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Trump ameaça retaliar Espanha por recusar gastos em defesa: 'Vamos fazê-los pagar o dobro'

Espanha foi o único membro da Otan a se opor à nova meta de gasto com defesa de 5% do PIB até 2035, proposta pelo presidente americano

25 jun 2025 - 16h37
(atualizado às 16h54)
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Foto oficial da abertura da reunião da Otan de 2025, sediada em Haia
Foto oficial da abertura da reunião da Otan de 2025, sediada em Haia
Foto: Divulgação/Otan

A cúpula da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), realizada neste ano em Haia, na Holanda, terminou nesta quarta-feira, 25, com o compromisso de líderes de aumentar os gastos com defesa e segurança do atual patamar de 2% para 5% do PIB até 2035. O texto final da declaração afirma que aliados concordaram com a meta inicialmente proposta por Donald Trump - mas não crava que todos os aliados estão de acordo com esses termos.

O comunicado foi pensado para, ao mesmo tempo, acenar para o presidente americano e acomodar a posição da Espanha, único dos 32 países-membros a se opor à meta durante o encontro anual da aliança militar ocidental, que durou dois dias.

"A maioria deles, imagino que quase todos [os países], contribuirão agora com 5%", disse Trump, após o encerramento da cúpula. Ele criticou e ameaçou com tarifas comerciais a Espanha, que atualmente gasta cerca de 1,3% do seu PIB (soma de todos os bens e serviços que cada nação produz) em defesa e planeja expandir essa proporção para até 2,1%.

"Estamos negociando com a Espanha um acordo comercial; vamos fazê-los pagar o dobro. Estou falando sério sobre isso."

Os comentários de Trump sugerem que seu governo, que negocia um novo pacto com a União Europeia após ameaçar tarifas de até 50% para corrigir o que chama de déficits "injustos", busque agora taxar itens específicos que podem afetar particularmente a Espanha.

"[A Espanha] é um lugar fantástico e tem um povo ótimo, mas a Espanha é o único país, de todos os países, que se recusa a pagar, e, vocês sabem, querem de graça, mas terão que nos pagar de volta por meio do comércio, porque eu não vou permitir que isso aconteça. É injusto", enfatizou.

"Acho a Espanha terrível. É o único país que não pagará o valor total. Eles querem ficar em 2%. Acho isso terrível. E, como vocês sabem, eles estão indo muito bem. A economia está indo muito bem. E essa economia pode entrar em colapso total se algo ruim acontecer", prosseguiu.

Presidente dos EUA, Donald Trump, fala com repórteres na Casa Branca antes de partir para reunião de cúpula da Otan em Haia, na Holanda 24/06/2025
Presidente dos EUA, Donald Trump, fala com repórteres na Casa Branca antes de partir para reunião de cúpula da Otan em Haia, na Holanda 24/06/2025
Foto: REUTERS/Kevin Lamarque

Acordos e críticas

A redação final do comunicado da cúpula foi resultado de um acordo firmado entre o secretário-geral da Otan, Mark Rutte, e o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, para dar um senso de unidade à organização.

Sánchez confirmou nesta quarta que seu país não gastará mais de 2,1% de seu PIB em defesa e defendeu que o valor é suficiente para cumprir todos os seus compromissos com a Otan.

Ele agradeceu o respeito de todos os aliados à soberania da Espanha para decidir seu gasto e garantiu que o país, além de cumprir com as capacidades acordadas, continuará sendo uma peça-chave na arquitetura da segurança europeia.

O mandatário também rebateu as críticas de Trump, que acusou a Espanha de ser um problema para a Otan. "A Espanha sempre é a solução, nunca é o problema", disse.

Washington considera o atual limite de gastos "ridículo" e acredita que todos os membros do bloco são capazes de assumir o aumento proposto no início do ano e ratificado nesta quarta.

Quando o aumento foi colocado na mesa, poucos o consideraram realista, já que 9 dos 32 países que integram a aliança militar ainda não haviam atingido a meta de 2% de gastos estabelecida em 2014. Mark Rutte enfatizou nas últimas semanas que é hora de adotar uma "mentalidade de guerra" e fortalecer a aliança.

O presidente da França, Emmanuel Macron, comemorou o compromisso dos países-mebros da Otan, mas destacou que é uma "aberração" travar uma guerra comercial entre aliados.

"Este compromisso europeu impõe de forma evidente a paz comercial. Não podemos dizer entre aliados 'vamos gastar mais' e dentro da Otan fazer guerra comercial. É uma aberração", afirmou em declarações à imprensa.

Europa fortalecida

Desde que a Rússia iniciou sua invasão em larga escala à Ucrânia, em fevereiro de 2022, os membros europeus da Otan têm aumentado seus gastos com defesa, preocupados com o fato de a Rússia persistir como a maior ameaça à estabilidade na região.

A guerra na Ucrânia não foi um tema tão forte neste ano em comparação com edições anteriores da cúpula, mas a declaração final reafirmou os "compromissos soberanos e duradouros da Otan de fornecer apoio à Ucrânia, cuja segurança contribui para a nossa", sem mencionar qualquer perspectiva de adesão do país à aliança.

Macron disse que considera a ampliação dos gastos com defesa uma medida necessária para que a Europa dependa "menos dos outros", produzindo seu próprio armamento e fazendo "exercícios em comum".

Segundo o presidente francês, aumentar o investimento em defesa é uma necessidade diante do "atraso" em relação à estrutura militar de Moscou.

O chanceler alemão, Friedrich Merz, disse após o encontro que pressionou Trump a ampliar as sanções à Rússia.

Macron adiantou que em julho haverá uma nova reunião, semelhante à realizada em fevereiro, entre países europeus e aliados como o Canadá, para avaliar a forma como podem garantir a segurança de Kiev diante de um potencial cessar-fogo, especialmente através do envio de forças para o campo de batalha.

Ataques ao Irã

Um dos temas que dominaram a cúpula da Otan foi o conflito entre Israel e Irã e a atuação dos Estados Unidos.

Em uma coletiva de imprensa, o secretário-geral da organização militar ocidental, Mark Rutte, comparou Trump a um "papai " intervindo em uma briga de pátio de escola, depois que ele repreendeu os dois arquirrivais nesta semana.

Questionado pelo seu tom amigável em relação a Trump, Rutte disse que o líder "merece todos os elogios" por tomar uma "ação decisiva" contra o Irã e pressionar os aliados da Otan a aumentar seus gastos militares.

Rutte afirmou ainda que Trump era um "homem de paz", por ter costurado uma trégua entre israelenses e iranianos dois dias depois de o Exército americano bombardear três instalações nucleares iranianas.

Trump, por sua vez, dedicou grande parte de sua entrevista coletiva para contestar o relatório de inteligência dos EUA que concluiu que os ataques americanos à república islâmica apenas atrasaram o programa nuclear iraniano em questão de meses.

Ele culpou a mídia por questionar a eficácia dos ataques, embora o relatório tenha sido elaborado pela Agência de Inteligência de Defesa dos EUA, e afirmou que a ofensiva havia encerrado a guerra com Israel.

sf (EFE, AFP, ots)

Deutsche Welle A Deutsche Welle é a emissora internacional da Alemanha e produz jornalismo independente em 30 idiomas.
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