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Rejeitados por décadas, torniquetes ajudaram a salvar vidas após massacre em Las Vegas

13 out 2017 - 09h40
(atualizado às 10h10)
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Quando uma bala estraçalhou o braço de Paola Bautista, sua irmã e um estranho na multidão que assistia ao festival musical Route 91 Harvest, em Las Vegas, a afastaram do local e em seguida se concentraram em seu sangramento.

Homenagens a vítimas de massacre em Las Vegas 09/10/2017 REUTERS/Las Vegas Sun/Steve Marcus
Homenagens a vítimas de massacre em Las Vegas 09/10/2017 REUTERS/Las Vegas Sun/Steve Marcus
Foto: Reuters

Daisy Bautista inseriu uma meia no buraco do braço da irmã, e o homem que a ajudava apertou um cinto ao redor da ferida. Esta improvisação pode ter salvado a vida de Paola, evitando a perda de sangue que é a principal causa de mortes por ferimento.

Paola, uma californiana fã de música country, é uma das muitas vítimas de um ataque a tiros em Las Vegas que foram beneficiadas pelo uso de uma técnica de salvamento de vidas polêmica e de vários séculos de existência que está sendo retomada, o torniquete.

Embora exista desde a Idade Média, o torniquete ganhou má fama nas últimas décadas por causa dos temores de que aumente o risco de amputações. Agora essa percepção deu lugar a um novo consenso médico, segundo o qual é melhor salvar uma vida do que um membro do corpo, e a indícios colhidos recentemente nos campos de batalha mostrando que atualmente o risco de amputação é bastante baixo.

A nova visão ganhou aceitação mais ampla no meio médico depois do massacre de 2012 na escola de ensino fundamental Sandy Hook, no Estado norte-americano de Connecticut. Seguindo uma diretiva do então presidente norte-americano Barack Obama para encontrar maneiras de aumentar a sobrevivência em ataques do tipo, um grupo de médicos publicou o "Consenso Hartford", um compêndio de práticas e diretrizes ideais com destaque para um pedido de reabilitação do torniquete.

Desde então, mais de 200 mil policiais de grandes cidades dos Estados Unidos foram treinados para usar a técnica de salvamento de vidas de baixo custo. O Conselho de Segurança Nacional, juntamente com grupos de assistência emergencial e de ferimentos, lançou a campanha "Estanque o sangramento" para divulgar o treinamento entre civis. Shopping centers e aeroportos começaram a instalar conjuntos de controle de sangramento, incluindo torniquetes, em paredes perto de desfibriladores de emergência.

"Queremos transformá-lo no próximo RCP (ressuscitação cardiopulmonar)", disse Ian Weston, paramédico e diretor-executivo da American Trauma Society.

A má reputação do torniquete tem alguma base em fatos, já que, quando um membro fica muito tempo sem fluxo de sangue e a função não pode ser restaurada, a amputação pode ser necessária -- mas hoje em dia a maioria das vítimas de ferimentos recebe ajuda antes de o torniquete se tornar um perigo.

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