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Polícia prende 16 suspeitos em operação 'anti-terror' em Bruxelas

22 nov 2015 - 22h27
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Operação policial em Bruxelas prendeu 16 pessoas
Operação policial em Bruxelas prendeu 16 pessoas
Foto: Divulgação/BBC Brasil / BBC News Brasil

Autoridades belgas confirmaram a prisão de 16 pessoas em uma operação 'anti-terror' comandada pela polícia em Bruxelas na noite deste domingo.

Suspeito de participar dos ataques em Paris que deixaram ao menos 130 mortos, Salah Abdeslam não esteve entre os detidos.

A operação durou horas e manteve o clima de tensão na principal praça de Bruxelas, a Grand Place. Policiais orientaram as pessoas para ficarem dentro de casa e longe das janelas.

Segundo o promotor Eric Van Der Sypt, nenhuma arma ou explosivo foram encontrado durante a operação, que teve 19 buscas pela cidade.

Tensão

Após um fim de semana conturbado, a capital belga, Bruxelas, ainda vive as consequências do "clima de tensão" que tomou conta da cidade desde o último sábado, quando elevou o alerta de terror para o nível máximo.

Neste domingo, o primeiro ministro belga, Charles Michel, disse que manterá o alerta para a capital na segunda-feira e que o metrô, as escolas e as universidades permanecerão fechados. Segundo ele, "a ameaça ainda é séria e iminente".

"Compreendemos que essa decisão complica a rotina de trabalho das pessoas, mas assumimos as responsabilidades disso", disse o premiê.

Ele ainda reforçou que o alerta máximo é apenas para a capital e que o resto do país segue com alerta um pouco mais baixo - 3 de 4.

"As autoridades estão fazendo tudo o que podem para que a cidade volte ao normal o mais rápido possível", acrescentou.

Charles Michel disse também que a Bélgica teme um "ataque similar aos que aconteceram em Paris, com vários indivíduos que podem orquestrar outra série de atentados em diversas localidades na capital belga".

Investigações

Em outro desdobramento das investigações sobre os supostos envolvidos nos ataques a Paris na semana passada, a França anunciou mais um "procurado". A polícia francesa pede ajuda para identificar aquele que seria o terceiro homem-bomba a morrer na explosão perto do Stade de France. Ele teria sido registrado como imigrante na Grécia.

A BBC apurou que a foto divulgada é de um homem conhecido como M. al-Mahmod. O homem procurado teve sua entrada registrada na ilha grega de Leros em 3 de outubro e viajava com essa identidade

Ele estaria junto com um outro homem-bomba que usava o nome de Ahmad al-Mohammad e também se explodiu no ataque ao Stade de France.

"Hoje, a polícia francesa revelou uma foto do suspeito que seria o terceiro homem-bomba a se explodir no Stade de France. Nós conseguimos identificar a foto dele, é um homem chamado M. al-Mahmod. Ele chegou na ilha de Leros em 3 de outubro. Deixou sua impressão digital, tirou uma foto no local e depois comprou uma passagem de trem junto com outro colega que também seria um dos homens-bomba do Stade de France", explicou o repórter da BBC, Ed Thomas, que obteve as informações em Atenas.

Documento de um dos homens-bomba do Stade de France; ele deu entrada na Grécia como refugiado
Documento de um dos homens-bomba do Stade de France; ele deu entrada na Grécia como refugiado
Foto: Divulgação/BBC Brasil / BBC News Brasil

"Os dois deixaram a ilha grega juntos. Os dois deixaram a Síria juntos, foram para a Turquia, chegaram na Grécia e aí foram para Paris. As autoridades francesas entraram em contato com as autoridades da Grécia pedindo as fotos e impressões digitais de quem deu entrada ali."

"E é por conta disso, pelo fato de os gregos estarem buscando e analisando esses papéis, que eles conseguiram confirmar que dois dos homens que deram entrada ali eram os homens-bomba que estiveram no ataque no Stade de France. Mas eles chegaram em um grupo de seis sírios e ainda não se sabe onde os outros quatro estão", finalizou Ed Thomas.

Segurança

Um dia após elevar o alerta de terror para o nível máximo, Bruxelas, acordou neste domingo sob forte esquema de segurança, com a polícia buscando vários suspeitos de envolvimento em atividades terroristas.

A população foi aconselhada a evitar locais com grande aglomeração de pessoas.

O esquema de segurança foi implementado após autoridades afirmarem que Bruxelas poderia ser alvo de ataques semelhantes aos ocorridos em Paris há cerca de uma semana, que deixaram 130 mortos e mais de 350 feridos.

Enquanto isso, policiais realizam buscas por possíveis envolvidos em atividades ligadas ao terrorismo. A caçada a um dos suspeitos dos ataques em Paris, Salah Abdeslam, que está foragido, continua.

Salah foi descrito pela polícia como "armado" e "perigoso". Amigos dizem que ele retornou a Bruxelas e estaria tentando viajar à Síria.

Pelo segundo dia consecutivo, militares continuam patrulhando as ruas de Bruxelas, considerada o "centro nervoso" dos ataques à capital francesa. As ações teriam sido planejadas na capital belga, onde vivia a maioria dos envolvidos nos atentados.

Segundo Jambon, "a ameaça de terror na Bélgica não terminará" até que Salah Abdeslam seja encontrado.

"Mas ameaça que enfrentamos é maior do que aquela representada por um único suspeito de terrorismo", disse ele ao canal de TV VRT.

Não ficou claro se Jambon se referia àqueles envolvidos nos ataques de Paris, ou a outros extremistas que estariam possivelmente planejando um ataque à Bélgica.

Ruas desertas

O dia amanheceu silencioso nas ruas da capital do país. No sábado à noite, o centro da cidade estava praticamente vazio, com bares e restaurantes fechando as portas mais cedo do que o previsto.

A embaixada dos Estados Unidos em Bruxelas recomendou a americanos vivendo no país que permanecessem dentro de casa, enquanto o Comando Europeu dos EUA emitiu uma restrição de 72 horas a viagens com destino à cidade.

Até agora, três pessoas foram acusadas formalmente por autoridades belgas de envolvimento nos ataques de Paris, cuja autoria foi assumida pelo grupo autodenominado 'Estado Islâmico'.

Segundo a imprensa francesa, nove extremistas islâmicos estariam por trás dos atentados, realizados na sexta-feira, 13. Sete deles morreram no mesmo dia.

Um dos homens que levou Salah Abdeslam de volta à Bélgica afirmou à sua advogada que ele estava vestido com uma "grande jaqueta" e que possivelmente carregava um cinto de explosivos amarrado à cintura.

Em entrevista à rede de TV americana ABC News, amigos de Abdeslam disseram ele estaria escondido em Bruxelas e tentando desesperadamente viajar à Síria.

Eles acrescentaram que, além de ser o alvo número 1 da caçada policial na Europa, Abdeslam estaria sendo monitorado por integrantes do 'EI' descontentes com o fato de que ele não se explodiu durante os ataques a Paris.

'Mortos no camarim'

Vocalista da banda de rock americana Eagles of Death Metal, que se apresentava em casa de shows em Paris no momento dos ataques, disse que fãs foram mortos no camarim
Vocalista da banda de rock americana Eagles of Death Metal, que se apresentava em casa de shows em Paris no momento dos ataques, disse que fãs foram mortos no camarim
Foto: Divulgação/BBC Brasil / BBC News Brasil

No sábado, integrantes da banda de rock americana Eagles of Death Metal, que se apresentava na casa de shows Le Bataclan no momento dos ataques, deram a primeira entrevista após o massacre.

O vocalista Jesse Hugues afirmou que os fãs que haviam se escondido no camarim da banda foram encontrados pelos atiradores e mortos à queima roupa, exceto um deles, que se escondeu debaixo da jaqueta de couro de Hugues.

Visivelmente emocionado, Hugues afirmou que "a principal razão pela qual muitos foram mortos foi porque muitas pessoas não queriam deixar seus amigos para trás. Muitas pessoas se colocaram como escudos para outras".

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