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Chevrolet: Onix tem o dobro de semicondutores dos rivais

Hermann Mahnke, diretor de marketing da GM, diz que não vai mudar posicionamento do Chevrolet Onix para ser "líder a qualquer preço"

3 jun 2021 - 12h51
(atualizado às 16h39)
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Chevrolet Onix: cerca de 1.000 semicondutores em cada unidade produzida.
Chevrolet Onix: cerca de 1.000 semicondutores em cada unidade produzida.
Foto: GM / Divulgação

O Chevrolet Onix é o hatch compacto que mais usa semicondutores em sua produção. Esses componentes estão em falta no mercado global e são utilizados na fabricação de chips eletrônicos. Segundo Hermann Mahnke, diretor de Marketing da GM América do Sul, um estudo da área de engenharia da GM concluiu que o Chevrolet Onix utiliza o dobro de semicondutores utilizados pelos demais hatches compactos.

Em entrevista exclusiva para o Guia do Carro, Mahnke afirmou que a Chevrolet decidiu abrir mão da liderança momentânea para não tirar conteúdo do Onix. Afinal, foi exatamente a introdução de conteúdos eletrônicos que tornaram o Onix hexacampeão nacional de vendas (2015 a 2020).

“Chegamos num ponto em que precisamos decidir se a gente ia ficar fiel à nossa estratégia, ou se iríamos tirar conteúdo do carro por causa da falta de semicondutores”, disse Mahnke. A GM está fazendo um levantamento do número de semicondutores utilizados por cada hatch compacto. “Falando em grandes números, o Onix utiliza em média o dobro de semicondutores para ter uma unidade.” Mahnke não citou nenhum rival, mas podemos concluir que o Fiat Argo, novo líder de mercado (maio), seja um deles. Consultada, a Fiat afirmou que o Argo utiliza mais de 1.100 semicondutores e que está acima da média do mercado.

Hermann Mahnke, diretor de marketing de GM: "Queremos a liderança a qualquer preço? Não".
Hermann Mahnke, diretor de marketing de GM: "Queremos a liderança a qualquer preço? Não".
Foto: GM / Divulgação

A fábrica da GM em Gravataí está paralisada desde abril. Por causa disso, o Chevrolet Onix despencou nas vendas, saindo de um patamar de 10 mil emplacamentos (janeiro e fevereiro) para apenas 3,8 mil em maio, quando terminou o mês em 13º lugar. Já o Fiat Argo foi o carro mais vendido do Brasil em maio, superando 10 mil vendas.

Hermann Mahnke confessa que foi muito doloroso ver o Onix despencar nas vendas. Porém, a GM decidiu não modificar o posicionamento do carro, pois acredita que ele voltará à liderança quando a situação se normalizar. 

“O Onix aposta muito nessa integração de componentes, principalmente de câmbio e motor”, disse Mahnke. “Em sistema de segurança vão cerca de 300 semicondutores. Quando você fala de conforto e conveniência, vão outros 300 semicondutores. Quando você fala conectividade, Wi-Fi e MyLink, vão outros 250 semicondutores. E quando você fala de propulsão, da combinação câmbio-motor, que fazem com que o carro seja super gostoso de dirigir e seja super econômico ao mesmo tempo, são outros 250 semicondutores. Aí, o xis da questão é: começamos a depenar desses carros para poder produzir ou nos mantemos fiéis à nossa estratégia? A decisão foi nos mantermos fiéis à nossa estratégia, porque não foi fácil chegar até aqui.”

Outro fator para a queda vertiginosa de vendas do Chevrolet Onix, segundo o diretor de marketing da GM, é que o foco do modelo são as vendas de varejo (nas concessionárias) e não as vendas diretas (para frotistas). Segundo Mahnke, 80% do volume do Onix é vendido no varejo, ficando apenas 20% para as vendas diretas. No caso do Onix Plus, são 66% para o varejo e 34% para as vendas diretas (num cenário normal de mercado). “Nossa vocação é fazer carro para o varejo, para o consumidor final”, comenta.

Chevrolet Joy: participação do antigo Onix no mix subiu de 15% para 40%.
Chevrolet Joy: participação do antigo Onix no mix subiu de 15% para 40%.
Foto: GM / Divulgação

O diretor de marketing da GM acrescenta que 30% das vendas do Chevrolet Onix são das versões LTZ e Premier (topo de linha, mais equipadas). “Vale a pena a gente começar a empobrecer esse mix para ter carro no mercado?”, pergunta Mahnke, já emendando uma resposta: “Isso vai passar. Em questão de um ou dois meses, a gente vai superar essa crise, vai começar a produzir. Queremos a liderança a qualquer preço? Não. A gente quer essa liderança com qualidade, com saúde, podendo vender 80% do mix no varejo, podendo vender 35% ou 40% de um mix muito mais rico”.

Segundo o executivo, a GM segue a seguinte estratégia: “Não é tudo por um carro zero, é tudo por um Onix". Nessa estratégia, o modelo Joy (antigo Onix) tem um papel importante, pois evita que a Chevrolet entre numa guerra de preços com o novo Onix. De acordo con informações da GM, o Onix Joy manteve este ano a venda média de 1.500 unidades/mês. Portanto, se em janeiro e fevereiro, o Joy representava apenas 15% do mix do Chevrolet Onix,  em maio a participação do Joy foi de quase 40%.

O retorno da produção ainda não tem data certa. A GM pretende manter a estratégia de associar o Chevrolet Onix ao universo da música. O carro sofreu também com o adiamento do Lollapalooza, do qual é patrocinador. Agora, a marca aposta numa ação chamada Onix Music Trip, uma espécie de reality show transmitido pelo Instagram da Chevrolet, no qual um grupo de artistas e influenciadores realizam uma turnê a bordo de um Onix.

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Guia do Carro
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