Paris e Roma cobram 'equilíbrio' no acordo UE-Mercosul para proteger agricultores europeus
A França e a Itália estão pedindo um "melhor equilíbrio" no acordo União Europeia-Mercosul para proteger os agricultores europeus, incluindo a adoção de "cláusulas dedicadas", anunciaram em um comunicado de imprensa conjunto emitido neste sábado (21). Os países alegam que o acordo, no formato atual, não protege suficientemente os agricultores europeus "contra os riscos de perturbação do mercado e não garante a soberania alimentar do continente a longo prazo".
Nos últimos meses, a França intensificou suas iniciativas na Europa para tentar bloquear a adoção do acordo comercial entre a União Europeia e os países do Mercosul (Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai), que despertou forte oposição da comunidade agrícola francesa. O texto permitiria que a UE exportasse mais carros, máquinas e bebidas alcoólicas. Em troca, facilitaria a entrada de carne, açúcar, arroz, mel e soja da América do Sul. Benjamin Haddad, ministro Delegado da França para a Europa, reuniu-se com o ministro italiano, Tommaso Foti, em Roma nesta semana, para "discutir possíveis maneiras de melhorar o acordo do Mercosul", de acordo com o comunicado de imprensa conjunto. "Os ministros Haddad e Foti compartilham a necessidade de proteger melhor nossos agricultores e nossas regras sanitárias, inclusive por meio da adoção de cláusulas dedicadas", explica o texto. "Mesmo que contenha benefícios, o acordo UE-Mercosul não protege suficientemente os agricultores europeus contra os riscos de perturbação do mercado e não garante a soberania alimentar do continente a longo prazo", acrescenta. Em 6 de junho, durante uma visita do presidente brasileiro à França, o presidente francês Emmanuel Macron garantiu que estava pronto para assinar um acordo com o Mercosul até o final de 2025, embora sujeito a condições. Lula havia insistido na necessidade de tal acordo, apesar da oposição do setor agrícola europeu. Leia tambémLula prega aumento do fluxo comercial com a França e compara acordo UE-Mercosul à vitória do PSG (Com AFP)