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Polícia faz busca na casa da presidente do Peru em operação sobre relógio Rolex suspeito

Boluarte é suspeita de ocultar os relógios desde que foi eleita na chapa de Pedro Castillo, em 2021

30 mar 2024 - 13h11
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Policiais no palácio do governo peruano
Policiais no palácio do governo peruano
Foto: Sebastian Castaneda

A polícia do Peru cumpriu na madrugada deste sábado, 30, uma operação de busca e apreensão na casa da presidente Dina Boluarte. A investigação, autorizada pelo Ministério Público, apura a origem de um relógio de luxo rolex da presidente, que assumiu o cargo em 2022, após o autogolpe fracassado de Pedro Castillo.

Boluarte é suspeita de ocultar os relógios desde que foi eleita na chapa de Castillo, em 2021. No começo da semana, ela pediu para o procurador-geral Juan Villena para adiar em duas semanas uma audiência sobre o caso.

O MP local reagiu dizendo que ela era obrigada a cooperar com a investigação e alertou a presidente que ela seria investigada caso se desfizesse dos relógios.

Crise política sem fim

O Peru vive uma crise política desde 2018, quando, na esteira das investigações da operação Lava Jato no país, o presidente Pedro Pablo Kuczynski renunciou ao cargo. O envolvimento de empreiteiras brasileiras com contratos sob suspeita no país levou a investigações contra todos os presidentes desde o ano 2000. Três foram presos ( Alejandro Toledo, Ollanta Humala e o próprio Kuczynski), e um cometeu suicídio durante uma operação policial (Alan Garcia).

Nos anos seguintes o Peru viveu uma instabilidade política similar à dos anos 80. O sucessor de Kuczynski, Martin Vizacarra, renunciou em 2020 e foi sucedido pro Manuel Merino, que durou poucos meses no cargo e foi substituído por Francisco Sagasti em novembro do mesmo ano.

A eleição de 2021, que deveria trazer alguma estabilidade, elegeu o esquerdista Pedro Castillo. Ele durou pouco mais de um ano no cargo, e renunciou depois de tentar dissolver o Parlamento em um golpe de Estado fracassado, levando Boluarte ao poder.

Protestos e baixa popularidade

Boluarte, uma advogada de 61 anos, tenta se manter no cargo desde então apesar da baixa popularidade e falta de apoio político. Pelo menos 49 pessoas foram mortas nos protestos que se seguiram a sua posse.

Críticos acusam o governo de Boluarte de assumir uma postura cada vez mais autoritária ao evitar demandas por eleições antecipadas e trabalhar com membros do congresso em leis que ameaçam minar a independência do sistema judiciário do Peru.

Cerco a procuradores da Lava Jato

Na sexta-feira, o MP local também abriu uma investigação contra os promotores Rafael Vela e José Domingo Pérez, os principais membros da equipe da Lava Jato peruana, além do jornalista investigativo Gustavo Gorriti.

A decisão do promotor Alcides Chinchay foi tomada após Jaime Villanueva, ex-assessor da procuradora-geral Patricia Benavides - que foi afastada do cargo -, acusar os dois promotores de passar ao jornalista informações confidenciais sobre os casos em troca de apoio da mídia.

O promotor estabeleceu um prazo de oito meses para os procedimentos preliminares, que incluirão os depoimentos das pessoas investigadas e de Villanueva. O MP garantiu que "os investigados estão protegidos pelo direito constitucional de presunção de inocência", mas afirmou que "ninguém tem o direito de não ser investigado".

Em 27 de fevereiro, o partido fujimorista Força Popular denunciou Vela, Pérez e o promotor Pablo Sánchez à Junta Nacional de Justiça (JNJ) por crimes de abuso de autoridade, omissão de funções e tráfico de influência.

O fujimorismo solicitou à JNJ, o mais alto órgão judicial do Peru, a "suspensão preventiva" dos promotores e a "remoção imediata" de Vela e de Pérez do julgamento de sua líder, Keiko Fujimori, para quem os promotores pediram 30 anos de prisão por lavagem de dinheiro. *Com informações da AP e AFP

Estadão
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