Pela 1ª vez, Papa não participa de Paixão do Senhor, mas critica 'economia que descarta' em mensagem
Com Papa ausente, quem marcou presença no evento foi o vice de Trump, que recentemente teve desacordos com o pontífice
Papa Francisco não participou pela primeira vez da Paixão do Senhor devido à saúde, mas criticou, em mensagem, uma economia desumana que descarta pessoas e prioriza números e algoritmos.
Ainda recluso na maior parte do tempo após ficar internado por quase 40 dias devido a uma pneumonia, o Papa Francisco não participou da Paixão do Senhor na Basílica de São Pedro nesta sexta-feira, 18. Essa foi a primeira vez que ele esteve ausente do evento desde o início de seu pontificado.
O evento marca uma das datas mais importantes do calendário cristão, pois simboliza a crucificação e a morte de Jesus Cristo. Ele ocorre sempre na sexta-feira anterior à Páscoa, conhecida como Sexta-Feira Santa.
Esta é a primeira vez desde o início de seu pontificado, em 2013, que o Papa não conduzirá as celebrações da Semana Santa -- o período mais sagrado do catolicismo. Quem conduziu a cerimônia foi o cardeal Claudio Gugerotti, prefeito do Dicastério para as Igrejas Orientais. No entanto, havia expectativa de que o pontífice fizesse pelo menos uma breve aparição.
Receba as principais notícias direto no WhatsApp! Inscreva-se no canal do Terra
Entre os presentes ao evento desta sexta-feira estava o vice-presidente dos Estados Unidos, JD Vance, um católico que já havia entrado em conflito com o papa Francisco devido a divergências sobre as políticas de imigração do governo Trump.
Vance, que está visitando a Itália com a família durante o fim de semana da Páscoa, foi visto chegando ao evento acompanhado da esposa, Usha, e dos três filhos pequenos. Registros feitos pela Reuters mostram ele na celebração católica.
Em mensagem, Papa criticou ‘economia que mata’
Apesar de também não participar presencialmente das meditações da Via-Sacra desta Sexta-Feira Santa, realizadas no Coliseu de Roma, o Papa Francisco escreveu uma mensagem em que condenou uma economia que "descarta" e trata as pessoas com a "lógica fria" de números e algoritmos.
O pontífice de 88 anos disse ainda que Jesus está presente em todos aqueles que são "expostos a julgamentos e preconceitos".
Ainda na mensagem compartilhada na cerimônia, que foi conduzida pelo vigário geral da Diocese de Roma, o cardeal Baldo Reina, o Papa afirmou que "é desumana a economia em que 99 valem mais do que um. E apesar disso, construímos um mundo que funciona assim: um mundo de cálculos e algoritmos, de lógicas frias e interesses implacáveis".
O líder da Igreja Católica escreveu também que "a economia de Deus, pelo contrário, não mata, nem descarta, nem esmaga. É humilde, fiel à terra", destacando que "o caminho da cruz está marcado a fundo na terra". "Os grandes afastam-se dele, gostariam de tocar o céu. Em vez disso, o céu está aqui, abaixado, encontramo-lo mesmo caindo, permanecendo no chão", escreveu.
Na mensagem, o Papa ainda destacou que "este mundo despedaçado" precisa de "lágrimas sinceras" e que Jesus "continua, silenciosamente, diante de nós: em cada irmã e irmão expostos a julgamentos e preconceitos". "Senhor Jesus, que pareceis dormir no mundo tempestuoso, levai-nos a todos para a paz do sábado", acrescentou.