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Alfa Romeo ganha 10 anos para provar que tem futuro

Decisão da Stellantis, de dar um prazo de 10 anos para a marca italiana provar seu valor, dificulta seu retorno ao Brasil

18 mai 2021 - 05h00
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Alfa Romeo Stelvio.
Alfa Romeo Stelvio.
Foto: Stellantis

O sonho de retorno da Alfa Romeo ao Brasil está mais distante. Na semana passada, o CEO global da Stellantis,  Carlos Tavares, revelou que a gloriosa marca de carros italiana tem um prazo de 10 anos para provar seu valor. Se não conseguir, será  vendida ou fechada. Assim, ficou ainda mais difícil a volta dos carros da Alfa ao Brasil, pelo menos enquanto o país mantiver sua imprevisibilidade econômica. 

Para uma marca de 111 anos, uma década pode parecer pouco. Mas a verdade é que a Stellantis está sendo generosa com suas marcas. O prazo de 10 anos é perfeitamente viável para que uma marca recupere sua relevância e competitividade. Mas a Alfa Romeo não é a única que está na marca do pênalti. Também italiana, a Lancia é outra que corre perigo de ser fechada. A francesa DS também corre perigo.

Do outro lado do Atlântico, a Chrysler é a marca mais ameaçada. No momento, a Stellantis tem 14 marcas de carros. A dificuldade para a Alfa Romeo é que o posto de marca de luxo italiana já está muito bem ocupado pela Maserati. A Alfa teria que achar um posicionamento entre a Fiat e a Maserati. Talvez seja possível e a estratégia vai ser investir em carros elétricos, posicionando-se como marca premium relativamente popular, pois a Maserati é a marca de alto luxo, quase uma Ferrari (que não é do grupo).

DS 7 Crossback.
DS 7 Crossback.
Foto: Stellantis

Para a Lancia, a situação é mais difícil. A marca se notabilizou no passado por grandes conquistas no rali, mas hoje parece não ter espaço no grupo. Ela compete diretamente com a Fiat. Por isso, teria que ser uma marca muito popular, com modelos mais acessíveis. Difícil é conseguir isso num ambiente em que os custos estão maiores porque a indústria inteira está apostando na eletrificação.

Na França, a situação da DS não é melhor. Oriunda da Citroën, a DS se tornou um luxo, pois poderia ser apenas uma linha de carros. A tradição começou com o Citroën DS, nos anos 50, mas a fusão entre a Peugeot e a Citroën dificultou as coisas. Agora, num grupo que tem ainda mais 11 marcas, ficou mais difícil. 

“Faremos o que for preciso para sermos altamente lucrativos com a tecnologia certa”, disse Tavares ao Financial Times Future of the Car Summit. “No passado, muitas outras montadoras estavam dispostas a comprar a Alfa. Aos olhos desses compradores, tem um grande valor. Eles estão certos. Tem um grande valor.”

Lancia Ypsilon.
Lancia Ypsilon.
Foto: Stellantis

O problema da Alfa Romeo é que os modelos Giulia e Stelvio usam uma arquitetura de engenharia cara, que acaba de ser cortada pela Stellantis. “Há uma desconexão com produtos, história e com quem estamos falando”, disse Carlos Tavares. “Precisamos consertar a distribuição e entender com quem estamos falando e sobre qual promessa de marca estamos falando com eles. Vai demorar um pouco para acertar.”

Atualmente em seu sexto ano, o Giulia nunca superou 25.000 vendas por ano na Europa, ou 10.000 por ano nos Estados Unidos. Por isso, a Stellantis não quer investir eternamente numa marca somente por causa de sua história.  “Damos uma chance a cada uma de nossas marcas, sob a liderança de um CEO forte, para definir sua visão, construir um roteiro e garantir que eles usem os valiosos ativos da Stellantis para fazer seu business case voar”, disse Tavares.

“Estamos dando a cada um uma chance, dando a cada um uma janela de tempo de 10 anos e financiando por 10 anos para fazer uma estratégia de modelo central”, continuou. “Os CEOs precisam ser claros na promessa da marca, nos clientes, nos alvos e nas comunicações da marca. Se eles tiverem sucesso, ótimo. Cada marca tem a chance de fazer algo diferente e atrair os clientes.” Se não estiverem, bem… adeus.

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