Ninho do Urubu: absolvição de réus gera revolta entre familiares das vítimas
A Justiça do Rio de Janeiro absolveu todos os réus do caso do incêndio no Ninho do Urubu em 2019, onde 10 adolescentes atletas do Flamengo morreram
Indignação é a palavra que define o sentimento de Darlei Pisetta, pai de Bernardo, um dos 10 adolescentes que morreram em 2019, no incêndio no Ninho do Urubu, centro de treinamento do Flamengo, no Rio. Eles respondiam por crimes de incêndio culposo e lesão grave. A tragédia, ocorrida em fevereiro de 2019, resultou na morte dos jovens, com idades entre 14 e 16 anos.
A revolta veio depois que a Justiça absolveu todos os réus do caso. A decisão é assinada pelo juiz Tiago Fernandes de Barros.
"É uma indignação muito grande, é um sentimento de impotência. A gente se sente um lixo. São os nossos filhos. E alguém tira a vida dos nossos filhos, e nada acontece. Isso não é justo. Não tem cabimento. Ficamos sem palavras. É revoltante", afirmou o pai ao portal g1.
Bernardo tinha 14 anos quando morreu. Era de Santa Catarina e tinha ido morar no RJ para ser goleiro de um dos times da base do Flamengo.
O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro havia solicitado, em maio deste ano, a condenação de todos os envolvidos após ouvir mais de 40 testemunhas ao longo do processo.
Incêndio no Ninho do Urubu
O incêndio, que chocou o país, teve início em um aparelho de ar-condicionado nos contêineres que eram utilizados como alojamento das categorias de base do clube. Vinte e seis jovens atletas dormiam no local no momento em que o fogo começou.
Entre os réus absolvidos, estavam dois diretores do Flamengo, dois engenheiros responsáveis pela parte técnica dos contêineres, e sócios da empresa de refrigeração responsável pela manutenção dos aparelhos. Vale lembrar que o processo contra o então presidente do clube, Eduardo Bandeira de Mello, já havia sido extinto anteriormente, e outros três acusados já tinham sido absolvidos.
Indenizações
Em relação à esfera cível, o Flamengo já realizou a indenização das famílias dos dez adolescentes que faleceram na tragédia. Contudo, o clube ainda busca transferir parte da responsabilidade. Em setembro, a 6ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ) negou, por unanimidade, um recurso do Flamengo que visava incluir a empresa NHJ do Brasil no processo que trata das indenizações. A desembargadora relatora, Sirley Abreu Biondi, manteve a decisão inicial, ressaltando que a manobra jurídica do clube buscava "apenas transferir a responsabilidade para terceiros", o que não foi permitido pela jurisprudência.