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Plantas nucleares do Irã podem ter resistido a bombardeio, aponta inteligência americana

24 jun 2025 - 19h17
(atualizado em 25/6/2025 às 05h29)
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Relatório de inteligência americana sugere que danos podem ter sido superficiais e que estoque de urânio enriquecido não foi destruído. Casa Branca nega e afirma que vazamento visa prejudicar Trump.O bombardeio de três instalações nucleares do Irã pelos Estados Unidos não destruiu os componentes centrais do programa nuclear de Teerã e provavelmente apenas o atrasou por alguns meses, informou a imprensa americana nesta terça-feira (24/06), citando uma avaliação inicial da inteligência dos EUA.

Imagem de satélite mostra perfurações de bombardeio americano contra complexo nuclear de Fordo, no Irã
Imagem de satélite mostra perfurações de bombardeio americano contra complexo nuclear de Fordo, no Irã
Foto: DW / Deutsche Welle

Duas dessas fontes teriam dito à emissora CNN que o estoque de urânio enriquecido do Irã não foi destruído. Uma delas teria afirmado ainda que as centrífugas ainda estão praticamente "intactas", e que os danos se limitaram a estruturas acima da superfície.

As centrífugas poderiam ser reativadas em questão de meses, segundo o jornal The Guardian, e boa parte dos estoques de urânio teria sido remanejada antes dos bombardeios.

A notícia contradiz as declarações do presidente Donald Trump, segundo quem o bombardeio teria "obliterado" as instalações de enriquecimento de urânio do Irã.

A Casa Branca confirmou que a avaliação existe, mas que não condiz com a realidade e que foi vazada para prejudicar Trump. "Todo mundo sabe o que acontece quando você despeja 14 bombas de 13,6 toneladas perfeitamente sobre os alvos: obliteração total", reagiu a secretária de imprensa Karoline Leavitt.

Leavitt referia-se às bombas GBU-57, também conhecidas como "destruidoras de bunkers", já que são capazes de penetrar até 60 metros abaixo do solo antes de explodir. O armamento foi usado contra Natanz e o complexo subterrâneo de Fordo, considerado impenetrável pelos explosivos de Israel, e que teria sido construído a cerca de 100 metros de profundidade.

Isfahan, porém, teria sido bombardeada apenas com mísseis Tomahawk, segundo a CNN, e teria instalações ainda mais profundas que Fordo.

O parecer que contradiz Trump foi produzido pela Agência de Inteligência de Defesa, braço de inteligência do Pentágono, e não tem caráter definitivo, já que diversas agências do governo americano continuam colhendo informações sobre os efeitos dos bombardeios.

Em linha com a Casa Branca, o chefe do Pentágono, Pete Hegseth, disse à CNN que o bombardeio americano "obliterou a capacidade do Irã de criar armas nucleares" e que as bombas atingiram o alvo certo e funcionaram "perfeitamente". "O impacto dessas bombas está enterrado sob uma montanha de destroços no Irã, então qualquer um que diga que as bombas não foram devastadoras só está tentando minar o presidente e a missão bem-sucedida."

Dúvidas sobre sobrevivência do programa nuclear iraniano

Ainda de acordo com a CNN, alguns funcionários do governo americano acreditam que o Irã tenha outras instalações nucleares secretas que sequer foram bombardeadas e seguem operacionais.

Já a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), órgão fiscalizador da ONU, diz não ter certeza de que o Irã não tenha conseguido salvar algo de seu estoque de urânio enriquecido, movendo-os de Fordo, Isfahan e Natanz antes dos bombardeios.

O próprio Irã afirma ter feito isso. Mas não se sabe quanto disso é verdade e quanto é retórica para mascarar a humilhação do regime dos aiatolás.

Segundo a AIEA, Teerã dispunha de 400 quilos de urânio enriquecido a 60%, muito próximo dos 90% necessários à fabricação de armas de destruição em massa.

"Gostaria que os estoques estivessem enterrados, mas nosso entendimento é que partes dele foram levados pelo Irã, e não sabemos onde estão", disse David Albright, ex-inspetor de armas nucleares da ONU, à CNN.

A dúvida foi reforçada após o vice-presidente americano, J.D. Vance, sugerir em entrevistas que a questão dos estoques não era tão relevante e que poderia ser negociada posteriormente com o Irã.

À emissora Fox News, Vance frisou na segunda-feira que o objetivo do bombardeio americano era minar a capacidade iraniana de enriquecer o urânio ao nível de armamento e transformá-lo numa arma nuclear.

O Irã, que é signatário do Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares, sempre insistiu que seu programa tem fins pacíficos. Mas a AIEA diz não ter tanta certeza disso, apontando que o país vinha descumprindo suas obrigações nos últimos anos.

Alas mais radicais do regime defendem a produção de armas nucleares justamente como mecanismo de proteção contra ataques como os que o país sofreu nas últimas duas semanas.

Irã diz que vai dar continuidade a programa nuclear

Nesta terça-feira, o governo iraniano anunciou que "tomou as providências necessárias" para assegurar a continuidade de seu programa nuclear.

"Planos para reiniciar [as instalações] foram preparados com antecedência, e nossa estratégia é assegurar que a produção e serviços não sejam parados", disse o chefe da Organização de Energia Atômica do Irã, Mohammad Eslami.

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, afirmou nesta terça que "a ameaça de aniquilação nuclear" foi removida, junto com a ameaça representada por outros "20 mil mísseis balísticos", e frisou que o país está determinado a deter qualquer tentativa de Teerã de reativar seu programa nuclear.

Desde a manhã desta terça, está em vigor um cessar-fogo entre Irã e Israel. Após ambos os lados se acusarem de violar o acordo, Trump interveio.

"Tenho que fazer Israel se acalmar agora", disse a repórteres antes de partir para uma reunião de cúpula da Otan na Holanda. Os dois países estariam lutando "há tanto tempo e tão intensamente que não sabem mais o que raios estão fazendo".

Horas depois, ambos os países abriram seus espaços aéreos, num sinal de que a situação parece ter se estabilizado.

O saldo oficial de vítimas no conflito é de 28 mortos no lado israelense e 610 no lado iraniano.

ra/as (Reuters, AFP, ots)

Deutsche Welle A Deutsche Welle é a emissora internacional da Alemanha e produz jornalismo independente em 30 idiomas.
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