Turquia diz ser "inaceitável" que EUA deem armas para guerrilha curda síria
O vice-primeiro ministro da Turquia, Nurettin Canikli, classificou nesta quarta-feira como "inaceitável" o plano dos Estados Unidos de entregar armamento pesado para a guerrilha curda da Síria, as Unidades de Defesa Popular (YPG), com o objetivo de intensificar a luta contra o Estado Islâmico.
"Se os Estados Unidos entregarem armas ao grupo YPG, espero que eles pelo menos assumam ser uma organização terrorista, não se pode mudar a realidade, isso não podemos aceitar", disse Canikli em uma entrevista na televisão turca "A Haber".
A Turquia considera o YPG um grupo terrorista por seus vínculos com o Partido de Trabalhadores do Curdistão (PKK), a guerrilha curda presente no país.
A Casa Branca anunciou ontem que o presidente americano, Donald Trump, tinha autorizado "fornecer aos soldados curdos das Forças de Síria Democrática (FSD) o que fosse necessário para assegurar uma clara vitória em Raqqa", a 'capital' do Estado Islâmico na Síria.
A YPG, força dominante no conglomerado do FSD, não figura na lista de organizações terroristas dos EUA, na qual está o PKK.
"Através da YPG, os Estados Unidos dão todo tipo de apoio à organização terrorista PKK. Nós não podemos aceitar a presença de organizações terroristas que ameaçam o futuro do Estado da Turquia", insistiu Canikli.
"Esperamos que os dirigentes americanos deixem de cometer esse erro. Uma política assim não é benéfica para ninguém", disse o político turco.
"Estamos realizando todas as intervenções diplomáticas necessárias e continuaremos realizando", reforçou Canikli.
Nos meses passados, o Governo turco tinha oferecido reiteradamente a Washington pôr suas própias tropas, que desde agosto controlam um importante território no noroeste de Síria, a serviço da ofensiva contra Raqqa.
Mas a distância entre estas tropas e a 'capital' do EI supera os 150 quilômetros, e uma intervenção desde a fronteira turca, a apenas 80 quilômetros, teria que atravessar território sob controle do YPG, que está localizado praticamente ao lado de Raqqa.EFE