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PT cita discurso de Ulysses Guimarães em vídeo contra a ditadura

Partido tenta se contrapor a Bolsonaro, que fez defesa do golpe militar de 1964; Movimentos sociais planejam mais um panelaço contra o presidente

31 mar 2020 - 16h41
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Em mais um contraponto ao governo Jair Bolsonaro, o PT divulgou um vídeo com o mote "Ditadura nunca mais" e aprovou uma nota na qual lamenta o golpe militar de 1964 e conclama as Forças Armadas a de engajarem contra a "aposta no caos" feita pelo presidente. Além disso, o PT junto com outros partidos e movimentos de oposição convocam para as 20h30 um panelaço contra Bolsonaro e em defesa da democracia.

Esta terça-feira, 31, marca o aniversário de 56 anos do golpe militar que derrubou o presidente João Goulart e mergulhou o pais em 21 anos de ditadura. O PT divulgou em suas redes sociais e nas de suas principais lideranças um vídeo com o mote ¨Ditadura nunca mais¨ no qual utiliza o histórico discurso do deputado Ulysses Guimarães (1916-1992) na promulgação da Constituição de 1988.

O vídeo é mais um contraponto do PT ao governo Bolsonaro. Ontem o ministro da Defesa, Fernando Azevedo, chamou o golpe de 1964 de ¨marco para a democracia¨. Hoje o vice-presidente, Hamilton Mourão, publicou uma mensagem elogiando o golpe e comemorando a eleição indireta do general Castelo Branco, um dos artífices do golpe, para presidir o Brasil em substituição a Jango. O próprio Bolsonaro já fez vários elogios à ditadura, defendeu os crimes de tortura praticados pelo regime militar e um de seus maiores torturadores, o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra (1932-2015).

No vídeo divulgado hoje, o PT usa o discurso de Ulysses, considerado um líbelo histórico de defesa da democracia no Brasil.

¨Traidor da Constituição é traidor da pátria. Conhecemos o caminho maldito. Rasgar a Constituição, trancar as portas do Parlamento, garrotear a liberdade, mandar os patriotas para a cadeia, o exílio e o cemitério. Após tantos de luta e sacrifícios temos ódio à ditadura. Ódio e nojo¨, disse Ulysses no dia 5 de outubro de 1988, quando foi promulgada a nova Constituição e restabelecida a ordem democrática no país.

Ironicamente, a bancada constituinte do PT, cujo líder era o então deputado Luiz Inácio Lula da Silva, votou contra o texto. Só depois de aprovada a Constituição, o PT assinou a nova Carta.

O próprio Lula já fez algumas vezes o mea-culpa pela atitude do PT à época. "Uma parte da bancada, radicalizada, achava que não deveria assinar e eu disse: ´Não tem sentido. A gente participou dois anos aqui, ganhamos salário, ganhamos assistentes para nos ajudar, como é que pode um filho nascer e a gente não registrar? Vamos assinar´", disse Lula em 2008, quando era presidente, na cerimônia de 20 anos da promulgação ca Constituição de 1988. Para o então presidente, a Carta "é um garante da democracia, esta é a verdade nua e crua".

Em nota divulgada nesta terça-feira, o PT diz que não há o que comemorar nesta data pede o engajamento dos militares contra a forma como Bolsonaro vem agindo diante da pandemia.

¨Não há o que celebrar nesta data, nem mesmo por aqueles que, na falta de argumentos críveis, apegam-se à falácia de que a ditadura teria evitado o comunismo ou qualquer outro fantasma de sua visão autoritária.O que o Brasil precisa evitar neste momento, com o engajamento de todos, inclusive das Forças Armadas, é a aposta no caos que o pior presidente da República de todos os tempos está lançando, ao investir contra a saúde da população e a vida das pessoas em meio à crise do coronavírus¨, diz o texto.

Na segunda-feira, quando líderes da oposição pediram abertamente a renúncia de Bolsonaro, o ex-comandante do Exército, general Eduardo Villas Bôas, publicou um texto em defesa do presidente no qual fala que o Brasil pode enfrentar ¨consequências imprevisíveis¨ que seriam fruto de ¨ações extremadas¨. O texto foi interpretado pela oposição como um recado das Forças Armadas.

O tema ganhou protagonismo nas redes sociais. Dois dos assuntos mais comentados hoje no Twitter são ¨ditadura nunca mais¨ e ¨Ulysses Guimarães¨. Apoiadores de conseguiram emplacar a hashtag (palavra chace) #31deMarçopertenceàHistoria, em defesa da ditadura.

Estadão
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