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O que já se sabe sobre o atentado contra Bolsonaro

PF informou ao presidente que não há evidência da participação de outras pessoas além de Adélio Bispo no ataque

26 fev 2019 - 09h10
(atualizado às 11h12)
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O atentado a faca contra o então candidato Jair Bolsonaro, que completa seis meses na próxima semana, voltou ao noticiário após o presidente receber o delegado responsável pelo caso, Rodrigo Morais. O inquérito policial que mira Adélio Bispo de Oliveira, que admitiu o crime, ainda não foi concluído.

Nesta segunda-feira, 25, Bolsonaro recebeu, além de Morais, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, o diretor-geral da Polícia Federal, Maurício Valeixo, e o superintendente da PF em Minas Gerais, o delegado Cairo Costa Duarte. A PF informou o presidente que não há, até o momento, evidência da participação de outras pessoas no ataque além de Adélio. As investigações podem durar até abril.

Bolsonaro foi atingido por facada e passa por cirurgia
Bolsonaro foi atingido por facada e passa por cirurgia
Foto: Fábio Motta / Estadão Conteúdo

Este já é o segundo inquérito contra Adélio no caso. Abaixo, explicamos o que já se sabe sobre o atentado:

Quem é Adélio?

O servente de pedreiro Adelio Bispo de Oliveira, de 40 anos, tinha duas passagens pela polícia e era visto como uma pessoa de personalidade forte em sua cidade natal, Montes Claros, no norte de Minas Gerais. Em agosto de 2013, ele tentou invadir a casa da sogra para agredir a ex-esposa. Em outro registro policial, no mesmo ano, ele e outro homem brigaram e trocaram tapas e socos, ocorrência fichada como lesão corporal dupla.

Adelio Bispo de Oliveira é transferido de Juiz de Fora para Campo Grande (Mato Grosso do Sul)
Adelio Bispo de Oliveira é transferido de Juiz de Fora para Campo Grande (Mato Grosso do Sul)
Foto: Ricardo Moraes / Reuters

Nas redes, Adelio publicou mensagens de ódio contra Jair Bolsonaro nos meses que antecederam o atentado. Entre elas, uma em que pedia "pena de morte" ao presidenciável, chamado de "traidor", "judas" e também constantemente xingado.

Adélio foi filiado, entre 2007 e 2014, ao PSOL de Uberaba (MG), e incentivava protestos na cidade. Também chegou a participar de manifestações contra a corrupção na cidade e em Brasília, em frente ao Congresso Nacional. Publicou ainda imagens de pessoas que defendem a liberdade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, preso e condenado na Operação Lava Jato.

O PSOL confirmou a filiação até 2014, e informou que Adélio não foi dirigente partidário e que não foi possível saber os motivos de sua filiação ou desfiliação após sete anos. Segundo policiais da PM em Juiz de Fora, Adelio disse, em depoimento, que não é ligado a qualquer partido político, e que agiu porque não "simpatiza" com o candidato.

Inquéritos

A investigação em andamento já é a segunda sobre o caso. A PF apresentou o primeiro inquérito 22 dias após o ataque, no qual concluiu que Adélio atuou sozinho no dia do crime, motivado pelo "inconformismo político". Ao longo da apuração, a polícia descobriu que ele chegou a tentar comprar uma arma de fogo, mas por causa da burocracia e dos custos desistiu da ideia.

Além disso, a PF apurou que Adélio fez um curso de tiro na região metropolitana de Florianópolis, em Santa Catarina, em julho deste ano. A PF esteve no local, tomou o depoimento das pessoas que trabalham no local e soube que na aula final do curso, Adélio chegou a disparar 70 tiros. O clube, na cidade de São José, também é frequentado pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente.

Para chegar à conclusão da atuação isolada, 50 policiais da PF analisaram 150 horas de vídeos, 600 documentos e 1.200 fotos. Além disso, foram analisados 2 terabytes de informações encontradas com Bispo e de quebras de sigilo telefônico, bancários e telemático.

No segundo inquérito, a PF investiga dados telefônicos e contatos mantidos por Adélio nos últimos cinco anos. Além disso, são analisadas 6 mil mensagens trocadas via aplicativo e dados coletados em seis e-mails utilizados pelo autor do crime. No fim de janeiro, o MPF autorizou a prorrogação das investigações por 90 dias, o que significa que a polícia tem até abril para concluir o segundo inquérito.

Avaliação psiquiátrica

A defesa de Adélio alega que ele sofre de problemas mentais e pediu que ele seja submetido a testes psiquiátricos. O Ministério Público Federal de Minas, no entanto, afirma que o réu mostrou "lucidez e coesão" de raciocínio na sua audiência de custódia, realizada um dia após sua prisão.

À defesa e ao juiz, o agressor disse que já passou por diversos tipos de tratamento nos últimos anos. De acordo com o Boletim de Ocorrência (BO) do ataque, Adélio disse que saiu de casa com a faca para atacar o candidato do PSL "no melhor momento que encontrasse". O ataque, segundo ele, se deu "por motivos pessoais" que os policiais "não entenderiam". Disse ainda, conforme o BO, que fez tudo "a mando de Deus". (Assista ao depoimento de Adélio)

O atentado

Carregado nos ombros por simpatizantes, Bolsonaro participava de uma caminhada pelas ruas do centro de Juiz de Fora quando foi esfaqueado. O então candidato à Presidência cumpria agenda em um dos principais endereços da cidade, no calçadão da Rua Halfeld, local exclusivo para pedestres. O candidato seguia o script de suas agendas de rua: caminhadas no meio dos apoiadores, selfies e interação com crianças e adolescentes simulando armas com as mãos.

Em meio à multidão, Adelio Bispo de Oliveira sacou a faca e rapidamente atingiu o presidenciável. Com uma expressão de surpresa e dor, Bolsonaro se inclinou para trás e foi amparado. Bolsonaro foi rapidamente levado para o carro que o transportava, que logo seguiu para a Santa Casa de Misericórdia, o hospital mais próximo.

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