Tibete: festa de 60 anos da região autônoma mascara violação de direitos humanos e repressão cultural
O presidente chinês, Xi Jinping, participou nesta quinta-feira (21) de uma grande cerimônia em Lhasa, capital do Tibete, durante uma rara visita à região. O evento marcou os 60 anos da fundação da Região Autônoma do Tibete, criada em 1965, seis anos após o 14º Dalai Lama fugir para o exílio na Índia.
O presidente chinês, Xi Jinping, participou nesta quinta-feira (21) de uma grande cerimônia em Lhasa, capital do Tibete, durante uma rara visita à região. O evento marcou os 60 anos da fundação da Região Autônoma do Tibete, criada em 1965, seis anos após o 14º Dalai Lama fugir para o exílio na Índia.
A cerimônia foi realizada diante do imponente Palácio de Potala, antiga residência dos Dalai Lamas e símbolo espiritual do budismo tibetano.
Xi Jinping defendeu a "unidade étnica e harmonia religiosa", em uma região onde a China é acusada de violações de direitos humanos, repressão cultural e vigilância em larga escala. "Para governar, estabilizar e desenvolver o Tibete, devemos primeiro salvaguardar a estabilidade política, a estabilidade social, a unidade étnica e a harmonia religiosa", declarou Xi na quarta-feira (20), segundo a emissora estatal CCTV.
Durante o evento, o dirigente do Partido Comunista Wang Huning reforçou o discurso oficial contra o separatismo: "Qualquer tentativa de dividir a pátria e minar a estabilidade do Tibete está condenada ao fracasso". Ele também exaltou os avanços econômicos da região, afirmando que "somente sob a liderança do Partido Comunista, a população tibetana pode alcançar prosperidade e uma vida feliz".
A cerimônia reuniu cerca de 20 mil pessoas, incluindo militares, estudantes e moradores em trajes tradicionais. O desfile contou com dançarinos tibetanos, carros alegóricos com slogans oficiais e apresentações militares, em uma demonstração de força e controle político.
Sucessão
A visita de Xi ocorre em meio a crescentes tensões sobre a sucessão do Dalai Lama, que completou 90 anos e vive exilado na cidade indiana de Dharamshala, onde funciona o governo tibetano no exílio. Em julho, o líder espiritual afirmou que sua sucessão será decidida exclusivamente por sua equipe, rejeitando qualquer interferência externa. No entanto, Pequim insiste que o próximo Dalai Lama deve ser aprovado pelo governo chinês, o que pode levar ao surgimento de dois líderes rivais do budismo tibetano.
Xi também promoveu o avanço do projeto da megabarragem de Yarlung Tsangpo, iniciado em julho. Com um custo estimado de 1,2 trilhão de yuans (US$ 167 bilhões), o projeto hidrelétrico pode se tornar o maior do mundo. A construção preocupa países vizinhos como Índia e Bangladesh, que estão rio abaixo.
O governo indiano afirmou ter abordado o tema esta semana em reuniões com o ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi, em Nova Délhi, onde também discutiram a disputa fronteiriça que levou a graves confrontos em 2020.
Com informações da AFP