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Votação online decidirá futuro do governo italiano

M5S submeterá acordo com PD a consulta em sua plataforma digital

2 set 2019 - 11h41
(atualizado às 12h02)
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Uma plataforma online que reúne menos de 1% da população da Itália decidirá nesta semana o futuro político do país, que se vê em meio a mais uma crise por conta do fim da coalizão entre o antissistema Movimento 5 Estrelas (M5S) e a ultranacionalista Liga.

Luigi Di Maio (centro), o líder político do Movimento 5 Estrelas
Luigi Di Maio (centro), o líder político do Movimento 5 Estrelas
Foto: ANSA / Ansa - Brasil

A turbulência teve início após o ministro do Interior e vice-premier Matteo Salvini ter rompido a aliança de ocasião com o M5S, com o objetivo de capitalizar a liderança da Liga nas pesquisas e chegar ao cargo de primeiro-ministro.

O movimento antissistema, no entanto, abriu negociações com seu maior adversário político, o centro-esquerdista Partido Democrático (PD), e frustrou, ao menos por enquanto, o desejo de Salvini de realizar novas eleições.

Após inúmeras idas e vindas, as tratativas entre M5S e PD entraram na reta final nesta semana, mas um eventual acordo ainda será submetido a uma votação online na plataforma "Rousseau", que reúne filiados ao movimento antissistema e é alvo de desconfiança de seus adversários.

A consulta deve acontecer das 9h às 18h desta terça-feira (3), com a seguinte pergunta: "Você está de acordo que o Movimento 5 Estrelas dê início a um governo, junto com o Partido Democrático, presidido por Giuseppe Conte?".

Criada pela empresa de consultoria digital Casaleggio Associati, "dona" do M5S, a Rousseau é a principal ferramenta do projeto de democracia direta do partido, mas não é auditada de forma independente.

A plataforma é gerida pela "Associação Rousseau", presidida por Davide Casaleggio, responsável pela Casaleggio Associati e filho de Gianroberto Casaleggio (1954-2016), o "ideólogo" do movimento e de seu sistema de democracia direta. O site é financiado pelos próprios parlamentares do M5S, que precisam desembolsar 300 euros por mês para pagar as despesas.

Não se sabe exatamente o número de inscritos na plataforma, mas um texto publicado recentemente pelo partido fala em cerca de 100 mil filiados com direito a voto, o que equivale a aproximadamente 0,16% da população italiana.

Em fevereiro passado, no entanto, uma votação sobre a abordagem do partido em relação a uma denúncia de sequestro contra Salvini teve a participação de somente 52.417 inscritos, número recorde em consultas de apenas um dia na Rousseau.

Até hoje, nunca uma votação na plataforma do M5S contrariou a vontade das lideranças do partido. Em reunião nesta segunda-feira (2) com ministros do movimento, o vice-premier Luigi Di Maio teria dito que o nascimento do novo governo dependerá do resultado desta terça.

"A plataforma é um meio que o movimento encontrou para tomar as próprias decisões. Se o 'não' vencer, o primeiro-ministro deverá aceitar o resultado negativo", disse Stefano Patuanelli, líder do M5S no Senado.

O PD, que sempre criticou a Rousseau, vem evitando ataques à plataforma. Líderes dos dois partidos têm reunião marcada com o primeiro-ministro Giuseppe Conte nesta segunda-feira, com o objetivo de desatar os últimos nós das tratativas.

Ainda há entraves sobre a composição do ministério e o programa de governo, já que PD e M5S têm posições conflitantes em temas como União Europeia, grandes obras e acolhimento de migrantes e refugiados.

Ansa - Brasil   
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