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Oriente Médio

Sobe para 44 o número de mortos nas explosões de Damasco

23 dez 2011 - 20h03
(atualizado às 20h12)
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Dois atentados suicidas contra os serviços de segurança deixaram nesta sexta-feira 44 mortos e 166 feridos em Damasco, coincidindo com a chegada de uma missão da Liga Árabe para buscar uma saída para a crise após nove meses de protestos contra o regime de Bashar al-Assad.

O ministério do Interior informou que os ataques mataram 44 pessoas e fizeram 166 feridos, e destacou que ambos têm a assinatura da rede terrorista "Al-Qaeda".

"No primeiro dia da presença dos observadores árabes, este é o primeiro presente do terrorismo e da Al-Qaeda, mas vamos facilitar ao máximo a missão da Liga Árabe", acrescentou o vice-ministro sírio das Relações Exteriores, Faysal Meqdad, no local de um dos ataques.

Os atentados ocorreram com poucos minutos de intervalo, no bairro de Kfar Suseh, contra o complexo da Segurança do Estado e diante de um prédio dos serviços de Segurança Militar.

A TV estatal mostrou imagens chocantes de corpos calcinados ou mutilados, em meio aos escombros dos prédios.

Testemunhas disseram que as bombas explodiram após um automóvel forçar sua entrada no complexo de Segurança do Estado, e que outro veículo explodiu diante do prédio dos serviços de segurança, na mesma zona.

De acordo com Meqdad, "o terrorismo quis que o primeiro dia dos observadores em Damasco fosse trágico, mas o povo sírio enfrentará a máquina de matar apoiada por europeus, americanos e certos árabes".

A delegação árabe se propõe a buscar uma solução para a crise que ameaça o regime de Bashar al-Assad, após nove meses protestos violentamente reprimidos com um saldo de milhares de mortos.

A televisão pública havia informado anteriormente que "vários soldados e um número elevado de civis morreram nos dois ataques cometidos por suicidas com carros repletos de explosivos contra bases da Segurança do Estado e outros escritórios dos serviços de segurança".

"As primeiras investigações apontam para a responsabilidade da Al-Qaeda", prosseguiu o relatório.

Mas o Conselho Nacional Sírio (CNS), principal movimento da oposição, atribuiu ao regime a "responsabilidade direta" pelos atentados.

"O regime sírio, sozinho, tem toda responsabilidade direta nas duas explosões terroristas". O regime "quis dirigir uma mensagem de advertência aos observadores (da Liga Árabe) para que não se aproximem dos centros de segurança".

O governo busca com estes atentados dar a impressão "ao mundo de que enfrenta uma ameaça externa e não uma revolução popular que pede liberdade e dignidade", acrescentou o CNS.

O secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, se declarou "seriamente preocupado com a escalada da violência na Síria", e destacou que é responsabilidade do presidente Bashar al-Assad implementar totalmente o plano de paz da Liga Árabe.

"As explosões de hoje em Damasco, que causaram mais mortos e feridos, incrementaram sua crescente preocupação. Ban enfatiza que toda violência é inaceitável e deve parar imediatamente", disse o porta-voz Martin Nesirky.

Estes atentados são os primeiros de magnitude semelhante desde a década de 1980, quando o então presidente Hazed el-Assad, pai do atual presidente, enfrentou um levante armado da Irmandade Muçulmana, grupo proibido desde então.

Os ataques deixaram em segundo plano os chamados formulados por ativistas pró-democracia para um protesto contra a missão de observadores, por temerem que a visita desencadeie uma reação ainda mais dura por parte do governo contra os manifestantes.

O ministro sírio das Relações Exteriores, Walid Muallem, expressou sua confiança de que os observadores apoiarão a postura do Governo, que atribui os protestos à ação de "terroristas".

Líderes opositores afirmaram que a decisão do governo sírio de aceitar a missão da Liga Árabe após várias semanas de indecisão era uma mera "manobra" para evitar que a Liga apele ao Conselho de Segurança da ONU.

"Pedimos à Liga Árabe que leve este caso ao Conselho de Segurança da ONU", disse Omar Edelbi, porta-voz dos Comitês de Coordenação Local, responsável pelas manifestações.

O primeiro grupo da missão observadora é composto por cerca de uma dezenas de agentes de segurança e funcionários dos setores legal e administrativo da secretaria da Liga Árabe.

O líder da missão é o veterano chefe de inteligência militar sudanês Muamad Amed Mustafá al Dabi, que já adiantou que nos próximos dias o número de observadores pode chegar a 150 ou 200.

Sua tarefa será verificar o "fim da violência de todas as partes e assegurar a libertação dos detidos relacionados à atual crise", de acordo com o texto do protocolo assinado.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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