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Turquia diz que assassinato de Khashoggi foi planejado e que verdade virá à tona

22 out 2018 - 10h27
(atualizado às 12h36)
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O partido governista da Turquia disse nesta segunda-feira que Jamal Khashoggi foi vítima de um assassinato "monstruosamente planejado", rejeitando a alegação de Riad de que ele teria morrido em uma briga, à medida que aumenta a descrença do Ocidente nas múltiplas explicações da Arábia Saudita para o desaparecimento do jornalista.

Bandeira da Arábia Saudita no consulado do país em Istambul 22/10/2018 REUTERS/Murad Sezer
Bandeira da Arábia Saudita no consulado do país em Istambul 22/10/2018 REUTERS/Murad Sezer
Foto: Reuters

Khashoggi, colunista do jornal Washington Post e crítico do poderoso príncipe herdeiro saudita, desapareceu três semanas atrás depois de entrar no consulado saudita em Istambul para obter documentos para se casar.

A reação de Riad desde então, inicialmente negando conhecimento do fato para depois dizer que ele morreu durante uma briga no consulado, deixou vários governos ocidentais incrédulos e tensionou as relações do Ocidente com o maior exportador de petróleo do mundo.

O porta-voz do partido governista turco AK, Omer Celik, disse que esforços foram feitos para ocultar o assassinato, em referência a imagens de câmeras de segurança transmitidas pela CNN que mostram um homem vestido como Khashoggi andando por Istambul, depois que o jornalista desapareceu.

"Estamos enfrentando uma situação que foi monstruosamente planejada e que, depois, tentaram ocultar. É um assassinato complicado", disse a repórteres.

"Estamos sendo cuidadosos para que ninguém tente ocultar a questão. A verdade virá à tona. Os responsáveis serão punidos, algo como isso nunca mais passará pela cabeça de ninguém".

Khashoggi desapareceu no dia 2 de outubro, depois de entrar no consulado da Arábia Saudita em Istambul. Após semanas negando ter conhecimento sobre o que aconteceu com ele, autoridades sauditas disseram que o proeminente jornalista foi morto em uma briga.

No domingo, o ministro de Relações Exteriores da Arábia Saudita, Adel al-Jubeir, disse que Khashoggi morreu em uma "operação clandestina", mas alguns de seus comentários pareceram contradizer declarações anteriores de Riad, representando mais uma mudança na história oficial.

Vários países, incluindo Alemanha, Reino Unido, França e Turquia, têm pressionado a Arábia Saudita para que apresente fatos, e a chanceler Angela Merkel disse que Berlim não exportará armas ao reino enquanto persistir qualquer incerteza a respeito do destino de Khashoggi.

"É impossível não se perguntar como pode ter havido uma 'troca de socos' entre 15 combatentes jovens especializados... e Khashoggi, de 60 anos, sozinho e impotente", escreveu Yasin Aktay, conselheiro do presidente turco, Tayyip Erdogan, e amigo de Khashoggi, no jornal pró-governo Yeni Safak.

"O argumento da 'troca de socos' para a morte de Khashoggi é um cenário montado às pressas agora que ficou claro que os detalhes do incidente virão à tona em breve", escreveu Aktay. "Quanto mais se pensa nisso, mais parece que se está zombando da nossa inteligência."

Erdogan disse que divulgará informações sobre a investigação de seu país em um discurso na terça-feira.

Autoridades da Turquia suspeitam que Khashoggi foi assassinado dentro do consulado e que seu corpo foi retalhado. Fontes turcas dizem que as autoridades têm uma gravação de áudio que supostamente documenta o assassinato do jornalista de 59 anos.

Para os aliados da Arábia Saudita, a questão será se acreditam que o príncipe herdeiro, Mohammed bin Salman, que se apresenta como um reformista, tem alguma culpa. O rei Salman, de 82 anos, deixou a seu cargo a administração cotidiana do reino.

Em alguns pontos críticos, a explicação de Jubeir parece divergir de comunicados oficiais anteriores.

O ministro de Relações Exteriores saudita disse que autoridades do reino não sabiam como Khashoggi tinha morrido. Isso contradiz a informação emitida pelo procurador-geral um dia antes de que Khashoggi morreu após uma briga com pessoas que o encontraram dentro do consulado. A fala também contradiz comentários feitos por duas autoridades sauditas à Reuters de que o jornalista morreu após estrangulamento.

Um membro da equipe se vestiu com as roupas de Khashoggi para parecer que o jornalista tinha deixado o consulado, disse uma autoridade saudita. Esse relato parece ter sido corroborado por imagens de câmera de segurança transmitidas pela CNN que mostram um homem vestido como Khashoggi andando por Istambul.

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