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Secretaria de Habitação dos EUA acusa Facebook de 'discriminar usuários'

Segundo órgão governamental, rede social exclui pessoas de ver anúncios de casas e apartamentos, com base em etnia, gênero, religião, nacionalidade e até interesses

28 mar 2019 - 12h11
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A Secretaria de Habitação e Desenvolvimento Urbano dos Estados Unidos (HUD, na sigla em inglês) acusou, nesta quinta-feira, 28, o Facebook de cometer discriminação com seus anúncios direcionados. Segundo o órgão americano, a plataforma da rede social viola a Lei de Habitação Justa (Fair Housing Act, em inglês) por "encorajar, permitir e causar" discriminação ao restringir usuários a ver determinados anúncios de casas e apartamentos.

As acusações pegaram o Facebook de surpresa, uma semana após a rede social ter concordado, junto a grupos de defesa de direitos civis, de acabar com seu sistema de microdirecionamento de anúncios para propaganda de empregos, empréstimos e habitações, após diversas reclamações. "Estamos surpresos com a decisão da HUD, porque estamos trabalhando sobre o tema e já tomamos passos significativos para prevenir discriminação", disse Joe Osborne, porta-voz do Facebook.

Osborne disse ainda que o Facebook se negou a oferecer acesso total e não filtrado à base de usuários da rede social - segundo a empresa, ceder geraria um precedente perigoso. "Enquanto buscávamos uma solução, o HUD insistiu no acesso a informações sensíveis sem tomar as devidas precauções", disse. "Estamos desapontados com o que aconteceu hoje, mas continuaremos trabalhando junto a especialistas em direitos civis."

Secretário de habitação, o republicano Ben Carson acusou o Facebook de permitir que anunciantes excluam pessoas da lista de usuários que recebem propagandas de imóveis a partir de sua etnia, nacionalidade, status familiar, deficiências, gênero, CEP ou religião. A HUD alega que o Facebook exclui pessoas nascidas fora dos EUA, que não sejam cristãs ou que tenham interesse na cultura latina, por exemplo.

A acusação revelada nesta quinta-feira é amparada por uma investigação iniciada há dois anos, ainda sob a administração de Barack Obama. "O Facebook está discriminando pessoas baseando-se em quem são e onde vivem. Usar um computador para limitar as opções de onde alguém vai morar pode ser tão preconceituoso quanto fechar uma porta na cara de alguém", disse Carson, em comunicado na manhã desta quinta-feira.

Segundo as acusações do governo, o Facebook combina data que coleta sobre seus usuários com informações de comportamento obtidas em outros sites e também no mundo "não digital". A agência afirma que o Facebook usa aprendizado de máquina para classificar usuários e projetar sua probabilidade de clicar em um anúncio.

As ações do HUD contra o Facebook podem ser estendidas a outras empresas de tecnologia com práticas semelhantes e que já estão sendo investigadas pela secretaria, disseram fontes ao Washington Post.

"Mesmo com o avanço da tecnologia, as leis de habitação justa criadas há meio século permanecem as mesmas - é contra a lei fazer tal discriminação. Só porque o processo de propaganda é opaco e complexo não significa que o Facebook tenha menos culpa. É nosso trabalho criar remédios para os dias de hoje", disse Paul Compton, conselheiro-geral da HUD.

Segundo os oficiais da secretaria, a HUD pretende "endereçar questões ainda não resolvidas sobre as práticas do Facebook e obter reparações para os danos já causados pela rede social." / TRADUÇÃO DE BRUNO CAPELAS

Estadão
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