Nova líder, Fiat terá Strada com câmbio CVT este ano
Diretor da Fiat diz que liderança da marca é robusta, confirma quatro lançamentos e revela que futuro do Uno será decidido este ano
A Fiat foi a marca de carros que mais bem aproveitou a crise da Covid-19 para mudar de patamar no mercado brasileiro. Sua robusta liderança em janeiro (19%) não foi um caso isolado e sim uma continuação do que se verificou no último quadrimestre de 2020, quando liderou em setembro, outubro e novembro (perdeu apenas em dezembro para a Chevrolet). Novos produtos estão chegando para a marca e uma das novidades será a picape Strada com câmbio automático tipo CVT.
A confirmação foi dada nesta quarta-feira (3) pelo diretor da marca Fiat na Stellantis, Herlander Zola. Durante uma entrevista coletiva com um restrito grupo de jornalistas, Zola fez um balanço da estratégia da Fiat e confirmou quatro lançamentos para 2020: nova Strada com câmbio CVT, facelift da Toro, 500 elétrico e um SUV compacto baseado no Argo. Ele também comentou sobre outros produtos, como Mobi e Uno.
Apesar da grande participação das vendas diretas em alguns modelos da Fiat, como a Strada e o Mobi, Zola garantiu que a Fiat “não está comprando mercado”. Segundo ele, o sucesso da nova Strada aumentou o fluxo de consumidores nas lojas da Fiat e alguns carros acabaram se beneficiando disso. É o caso do Argo, por exemplo, que teve poucas vendas diretas em janeiro, mas cresceu no total.
“Vender carro perdendo dinheiro não é algo que estamos dispostos a fazer”, disse Zola. “Estamos observando uma mudança de comportamento de algumas marcas. Na pandemia, algumas marcas que eram muito agressivas na parte comercial mudaram de estratégia, e isso nivelou o mercado.” Ele também disse que a saída da Ford abriu novas oportunidades para as montadoras que ficaram. No caso da Fiat, o carro que poderá ser mais beneficiado, segundo ele, é o Argo. Os sedãs Cronos e Grand Siena também podem crescer no vácuo do Ka Sedan e até as picapes Strada e Toro podem ter algum benefício devido à sensação de insegurança de alguns consumidores em relação à nova situação da Ford.
Mas não está fácil comprar uma Strada. A fila de espera está entre 90 e 120 dias. Há falta de aço e de componentes eletrônicos no mercado, afetando a produção de muitos fabricantes. Por enquanto, o cronograma de lançamentos está mantido. A nova Strada CVT certamente trará um atrativo extra para a picape. No caso do 500 elétrico, o ganho será em imagem e não em volume. Já o SUV compacto, ainda sem nome definido e conhecido internamente como projeto 363, aumentará a cobertura da Fiat de 60% para mais de 80% do mercado.
Esse crescimento da marca tem levado vários concessionários a pedirem para entrar na rede Fiat. Segundo Herlander Zola, atualmente 50 das 500 concessionárias da marca já estão com o novo padrão visual das lojas. Até o final do ano serão 250; até o final de 2022 serão todas. O diretor da marca também destaca que a Fiat está colhendo agora o resultado do reposicionamento adotado no primeiro semestre de 2020. Por isso, os investimentos estão concentrados na parte superior da gama. “O Mobi ainda é rentável, mas muito menos do que os carros de segmentos superiores”, explicou. “Hoje 50% do volume da Fiat está baseado em picapes, que têm rentabilidade maior do que o segmento de carros populares.”
CARRO | CATEGORIA |
VENDAS 2020 |
VENDAS JANEIRO |
STRADA | Picape | 80.041 | 9.230 |
ARGO | Hatch | 65.937 | 5.021 |
TORO | Picape | 53.974 | 5.233 |
MOBI | Subcompacto | 46.617 | 4.784 |
UNO | Hatch | 22.737 | 2.059 |
FIORINO | Furgão | 17.852 | 1.685 |
CRONOS | Sedã | 16.165 | 1.031 |
SIENA | Sedã | 10.857 | 1.257 |
DUCATO | Furgão | 3.723 | 191 |
UNO FURGÃO | Furgão | 205 | 0 |
DOBLÒ | Furgão | 185 | 37 |
Zola falou também sobre o futuro do Uno, que teve pouco mais de 2.000 emplacamentos em janeiro. “O Uno atende muito bem à necessidade de algumas categorias, especialmente para quem usa o carro para trabalhar”, disse Zola. “O Uno está posicionado para atender a esse público, a venda varejo do Uno não existe já há algum tempo. Os concessionários procuram clientes de venda direta para ele.”
Diante desse panorama, o futuro do Uno é incerto. “Vai chegar o momento em que teremos que decidir se iremos investir no Uno ou não”, comentou. “O Uno também tem vendas importantes para o Chile, a Argentina, a Bolívia e o Uruguai. No caso do Brasil, precisamos avaliar se o mercado do Uno pode ser absorvido por alguma versão do Mobi ou do Argo.” É possível até que o Uno saia do mercado brasileiro e seja produzido somente para exportação. A decisão acontecerá este ano.
Uno, Mobi e algumas versões do Argo são carros que possivelmente passarão a ter mais clientes via assinatura ou locação do que pela posse. Por isso, a Fiat está atenta a esses movimentos, seja pela criação do canal de assinaturas Flua ou pelo atendimento às locadoras.” Quando olhamos para o universo de locadoras, o volume já deve estar perto de 25% do total, sendo que em 2019 estava abaixo de 20%”, comentou Zola. Segundo ele, formou-se uma bolha no ano passado porque as locadoras não compraram o volume de carros habitual.
Herlander Zola afirmou ainda que a participação de 19% nas vendas de janeiro “é um share pesado, robusto, relevante” para a Fiat. Zola acredita que, a partir de agora, a Fiat lutará não apenas pela liderança pontual em alguns meses, mas sim pela liderança anual do mercado. Podemos prever uma grande disputa, portanto, entre Fiat, Chevrolet e Volkswagen pelo título de marca de carros número 1 do Brasil. Atualmente, esse título pertence à Chevrolet, que pegou a liderança em 2016 e nunca mais largou.