fórmula 1. Se seus números absolutos não chegam a um terço dos totais de Hamilton e Schumacher, seu percentual os humilha: 47,06 %.

Pior, nenhum dos dois se aproxima de outro dos grandes mitos, o italiano Alberto Ascari. Ele correu de 1950 a 55, foi campeão em 52 e 53 e venceu 13 das 32 corridas de que participou. Seu percentual é 40,63 %.

O terceiro nesta tabela é Hamilton, com seus 35,23%, à frente de outro mito: o escocês Jim Clark. Ele correu de 1960 a 68, foi campeão em 63 e 65 e venceu 25 de 72 corridas. Seu percentual é de 34,72%.

Jackie Stewart: números incríveis nos anos 70.
Jackie Stewart: números incríveis nos anos 70.
Foto: Divulgação

A favor deles, lembre-se que nos anos 50 e 60 o índice de quebras era infinitamente superior ao atual. Para se ter uma ideia, em 1966, Clark só chegou ao fim de três das nove corridas da temporada.

Neste quadro, o heptacampeão Schumacher já não surge em posição tão alta. Mesmo sendo o dono do maior número de títulos mundiais, aqui ele cai para a quinta colocação.

Além das disputas que opõem os torcedores do hexacampeão (por enquanto) inglês aos do hepta alemão, essa métrica revela uma hierarquia até certo ponto inesperada. O sexto colocado é o escocês Jackie Stewart, 27,27 % com 27 vitórias em 99 participações.

Alain Prost: números robustos na contagem de vitórias por corridas disputadas.
Alain Prost: números robustos na contagem de vitórias por corridas disputadas.
Foto: Divulgação

O tetracampeão francês Alain Prost fica em sétimo: 25,63% com 51 vitórias em 199 participações. Para desgosto de muitos brasileiros, nessa comparação ele se situa à frente de Ayrton Senna, visto por muitos como um dos maiores de todos os tempos. Com 25,47% decorrentes de 41 vitórias em 161 participações, Senna figura na oitava colocação. 

A segui-lo vem o inglês Stirling Moss, que venceu 16 das 66 corridas de que participou entre 1951 e 61, chegando a 24,24%.

Fechando a lista dos 10 melhores percentuais surge um nome que vem sendo intensamente questionado atualmente: Sebastian Vettel. Com 53 vitórias em um total de 252 participações, ele tem 21,03%.

Ayrton Senna e Michael Schumacher.
Ayrton Senna e Michael Schumacher.
Foto: Divulgação

Como são eventualmente citados nas discussões Hamilton x Schumacher, convém revelar os percentuais de Max Verstappen e Valtteri Bottas. Com nove vitórias em 114 corridas, o holandês tem 7,89%; com o mesmo número de vitórias, mas em 151 corridas, o finlandês fica com 5,96%. 

Dentre os brasileiros, o segundo maior percentual cabe ao tricampeão Nelson Piquet. Campeão em 1981, 83 e 87, ele obteve 23 vitórias em 204 corridas, chegando a 11,27%.

Emerson Fittipaldi é o próximo, com 14 vitórias em 144 corridas, o que dá 9,72%. Mas se só considerarmos, a exemplo de Schumacher, os anos na Lotus e na McLaren, quando tinha carros competitivos, o total de corridas cai para 66 e o percentual sobe para 21,21%, o que o coloca em 10º na lista, à frente do tetracampeão Vettel.

Nelson Piquet: segundo brasileiro com a melhor estatística.
Nelson Piquet: segundo brasileiro com a melhor estatística.
Foto: Divulgação

Outra comparação nunca satisfeita é entre Rubens Barrichello e Felipe Massa. Com carreiras relativamente semelhantes, ambos chegaram a 11 vitórias: Rubens em 321 corridas e Felipe em 269. Nesse caso, a vantagem fica com Massa, com 4,09% contra os 3,41% de Rubens. 

Por fim, José Carlos Pace, que conquistou sua única vitória no Grande Prêmio do Brasil de 1975, participou de 71 corridas. Seu percentual é de apenas 1,39%, o que não faz jus a seu enorme talento. E reabre a discussão sobre a eficiência de alguma métrica quando se discute quem é, foi ou será o melhor pilotos de todos os tempos.

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