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Chegada da internet às casas desperta expectativa entre cubanos

7 jan 2017 - 10h23
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Desde que foram anunciados há três semanas a diminuição nas tarifas oficiais de internet e um teste de conexão em residências de Havana, os cubanos estão entusiasmados com o acesso à rede, embora muitos questionem se poderão manter o novo serviço após o término do período experimental.

A possibilidade de se conectar de casa até então era reservada a um restrito número de profissionais, mas desde 20 de dezembro cerca de dois mil usuários de Havana Velha passaram a fazer parte de um teste que os permitiu "uma abertura a um mundo maior", comentou Eduardo, que administra uma galeria de arte em Havana.

Este trabalhador se disse "contente" por ter sido incluído no teste, com o qual pode se comunicar com a família e se manter informado "de notícias que não chegam aqui".

"O mundo inteiro está conectado (à internet), como uma pulga em cima do gato. Os moradores estão descobrindo um mundo diferente. Todos estão falando com a família, buscando informação e vendo novelas, filmes e séries. Há quem tenha outros interesses, relacionados ao trabalho. Nós, por exemplo, aproveitamos e colocamos nossa arte na rede", explicou.

Embora Eduardo admita que a conexão é "lenta e demora um pouco", para quem não "sonhava com a conexão à internet de casa" isso já parece "muito bom". A preocupação agora é com o que acontecerá quando acabarem os três meses de teste e o serviço começar a ser cobrado.

"O que as pessoas estão esperando é ver quanto vai custar, porque o teste foi feito a dedo: esta casa, essa e aquela. Aqui temos uma renda estável, mas conheço pessoas que não têm US$ 80 para pagar por 30 horas ao mês, que dizem ser o futuro preço", analisou.

A empresa estatal de comunicações Etecsa anunciou no dia 20 de dezembro a diminuição da tarifa de dois pesos conversíveis cubanos (CUC, equivalentes a dólares) para 1,50 para os pontos públicos de conexão Wi-Fi e salas de navegação, junto ao início do teste, chamado "Nauta Hogar", para dois mil usuários de Havana Velha.

Os diretores da Etecsa especificaram que seria utilizada banda larga com tecnologia ADSL por uma determinada quantidade de horas, associadas à velocidade da conexão, e que os beneficiados teriam, ao término do teste, a possibilidade de contratar o serviço.

"O problema é que a internet foi dada a poucas pessoas e que não estão interessadas, que não sabem nem ligar um computador ou que não poderão manter a conexão", disse à Agência Efe um usuário que optou pelo anonimato.

Cuba é um dos países com menor taxa de penetração de internet do mundo e, para tentar atenuar esta situação, a Etecsa abriu desde julho de 2015 pontos públicos de conexão Wi-Fi, que atualmente somam mais de 200 em todo o país, com 250 mil usuários diários.

O governo cubano citou razões econômicas e a vigência do embargo dos Estados Unidos como justificativa para o atraso do país em acessar novas tecnologias da comunicação.

Mas, para os críticos e opositores ao modelo socialista do país, esse argumento é falacioso, por considerarem que as autoridades mantiveram restrito o acesso à internet por razões políticas e para limitar o livre acesso à informação.

Uma nota divulgada na última quinta-feira pela televisão estatal cubana informou que já se encontram ativos cinco pontos de internet sem fio que cobrem quase totalmente os oito quilômetros da emblemática mureta do Malecón, na orla de Havana.

O chefe comercial da Divisão Territorial Norte da Etecsa em Havana, Javier Ferreira, garantiu que para responder às insatisfações dos usuários foi disponibilizada a venda de cupons de recarga para as contas temporárias e permanentes do serviço Nauta com a abertura de "minipontos de venda em lugares movimentados".

"Sempre que for para facilitar o acesso à internet, me parece certo. Continuamos incomodados por não termos onde sentar, mas é melhor do que não ter nada", comentou Yailín, uma havanesa de 27 anos que costuma usufruir dos pontos com Wi-Fi, a maioria localizada em parques e espaços públicos.

EFE   
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