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Dança das cadeiras: quem vai pilotar a Williams F1 em 2022?

Russell segue especulado como o substituto de Bottas na Mercedes, mas seu futuro ainda não está definido

20 ago 2021 - 17h23
(atualizado às 23h57)
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Williams: dúvida sobre os pilotos para 2022.
Williams: dúvida sobre os pilotos para 2022.
Foto: Williams / Facebook

Uma das mais tradicionais equipes da história da Fórmula 1, a Williams vive dias que em nada lembram sua história de glória e vitórias. Mesmo assim, segue dando o que falar, já que a tão especulada saída de George Russell para a Mercedes-AMG certamente será o primeiro passo da dança das cadeiras para a temporada 2022.

O tema tem sido recorrente nas principais publicações de automobilismo neste mês de férias da categoria. Entre eles, o próprio site oficial da F1, que fez uma análise dos possíveis cenários para a próxima temporada. E cita nomes relevantes, incluindo alguns que talvez nunca voltem para a categoria.

Um deles é o alemão Nico Hulkenberg, que atuou como piloto substituto pela Racing Point em 2020 – mas o fato é que seu retorno à Williams, onde estreou n F1, é difícil. Um dos obstáculos é a idade: Hulk já tem 34 anos; outro, a possível exigência de uma remuneração superior ao que a equipe aceitaria pagar por um piloto que é inegavelmente rápido e experiente, mas que nunca chegou ao pódio nas 179 corridas que fez na categoria.

Um ponto positivo é a pole position que ele deu à própria Williams em Interlagos em seu primeiro ano na F1, 2010. Mas se aquela pole, obtida debaixo de um forte aguaceiro, não bastou para evitar que ele fosse substituído por Pastor Maldonado na temporada seguinte, são poucas as chances que ela aumente suas chances em 2022.

Porém, há alguns outros nomes atraídos pela nova e confortável situação financeira da equipe, recentemente comprada pelo fundo de investimentos norte-americano Dorilton Capital – e também pela eficientíssima chefia do alemão Jost Capito, que tem em seu currículo três dos quatro campeonatos mundiais de rali conquistados pela Volkswagen de 2013 a 2017.

O conjunto Dorilton/Capito já mostrou forte evolução ao longo deste ano, e fez da Williams uma excelente perspectiva para quem não tem um volante garantido para a próxima temporada. Veja mais alguns deles a seguir.

George Russell

Esta é a aposta mais fácil e, também, a preferida da Williams. O inglês de 23 anos corre pela equipe de Grove desde 2019, é identificado com a Williams e acabou de conquistar seus primeiros pontos pelo time no Grande Prêmio da Hungria.

O problema é que seu nome é sempre ligado à Mercedes, já que ele é membro da academia da equipe alemã e sua carreira é gerida pelo austríaco Toto Wolff, o chefão da Mercedes. No placar das especulações, altamente influenciadas pelo fortíssimo lobby da imprensa inglesa, sua presença na Mercedes é a maior aposta, bem superior à permanência do finlandês Valtteri Bottas.

Mas ele também tem obstáculos a superar. Já foi publicamente reprovado como companheiro de pela estrela da companhia, seu conterrâneo Lewis Hamilton, que prefere o conforto da convivência com Bottas, sempre disposto a se sacrificar em prol do triunfo da equipe, a ter a seu lado um piloto jovem, ambicioso e, não se pode negar, extremamente rápido.

Russell: entre Mercedes e Williams.
Russell: entre Mercedes e Williams.
Foto: Pirelli / Divulgação

Contra Russell, existe o temor confesso de Toto Wolff de reviver o purgatório de 2016, quando Nico Rosberg infernizou a Mercedes com sua determinação de bater Hamilton na luta pelo título a qualquer preço. Russell tem afirmado com frequência que nunca deixaria de cumprir ordens de suas equipes, mas esta não é a única dúvida que paira sobre ele.

Sua velocidade é inquestionável, sempre visível nas provas de classificação, quando os carros estão no auge de suas performances – mas seu comportamento durante as corridas não é tão bem avaliado. Sua ótima apresentação como substituto de Lewis Hamilton no GP do Sakhir do ano passado é eventualmente citada como fruto das poucas exigências do circuito e da má atuação de Bottas.

O choque com o mesmíssimo Bottas em Imola, seguido por sua atitude raivosa e entrevistas pouco diplomáticas, e o fato de ter sido superado por seu pouco prestigioso companheiro Nicolas Latifi no GP da Hungria também não contribuem em nada para melhorar sua imagem.

Por outro lado, foi ele o piloto selecionado pela Mercedes para guiar seu carro no teste dos pneus de aro 18 que a Pirelli fez em Hungaroring após o GP. Para alguns, é um sinal indelével de que ele ainda é o favorito para ser o companheiro de Hamilton em 2022; para outros, apenas uma maneira de poupar Bottas após o finlandês ter causado o acidente que eliminou de uma só vez os dois carros da Red Bull e o McLaren de Lando Norris na primeira curva da Hungria.

Valtteri Bottas

Sim, Bottas se tornará uma ótima opção para a Williams caso deixe a Mercedes. Com 31 anos (quase 32), na F1 desde 2013, o finlandês ingressou na Mercedes (vindo da Williams) em 2017. Lá, ele foi vice-campeão em 2019 e 2020, venceu nove das 90 corridas que fez pela equipe alemã mas nunca foi uma ameaça ao sucesso de Hamilton – pelo contrário, abriu mão de vitórias certas para favorecer o companheiro.

Seus melhores momentos são nas provas de classificação, quando não raramente bate o heptacampeão mundial – apenas para, quase sempre, desperdiçar as boas posições no grid com largadas decepcionantes. Para piorar, sua temporada 2021 não é das melhores, é apenas o quarto colocado no campeonato, com 108 pontos, e vem de uma atuação constrangedora no GP da Hungria, onde errou a freada na primeira curva e causou um dos mais memoráveis strikes da história da categoria.

Seu salário não é baixo, o que pode atrapalhar nas negociações, mas a experiência do piloto seria importante para a reconstrução da Williams. Principalmente por conhecer detalhadamente o modus operandi que levou a Mercedes a conquistar todos os títulos de construtores desde 2014.

Daniil Kvyat

O russo deixou a F1 mais uma vez em 2020. Sempre lembrado por ter sido rebaixado da Red Bull para a Toro Rosso (hoje AlphaTauri) em 2016, Kvyat tem apenas 27 anos e tem a seu favor a experiência de ter sido piloto reserva e de desenvolvimento da Ferrari em 2018, função que desempenha hoje na Alpine, Veloz e determinado, ele está decidido a conquistar uma nova oportunidade como titular. Seu salário não é dos mais altos, o que pode ajudar, mas ele tem contra si a imagem de piloto precipitado.

Alex Albon

Ainda ligado aos times da Red Bull, o tailandês foi outro nome citado pelo site da F1. Ele entrou na Fórmula 1 em 2019 pela Toro Rosso e, depois de um ano promissor, foi promovido para a Red Bull, onde foi esmagado psicologicamente pela velocidade de Max Verstappen e pela crueza do conselheiro Helmut Marko.

Com 25 anos e dois terceiros lugares em 38 corridas, Albon foi trocado por Sergio Pérez na equipe dos energéticos e teve que se contentar com uma vaga no DTM, campeonato de carros grã-turismo da Alemanha.

Sedento por uma nova oportunidade na Fórmula 1, o tailandês poderia aceitar um desafio na Williams para tentar reconstruir sua carreira – mas foi visto no paddock da Indycar no último fim de semana, durante a etapa de Indianapolis, em conversa com a equipe Dale Coyne, onde Romain Grosjean inicia com brilhantismo uma nova vida pós-F1. Albon é veloz, relativamente experiente e barato, mas carrega a pecha de fraqueza psicológica.

Guanyu Zhou

Uma das estrelas da F2, onde começou o ano como líder e ocupa agora a segunda colocação, o chinês é eficiente, mas não brilhante. Está em sua terceira temporada na categoria e, como faz parte da academia da Alpine, tem o apoio da Renault em sua busca por uma vaga na F1 em 2022. Já participou, inclusive, da primeira sessão de treinos do GP da Áustria com um carro da Alpine, e seus resultados foram classificados como satisfatórios.

Pela falta de experiência, Zhou só deve ser o escolhido se a Williams tiver um outro piloto mais rodado. Sua maior qualidade é ser o primeiro chinês a chegar à Fórmula 1, o que pode carrear investimentos fortes para a equipe que o escolher. Esta, porém, não parece ser a prioridade da Williams.

Nicholas Latifi

Atual companheiro de Russell na Williams, Latifi está em seu segundo ano na categoria. E por mais que nunca tenha brilhado, até porque o carro não permite grandes proezas, o canadense fez uma corrida consistente na Hungria, somou seus primeiros pontos na F1 (e da Williams desde 2019) e ainda cruzou a linha de chegada à frente de Russell.

Latifi: po ntos para a Williams.
Latifi: po ntos para a Williams.
Foto: Williams / Twitter

Mesmo sem exibir brilhantismo, ao menos o canadense foi fundamental para a equipe interromper o jejum de quase 40 corridas. Claro que os pontos conquistados só foram possíveis porque vários carros foram eliminados nos acidentes da primeira curva (e ainda foram ampliados pela desclassificação do Aston Martin de Sebastian Vettel, que cruzou a linha de chegada em segundo). Mas isso não diminui o mérito de Latifi ter chegado à frente do badaladíssimo Russell.

Trata-se de um piloto em fase final de amadurecimento, confiável e relativamente rápido. Mas é inegável que sua presença na F1 se deve principalmente ao investimento maciço de seu pai, o industrial iraniano Michael Latifi, que também é acionista da McLaren e disputa com Lawrence Stroll e Dmitri Mazepin o título de “Papai Mais Rico” da categoria.

Nyck De Vries

Talvez o nome menos especulado até o mês passado, o jovem holandês ganhou proeminência ao se sagrar campeão da F E na semana passada. Integrante do plantel da Mercedes, ele e o belga Stoffel Vandoorne (ex-piloto da McLaren nos anos difíceis dos motores Honda) deram o título de construtores à equipe alemã em sua segunda (e última) temporada na categoria elétrica.

Foi em meio ao inevitável clima de euforia que Toto Wolff, que também chefia (a distância) a Mercedes na F E, afirmou que De Vries e Vandoorne merecem uma vaga na F1 – mesmo tendo escolhido Russell e preterido os dois reservas quando Hamilton foi impedido de participar do GP do Sakhir do ano passado e no teste dos pneus de aro 18 na Hungria.

De Vries é muito rápido e promissor, mas seu crescimento tem sido lento e sua experiência prévia na F1 se limita a alguns poucos testes com a Mercedes. Foi campeão na F2 em 2019, mas já era a terceira tentativa. Como não dispunha de apoio financeiro forte o bastante, viu a única vaga disponível ser preenchida por seu vice-campeão, o canadense Nicolas Latifi. E até hoje as portas da F1 se mantiveram fechadas para ele.

Oscar Piastri

Novo fenômeno do automobilismo, este neozelandês de 20 anos pode ser a grande surpresa nessa disputa por uma vaga na Williams. Ele tem a chance de se tornar um dos raros pilotos a vencer as três principais categorias de acesso à F1 em sequência. Campeão da F Renault Europeia em 2019, ele dominou a F3 em 2020 e vem liderando a F2 nesta temporada.

Principal estrela da academia da Alpine, ele é hoje o principal nome em ascensão e sua carreira vem sendo acompanhada passo a passo por todas equipes da F1. Mas nem por isso seu futuro está definido. Com a presença garantida de Fernando Alonso até 2022 e Esteban Ocon até 2023, a Alpine não tem vaga para sua pedra preciosa. Mas nem lhe passa pela cabeça perder tamanho talento, que tem sua carreira direcionada pelo australiano Mark Webber, cujos laços com a Red Bull são mais do que notórios.

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