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Renault será líder dos projetos da Nissan no Brasil

Aliança Renault-Nissan-Mitsubishi modifica estratégia global. Carros terão plataforma única e Renault será a líder na América do Sul

27 mai 2020 - 12h39
(atualizado às 12h42)
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Futuro das marcas no Brasil: uma fábrica para hatches e outra para SUVs.
Futuro das marcas no Brasil: uma fábrica para hatches e outra para SUVs.
Foto: Renault-Nissan / Divulgação

Os carros da Aliança Renault-Nissan-Mitsubishi passarão a ser produzidos em plataforma única em todo mundo. A empresa anunciou hoje que a Renault será a líder de todos os projetos da América do Sul. Isso significa que a próxima geração dos SUVs Kicks, Captur e Duster utilizarão a mesma plataforma CMF-B, desenvolvida em conjunto pela Renault e Nissan. As marcas serão mantidas, mas mecanicamente os carros serão parecidos.

Essa estratégia não é novidade para os consumidores brasileiros. Ela foi adotada nos anos 1980 pela Volkswagen e Ford, que se uniram na holding Autolatina. Nesse período, as marcas compartilharam carros como VW Santana/Ford Versailles e VW Apollo/Ford Verona. O objetivo da Aliança Renault-Nissan-Mitsubishi é reduzir os custos e ganhar competitividade.

Além do Brasil e América do Sul, a Renault ficará responsável pelos projetos da Europa, Rússia, América do Sul e Norte da África. A Nissan cuidará dos projetos do Japão, China e América do Norte. A Mitsubishi ficará responsável pelos projetos do Sudeste Asiático e Oceania. Quanto ao desenvolvimento, a Renault vai liderar na área de carros elétricos, a Nissan cuidará dos carros autônomos e a Mitsubishi ficará responsável pelo setor de híbridos plug-in.

Nissan Kicks já é vendido na Índia com a plataforma dos Renault Duster/Captur.
Nissan Kicks já é vendido na Índia com a plataforma dos Renault Duster/Captur.
Foto: Nissan / Divulgação

A nova estratégia vai afetar bastante os negócios dessas marcas e poderá ocorrer fechamento de fábricas. Só no Brasil, a Renault e a Nissan  têm duas fábricas. Muitos pontos continuam obscuros e devem ser esclarecidos nos próximos dias. Segundo o comunicado, os veículos líderes terão prioridade. Portanto, no caso das picapes, a liderança cabe à Nissan Frontier, que é feita na Argentina, de onde deverá vir também a Renault Alaskan. Isso se esses projetos forem mantidos.

No caso dos carros compactos, como o Renault Sandero/Logan e o Nissan March/Versa, a liderança será na Renault e todos passarão a utilizar a nova plataforma CMF-B. Não está claro como ficará o caso do Versa, que acabou de estrear uma nova geração no México. Já o Renault Kwid, já utiliza a plataforma comum CMF-A. As letras A, B e C referem-se ao porte dos carros. Portanto, CMF-A para subcompactos, CMF-B para compactos e CMF-C para médios (como os Nissan Sentra e X-Trail).

Segundo o comunicado, “na América Latina, as plataformas de produto B serão racionalizadas, evoluindo de quatro variantes para apenas uma, tanto para produtos Renault como Nissan. Esta plataforma será produzida em duas fábricas, cada uma produzindo para Renault e Nissan”. Portanto, a plataforma V dos Nissan March/Versa e Kicks e a B0 dos Renault Duster/Captur deixam de existir.

Estratégia é de líder-seguidor, portanto a picape Renault Alaskan segue a Nissan Frontier.
Estratégia é de líder-seguidor, portanto a picape Renault Alaskan segue a Nissan Frontier.
Foto: Renault-Nissan / Divulgação

O comunicado não fala, mas é possível que alguns modelos saiam do mercado brasileiro. Isso vai depender os próximos passos dessa nova estratégia, já sob um novo cenário econômico provocado pela pandemia de coronavírus. A Aliança espera que essa estratégia, chamada de líder-seguidor, produza reduções de até 40% nos investimentos de novos produtos. 

Na França, o governo anunciou uma ajuda financeira à indústria automobilística que pode chegar a 8 bilhões de euros (cerca de R$ 46,7 bilhões). O objetivo é ajudar o setor a se recuperar do rombo financeiro provocado pela pandemia de coronavírus. Desse total, 5 bilhões de euros serão destinados à Renault, 1,3 bilhão será para incentivos na compra de veículos elétricos, num programa de renovação de frota e 1 bilhão para renovação de fábricas.

Além disso, cerca de 600 milhões de euros para participação do governo no capital de startups e outras empresas de mobilidade. “Este é um plano histórico para uma situação histórica. Nosso país não será o mesmo sem suas grandes marcas Renault, Peugeot e Citroën”, disse o presidente da França, Emmanuel Macron.

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